A afirmação de que "Hobbes universalizou o mecanismo de Descartes" pode ser considerada correta a partir de uma interpretação particular da obra de ambos os filósofos, mas é importante esclarecer o que isso significa.
René Descartes é conhecido por seu método de dúvida e por suas contribuições à metafísica e à epistemologia, incluindo a famosa declaração "Cogito, ergo sum" (Penso, logo existo). Ele propôs que o pensamento é a base da certeza e que a realidade pode ser compreendida a partir de uma análise racional.
Thomas Hobbes, por sua vez, é frequentemente associado ao materialismo e ao empirismo. Sua obra mais conhecida, "Leviatã", aborda a natureza humana, a sociedade e o estado, defendendo a ideia de um contrato social para garantir a paz e a segurança. Hobbes adota uma perspectiva mecanicista em sua compreensão da natureza humana e da sociedade, o que pode ser visto como uma extensão das ideias mecanicistas de Descartes, que via o mundo natural como uma máquina que poderia ser compreendida e explicada por meio da razão e da matemática.
Assim, a ideia de que Hobbes universalizou o mecanismo de Descartes poderia ser interpretada como uma referência ao fato de que Hobbes aplicou o mecanicismo cartesiano a áreas como a política e a sociologia, enfatizando que os comportamentos humanos e sociais poderiam ser compreendidos e moldados segundo princípios mecanicistas. Essa "universalização" se referiria, portanto, à aplicação do pensamento cartesiano em novas áreas de estudo e à tentativa de explicar a vida humana e a sociedade sob uma perspectiva que combina racionalismo, empirismo e mecanicismo.
Em síntese, a afirmação é correta se entendida no contexto em que Hobbes expande a ideia de mecanicismo para incluir aspectos sociais e políticos, mas é fundamental considerar as diferenças entre os objetivos e as abordagens filosóficas de cada um.