Quem ouviu o brado retumbante?
em 01 de Janeiro de 2022
Eu me lembro como se fosse hoje!
Era dia de prova de Língua Portuguesa. O conteúdo era sobre conjunções coordenativas e subordinativas. Entre as subordinativas, as menos complicadas eram as adverbiais, pois a professora tinha ensinado um monte de macetes que ajudavam a diferenciá-las, facilitando a classificação.
Um dos mais repetidos macetes era sobre a conjunção “embora”. Tínhamos passado aulas e aulas repetindo: “embora” é conjunção subordinativa adverbial concessiva.
Eu estava com esse mantra bem fixado na cabeça quando, no meio da prova, deparei-me com a seguinte questão:
"Identifique e classifique a conjunção presente na sentença 'Vou embora porque parece que vai chover'".
Essa história é real. Porém, eu não vou contar o final. Fica por conta da sua imaginação.
No entanto, se você não entendeu o que aconteceu, deixo aqui um alerta: você precisa estudar mais sobre conjunções e advérbios.
O problema envolvido na questão da prova é que a palavra “embora” pode ser tanto uma conjunção como um advérbio. Na sentença “Vou embora porque parece que vai chover”, o termo “embora” é um advérbio, caracterizando o verbo “ir” (vou).
Note que, na questão em análise, “embora” não funciona como um conectivo entre orações dependentes, que é o papel das conjunções subordinativas. Um exemplo em que “embora” funcionaria como conjunção seria em “Vou sair, embora pareça que vai chover”.
Então, fica a dica:
- quando “embora” acompanha e caracteriza o verbo (especialmente o verbo “ir”), temos um advérbio;
- quando “embora” conecta duas orações, caracterizando relação de contraste lógico entre ideias, temos uma conjunção.
Espero que agora você consiga perceber a pegadinha da minha professora na prova que iniciou este texto. Naquela questão, a conjunção é “porque”, classificada como coordenativa explicativa... ou seria subordinativa causal?