Olá Maria.
Bom gosto o seu...
Creio que o autor fale:
- Na 1a parte: sobre a visão parcial e distorcida que temos dos fatos. Percepção limitada de ser humano, além do mais ofuscada por pontos de vista, experiências e valores particulares.
- Na 2a parte: a partir de "sem que viesses brusca, incitante" o aparecimento de um grande amor, que refresca e conforta a alma inquieta do artista. Uma visão romântica, que nos últimos versos contesta Vinícius de Moraes, "que seja eterno simplesmente" e não "eterno enquanto dure"...
Continue apreciando boa literatura e bons estudos !
Prof. Marcos Fattibene
Maria:
mais uma interpretação da professora Maestra Isabel:
Talvez
Pablo Neruda
Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,
E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...
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Cara Maria, irei compartilhar com você a minha interpretação pessoal desse poema.
"Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,"
Nessas primeiras linhas, o autor já direciona a fala para alguém ("sem que TU sejas").
Lendo o poema até final, dá pra concluir que esse "tu" não está escrito no sentido impessoal, mas sim, está dirigido a um suposto amor do eu-lírico, uma pessoa (vou supor que seja uma mulher sua amada). A teoria que o autor inicia nessas linhas é a de que "não ser" talvez seja viver com sua amada, porém sem que ela seja (e faça) tudo aquilo que o autor descreve nos próximos versos:
"sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,"
ou seja, sem que sua amada SEJA como ela É.
E então, o autor acrescenta:
"sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,"
querendo dizer que se sua amada não tivesse aparecido em sua vida, ele NÃO SERIA.
E então, o autor conclui:
"E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos..."
Nessas últimas linhas ele deixa claro que ele só É porque conheceu sua amada; porque ela apareceu em sua vida.
E desde então ele É, ela É e eles SÃO, no presente e no futuro.
Mas afinal o que o autor quer dizer com SER? Essa já é uma questão muito filosófica e pessoal do autor. Eu te pergunto, Maria: o que é SER para você?
Espero que tenha ajudado! Abraços!