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A análise das características da organização do trabalho na sociedade tradicional envolve um entendimento histórico e sociológico das transformações que ocorreram ao longo do tempo nas relações produtivas. A opção c) destaca a execução das etapas de fabricação do produto por um único trabalhador, que está intimamente ligado ao conceito de artesanato e produção local. Vamos aprofundar essa análise.

Contexto Histórico e Sociológico

Na sociedade tradicional, a produção era predominantemente artesanal e localizada, com forte ligação entre o trabalhador e o produto final. O trabalhador conhecia todo o processo, desde a escolha da matéria-prima até a comercialização. Essa organização do trabalho se caracteriza por:

1. Produção Artesanal:

   • Cada trabalhador, ou artesão, tinha um domínio completo sobre sua produção, o que lhe permitia fazer ajustes e inovações ao longo do processo.
   • Essa abordagem resultava em produtos personalizados e de alta qualidade, uma vez que cada item era feito com cuidado e atenção aos detalhes.

2. Economia Local:

   • A produção geralmente ocorria em pequena escala e era destinada ao consumo local. Isso promovia uma relação direta entre produtores e consumidores, fortalecendo laços comunitários.
   • Os ciclos econômicos eram menos dependentes de mercados globais, permitindo um controle maior sobre os preços e a qualidade dos produtos.

3. Participação no Processo Produtivo:

   • O trabalhador estava envolvido em todas as etapas, o que proporcionava um senso de propriedade e responsabilidade sobre o produto final. Isso fomentava um orgulho pelo trabalho realizado.
   • Além disso, essa estrutura permitia uma maior flexibilidade na produção, já que os trabalhadores podiam adaptar seus métodos conforme as necessidades do mercado local.

Comparação com a Sociedade Industrial

Em contrapartida, a sociedade industrial, que emergiu a partir do século XVIII, introduziu uma divisão do trabalho mais acentuada, onde as funções foram fragmentadas e especializadas:

1. Divisão do Trabalho:

   • A implementação da linha de montagem e a especialização do trabalho resultaram na repetição de tarefas simples, onde os trabalhadores não tinham uma visão holística do processo produtivo. Isso é exemplificado na opção d) da pergunta.
   • O conhecimento do processo global foi reduzido, pois cada trabalhador se concentrava em uma etapa específica, o que gerou eficiência, mas também desumanização do trabalho.

2. Aumento da Produtividade:

   • A especialização, embora tenha aumentado a produtividade e a capacidade de produção em massa, diminuiu o envolvimento emocional do trabalhador com o produto, levando a uma alienação.

3. Impactos Sociais:

   • A transição para a indústria também trouxe mudanças sociais significativas, incluindo o deslocamento de populações rurais para áreas urbanas em busca de trabalho nas fábricas.

Conclusão

A opção c), portanto, reflete uma era em que o trabalhador não apenas executava uma função, mas participava integralmente do processo produtivo, o que trazia benefícios como qualidade, personalização e conexão social. Esse modelo, embora limitado em termos de eficiência comparativa com a produção em massa, destacava a importância do ser humano no trabalho, enfatizando a necessidade de reavaliar o papel do trabalhador na sociedade contemporânea.

A compreensão dessas nuances é crucial para o curso de Administração, pois permite aos alunos refletirem sobre as implicações das mudanças na organização do trabalho e como essas transformações afetam as relações de trabalho, a produtividade e o bem-estar social. Além disso, propõe um questionamento sobre como os modelos tradicionais de produção e organização podem ser reinterpretados no contexto atual, onde a valorização do trabalhador e a busca por um trabalho mais significativo são cada vez mais relevantes.