como posso exemplificar em uma organização atual a teoria crítica da gestão (Critical management studies)
Olá, José Ricardo!
Vi que já faz 2 meses que você publicou essa pergunta e não obteve respostas (pelo menos é o que mostra aqui no portal).
Realmente este assunto (CMS) é ainda pouco explorado, mas há fortes indícios nas empresas que levam à uma discreta aplicação do conceito. Por exemplo, o fato de algumas empresas demonstrarem formas não monetárias/capitalistas de demonstrarem sucesso, ou seja, para estas empresas, inclusão, sustentabilidade e senso de responsabilidade coletiva (até mesmo com a comunidade no entorno das instalações) é o que realmente conta, e os lucros vêm por consequência de uma aceitação social promovida desta forma. Empresas que buscam combater o elitismo e o racismo, desigualdade social, etc, são empresas já associadas - mesmo que não tenham ciência exata do CMS - à esse estudo.
Espero ter elucidado um pouco a questão.
Abraço,
Wagner Rossetti
Oi,
(Critical Management Studies) questiona e desafia as práticas de gestão atuais, buscando alternativas mais justas e sustentáveis para a organização do trabalho e da produção.
Uma forma de exemplificar essa teoria em uma organização atual é através de um processo de análise crítica das práticas de gestão e das relações de poder existentes na empresa. Isso pode envolver a realização de pesquisas e estudos sobre temas como diversidade e inclusão, hierarquia e autoridade, cultura organizacional, responsabilidade social e ambiental, entre outros.
A Teoria Crítica da Gestão (CMS) pode ser exemplificada em uma organização por meio da adoção de práticas que desafiem e questionem as normas tradicionais de gestão. Isso inclui a melhoria de uma estrutura organizacional horizontal que diminui as posições e promove a colaboração e a autonomia dos funcionários. Além disso, a organização pode adotar políticas de diversidade e inclusão de forma sincera, indo além do cumprimento mínimo das leis para realmente integrar diversas perspectivas e talentos. A responsabilidade social e ambiental também é central, com a empresa adotando práticas sustentáveis ??e investindo em projetos comunitários. A revisão crítica contínua das práticas de gestão, baseada no feedback dos funcionários e na análise de resultados, promove uma cultura de adaptação e melhoria constante. A transparência nas decisões e no desempenho é mantida, garantindo que todos os stakeholders tenham acesso às informações relevantes. A organização também oferece apoio ao bem-estar emocional dos colaboradores, apoiando a importância do trabalho emocional. Finalmente, promove uma reflexão crítica constante sobre estratégias e processos, incentivando um ambiente de trabalho mais ético.
A Teoria Crítica da Gestão (Critical Management Studies - CMS) propõe uma abordagem alternativa às práticas e teorias tradicionais da administração, questionando as estruturas de poder, hierarquias e desigualdades presentes nas organizações. Em vez de simplesmente aceitar as práticas de gestão como naturais ou eficientes, a teoria crítica busca desafiá-las e entender como elas impactam os indivíduos, grupos e a sociedade como um todo. Ela é influenciada por escolas de pensamento como o marxismo, o feminismo e a teoria pós-colonial, e está comprometida com a promoção de justiça social e a melhoria das condições de trabalho.
Em uma organização, um exemplo prático de CMS seria uma análise crítica das estruturas hierárquicas tradicionais. Imagine uma empresa que adota uma estrutura de gestão centralizada, onde as decisões são tomadas por um pequeno grupo de executivos e pouco espaço é dado para a participação dos empregados de níveis mais baixos. A Teoria Crítica questionaria essa estrutura, destacando como ela pode criar desigualdades de poder, dificultando a voz dos trabalhadores e centralizando o poder em mãos de poucos. Um exemplo de ação seria a implementação de gestão participativa ou modelos horizontais, onde todos os níveis de funcionários têm mais poder de decisão e influência nas políticas organizacionais.
A CMS também analisaria criticamente como as organizações tratam os empregados. Por exemplo, muitas empresas se concentram no aumento da produtividade e lucro, mas negligenciam os impactos disso sobre os trabalhadores, como longas jornadas, salários baixos ou condições de trabalho inadequadas. A Teoria Crítica questionaria esses aspectos, e um exemplo seria a adopção de políticas de bem-estar organizacional, em que a empresa se preocupa ativamente com a qualidade de vida dos funcionários, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e a inclusão de práticas que promovem um ambiente mais justo.
A cultura organizacional também pode ser analisada sob a ótica da Teoria Crítica. Em muitas organizações, a cultura é moldada para refletir ideologias de competitividade extrema, individualismo e ênfase em lucros a qualquer custo. A CMS desafiaria essas normas, sugerindo alternativas mais colaborativas e inclusivas. Por exemplo, uma empresa pode ter uma cultura que enfatiza a competição interna, onde os funcionários são constantemente avaliados e comparados uns aos outros. A Teoria Crítica sugeriria, em contraste, uma cultura organizacional de colaboração, em que as recompensas são baseadas no trabalho em equipe e no sucesso coletivo, promovendo um ambiente mais equitativo e solidário.
Outro ponto importante da Teoria Crítica da Gestão é a análise das questões de gênero, raça, classe e outros fatores sociais dentro das organizações. Por exemplo, em uma empresa com uma forte predominância de líderes do sexo masculino e de uma única etnia, a Teoria Crítica analisaria como essa falta de diversidade pode perpetuar práticas discriminatórias ou uma cultura de exclusão. A ação prática seria a implementação de políticas de diversidade e inclusão, com o objetivo de garantir que todas as vozes e perspectivas sejam representadas e respeitadas nas decisões organizacionais.
A CMS também implica questionar o impacto das atividades da organização na sociedade. Por exemplo, muitas empresas adotam práticas que priorizam os lucros em detrimento das consequências ambientais ou sociais. A Teoria Crítica incentivaria as empresas a pensar além do lucro imediato e a considerar o impacto ambiental e as responsabilidades sociais, sugerindo uma gestão que valorize práticas empresariais mais sustentáveis e éticas, como a responsabilidade social corporativa (RSC).
A CMS também critica o que vê como uma gestão excessivamente controladora. Em muitas empresas, os gestores impõem rigorosos controles e métricas de desempenho que podem reduzir a autonomia dos funcionários e sua criatividade. A Teoria Crítica sugeriria um modelo de gestão mais autônomo e flexível, onde os trabalhadores têm mais liberdade para tomar decisões e são incentivados a buscar soluções criativas para os problemas organizacionais.
A Teoria Crítica da Gestão é uma abordagem que busca transformar a gestão tradicional, visando criar ambientes mais justos, equitativos e colaborativos. Na prática, ela se manifesta em ações como a promoção de gestão participativa, a criação de ambientes de trabalho mais inclusivos, a análise crítica das estruturas de poder, e a busca por práticas empresariais mais responsáveis e sustentáveis. As organizações que adotam essas ideias buscam não apenas o lucro, mas também o bem-estar de seus funcionários e o impacto positivo na sociedade.