Na contabilidade governamental, a depreciação de bens imóveis deve ser conduzida de acordo com as normas e diretrizes específicas estabelecidas para o setor público. No caso descrito, onde um município comprou um imobilizado em 2010 mas definiu os parâmetros de depreciação apenas em 2023, é importante seguir os princípios contábeis relevantes.
De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC TSP), mais especificamente a NBC TSP 07 – Depreciação, Amortização e Exaustão, a entidade pública deve reconhecer a depreciação de seus bens a partir do momento em que eles estão disponíveis para uso, ou seja, quando estão em condições de funcionar na maneira pretendida pela sua administração.
Porém, se o município não definiu nem aplicou a vida útil, valor residual e taxa de depreciação até 2023, isso pode representar uma omissão de um julgamento contábil necessário. A contabilidade pública também deve convalescer retrospectivamente (NBC TSP 23 – Política Contábil, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro) para melhor refletir a realidade econômica dos ativos.
Passos recomendados: 1. Identificação do Erro: Primeiro, é preciso identificar e reconhecer que não houve depreciação correta desde 2010 até 2023. 2. Define as Taxas: Determinar a vida útil, valor residual e a taxa de depreciação correta a ser empregada desde 2010 conforme o regulamento de 2023. 3. Cálculo Retrospectivo: Calcular a depreciação acumulada que deveria ter sido reconhecida desde 2010. 4. Ajuste Contábil: Registrar um ajuste retrospectivo aos balanços anteriores para refletir a depreciação que teria sido reconhecida ao longo dos anos.
Note que: - Deve-se realizar ajustes nas demonstrações contábeis abrindo as contas para demonstrar os ajustes retroativos na Depreciação Acumulada e Corretiva. - A aplicação retrospectiva é crucial para fornecer uma representação fiel da situação econômica do município.
Portanto, sim, o município deve aplicar a depreciação de forma retrospectiva para assegurar que as demonstrações financeiras refletem adequadamente o desgaste do imobilizado desde a data de sua aquisição. Para proceder corretamente, é aconselhável consultar um contador público ou profissional especializado em contabilidade governamental para conduzir a regularização desta situação.