A que nos referimos quando dizemos que Descartes concebeu uma ontologia dualista?

Quando falamos que Descartes concebeu uma ontologia dualista, estamos nos referindo à sua visão filosófica que separa a realidade em duas substâncias fundamentais: a mente (ou alma) e a matéria (ou corpo). Essa dualidade é central na filosofia cartesiana e é frequentemente chamada de "dualismo cartesiano".

1. Substância Pensante (Res Cogitans): Descartes identifica a mente como a substância pensante, que é imaterial, consciente e capaz de cogitar. Para ele, a mente é a sede da consciência, do pensamento, das emoções, e está relacionada à capacidade de dúvida e certeza. A famosa frase "Cogito, ergo sum" ("Penso, logo existo") ilustra essa ideia, afirmando que o ato de pensar é prova da existência do eu como uma entidade independente do corpo.

2. Substância Extensa (Res Extensa): Por outro lado, a matéria é vista como a substância extensa, que é composta por coisas que ocupam espaço e têm propriedades físicas. O corpo humano e todos os objetos do mundo material são considerados res extensa. Essa substância é regida pelas leis da física e da natureza, sendo passível de análise empírica.

O dualismo ontológico de Descartes levanta questões importantes sobre a relação entre mente e corpo, como o problema da interação mente-corpo (como duas substâncias aparentemente distintas podem interagir e afetar uma à outra?). Essa separação entre a res cogitans e a res extensa se tornou um ponto focal de debate na filosofia, influenciando correntes posteriores e desafiando filósofos a explorar as implicações dessa visão para a compreensão da consciência, identidade, e a natureza da realidade.