Quando se fala da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial automaticamente somos levados ao contexto envolvendo a criação da Força Expedicionária brasileira (F.E.B) e às suas atividades no fronte italiano da guerra contra os Nazistas. Mas há um contingente de soldados brasileiros que sempre são esquecidos quando se fala dos pracinhas brasileiros da Segunda Guerra: Os Soldados da Borracha.
Antes de falar específicamente dos chamados Soldados da Borracha, é importante apresentar o contexto no qual estão inseridos.
Após a assinatura dos Acordos de Washington - uma série de acordos assinados entre Brasil e Estados Unidos da América, onde os EUA garantiram um emprestimo de US$ 100 milhões ao Brasil objetivando a implantação da Companhia Siderúrgica Nacional e da Companhia do Vale do Rio Doce, bem como o fornecimento de material bélico para a Guerra. Em contrapartida, o Brasil se comprometeu a vender certos materiais exclusivamente aos Estados Unidos, como minérios importantes para a indústria bélica e também o fornecimento de borracha para os esforços de guerra.
Com uma falta de pessoal nos seringais da Amazônia para a extração do latéx, a solução encontrada foi um recrutamento em massa por parte do Exército para suprir essa necessidade. Então, o Exército Brasileiro passou a recrutar jovens em idade militar, sobretudo no Nordeste brasileiro. Durante o recrutamento, o Exército brasileiro prometeu aos novos Soldados que, ao fim da guerra, eles retornariam para as suas terras de origem além de outras compensações de origem financeira.
O que ocorreu na verdade foi o inverso. Com o fim da guerra e o fim da demanda da borracha, os Soldados da Borracha foram abandonados à própria sorte no meio dos seringais, envolvidos em conflitos com os seringueiros locais por causa de dívidas e sem dinheiro para voltar à suas regiões de origem. Além disso, muitos deles não foram reconhecidos como combatentes e não receberam as pensões como os demais combatentes que foram para o front italiano, por exemplo. Esse reconhecimento só veio em 1988, quando finalmente suas famílias conseguiram receber suas pensões.
Além do abandono em uma região desconhecida e cheia de dificuldades, os soldados da borracha também foram abandonados pela História e cairam no esquecimento.