Escolhas Lexicais

A expressão “escolha lexical” é utilizada, geralmente, em ambientes acadêmicos e mais especificamente em áreas que envolvem linguagens.  Pouco conhecida e utilizada pelo senso comum, mas de uma enorme importância nas relações comunicacionais.

Constantemente realizamos escolhas, desde as mais complexas às triviais e, processos de escolhas também envolvem um universo vocabular.

Todo ser humano traz em si um conjunto lexical que se constrói, desconstrói e ressignifica com o tempo e sob influências diversas. 

Assim, a constituição de um agrupamento de palavras é um processo contínuo de uma mistura de heranças, marcas culturais e linguísticas que se somam a uma seleção de linguagens verbais e não verbais por meio de modalizações.

O vocabulário dos  indivíduos se constrói  tanto por apropriações voluntárias, gradativas e progressivas quanto por influências  culturais que nem sempre escolhemos, mas que somos submetidos desde à infância. Existem  imposições modalizadoras  diversas, que ficam armazenadas e refletem em nossa linguagem, uma vez que a língua é fundamentalmente argumentativa.

Portanto, léxico remete à ideia de vocabulário, assim, estamos falando de escolha vocabular.  E o léxico pode ser reduzido ou ampliando. Mas, para que determinas ampliações do nosso universo semântico se potencialize, não basta aprender palavras novas de maneira aleatória, como por exemplo: práticas ultrapassadas como a de abrir um dicionário para aprender e memorizar palavras novas.

 O universo semântico dos indivíduos se constitui por apropriaçõse de palavras que fazem sentido quando inseridas em contextos discursivos.  Isto alinhado ao desenvolvimento de competências para organizar mentalmente as palavras selecionadas de forma a realizar encaixes harmônicos e fluidos. 

É importante pensar o quão pouco se reflete em torno da conexão entre as escolhas lexicais com as práticas letradas dos indivíduos.  

Afastemo-nos do clichê da fala “cheia de pompa”. O risco de emitir um discurso prolixo, impregnado de palavras e vazio de sentidos, é gigantesco.

É importante que os falantes da língua compreendam que a competência comunicativa não se dá pelo "falar bonito", ao contrário, o ato da escolha lexical implica, em consciência sociodiscursiva, é isto sim é beleza comunicacional.  Um entendimento de que existem palavras que carregam discursos excludentes ( racismo, machismo, homofobia, xenofobia) em função do peso  sócio-histórico que carregam em sua constituição semântica.

As escolhas lexicais marcam e individualizam os discursos dos indivíduos. Revelam muito além do que se quer dizer, mas sobre o que os falantes pensam e são.