A produção dos livros didáticos é sobretudo política. Há uma tendência de olhar para a realidade do processo histórico sob as lentes eurocêntricas, euro (europa) cêntrica (centro/centralização). Dependendo das lentes que você usa, é possivel enxergar algumas coisas e deixar de enxergar outras, tudo depende da abordagem do autor do livro. A teoria da história entende, num certo momento do campo científico, que todos somos sujeitos da história através das nossas práticas na vida social, interagindo através das convensões que estruturam as bases da nossa sociedade. Esta ideia de vislumbrar heróis na história é uma tendência eurocêntrica. Tudo depende da perspectiva, do foco, e daquilo que eu quero expor ou ocultar, ou seja, do modo como o discurso direciona a ideia do texto. Por isso, é importante questionar e tentar ver as coisas de uma perspectiva mais ampla, a fim de desenvolver a capacidade de compreender estes jogos políticos que evidenciam algumas coisas e desprivilegiam outras. Mas, o plano de fundo é que o indivíduo é um ser social, dependente das posições políticas, de gênero, de classe, etc. Ao mesmo tempo, somos produtores e reprodutores da realidade, através dos atos de fala e do nosso posicionamento diante dos acontecimentos.
Infelizmente, acredito que a academia esteja muito distante das escolas em termos de difusão e construção do conhecimento. Assim, muitos dos manuais didaticos ainda seguem uma tradição conteudista da História, demarcado grandes nomes, grandes eventos. Muito ja foi conquistado, ainda que falemos de grandes eventos, houve um esforço em introduzir o método histórico na grade e na propria aplicação da disciplina. Vemos hoje referencias nos livros que sequer cogitavamos a 15 anos, como Eric Hobsbawn, Carlo Ginzburg, Jacques LeGoff, etc...
Creio que o processo de introdução dos simples, dos esquecidos, dos que movimentaram a engranagem na história é um processo ainda em andamento.