- Um carro descreve uma curva de 230m de raio.
a) Qual será o coeficiente de atrito entre os pneus e o asfalto, se a velocidade máxima com qual oxarro descrever a curva sem inclinação for de 47m / s
b) Se a pista for lisa mas inclinada, qual deverá ser o angulo de inclinação lateral da curva para que ele descreva a mesma com uma velocidade máxima de 90km / h
Para resolver esses problemas, vamos usar as leis da física que governam o movimento circular uniforme.
a) Para encontrar o coeficiente de atrito entre os pneus e o asfalto, podemos usar a equação para a força centrípeta:
Onde:
A força centrípeta é fornecida pela força de atrito estático entre os pneus e o asfalto:
Onde:
A força normal é igual ao peso do carro, , onde é a aceleração devido à gravidade.
Igualando as duas expressões para a força centrípeta, obtemos:
Cancelando de ambos os lados, temos:
Agora podemos resolver para :
Substituindo os valores conhecidos:
Portanto, o coeficiente de atrito entre os pneus e o asfalto é aproximadamente 0.98.
Observe que neste caso, a constatação de que o atrito faz o papel de força centrípeta deve ser intuitiva. Se nos movemos em linha reta, a força de atrito estará sempre na mesma direção do movimento, mas com sentido contrário, porque ela sempre o atrapalha, nunca o facilita. Quando uma objeto se move em círculos, a força centrífuga, que nada mais é do que uma abstração da lei de inércia, empurra o objeto para fora do círculo. Enquanto o objeto tende a se mover lateralmente para fora, a força de atrito atrapalhará esse movimento, puxando ele de volta para dentro.
Na prática, a força de atrito é uma interação genuína entre dois corpos e sua natureza é eletromagnética. Toda vez que dois objetos entram em contato, suas cargas opostas se atraem fortemente gerando essa sensação de "grude", mas que pode durar somente alguns milésimos de segundo. A força de atrito será tão maior quanto for a superfície de contato, de modo que mais cargas entram em contato e ficam mais próximas umas das outras.
Apesar de não ser uma força real, a força centrífuga descreve um efeito bastante prático no movimento circular uniforme. Como o movimento é dito uniforme, a velocidade não muda, apenas a direção. E a direção muda de forma constante, porque existe um equilíbrio dinâmico entre a força centrífuga e a força centrípeta. Em termos mais realistas, toda a tendência de "escapar" do círculo precisa ser anulada pela força centrípeta. A força centrífuga surge então como uma analogia ao movimento retilíneo, onde um objeto se move de maneira constante tanto em magnitude como em direção, porque é puxado para os lados por duas forças de mesma intensidade.
b) Agora, para determinar o ângulo de inclinação lateral da curva, podemos usar a mesma equação para a força centrípeta, considerando que a força peso é perpendicular à força centrípeta, e que a pista e a horizontal formam um triângulo retângulo semelhante ao triângulo formado pelas forças no diagrama de corpo livre do carro (tente visualizar isso girando as forças 90° no sentido anti-horário).
Portanto, podemos igualar as duas expressões para a força centrípeta:
Cancelando de ambos os lados, temos:
Agora, isolamos :
Primeiro, convertemos a velocidade para m/s:
90?km/h=90×1000/3600?m/s=25?m/s
Agora, substituímos:
Portanto, o ângulo de inclinação lateral da curva para que o carro descreva a mesma com uma velocidade máxima de 90?km/h é aproximadamente 15.50°.
Se você estiver em uma pista sobrelevada e quiser fazer a ultrapassagem de outro veículo pelo lado de fora da curva, basta apenas acelerar o veículo, sem girar o volante. Mas se você quiser aumentar a velocidade e permanecer no mesmo nível horizontal, basta que, simultaneamente, você aumente a velocidade do veículo e gire o volante do carro para dentro da curva. Agindo dessa maneira, o uso da força de atrito impedirá que o carro se dirija para fora da curva.
A fim de simplificar o que foi mencionado podemos fazer uma experiência bastante simples. Se pegarmos um funil e colocarmos uma bolinha de gude dentro e começarmos a fazer com que ela gire, perceberemos que ela descreverá uma curva horizontal. Agora se aumentarmos a velocidade da bolinha de gude veremos que ela tende a “subir” para a lateral do funil. Caso a velocidade da bolinha diminua, ela tende a “cair” para o centro do funil. Isso acontece porque, na equação que representa esse movimento, tanto a massa como a inclinação são constantes, de modo que qualquer variação na velocidade, isto é, aceleração, precisa ser compensada por uma variação no raio da curva descrita, de modo que o sistema retorne ao equilíbrio dinâmico.