Me ajudem por favoor

Oi Maria Luisa, tudo bem?

Houve uma pergunta a uns dias atrás que era a mesma que a sua. Assim, vou apenas copiar a resposta que dei na outra, ok? Mas se tiver alguma dúvida, pode entrar em contato :)

Então, vamos por partes. O anarquismo, assim como o socialismo científico e outros métodos de luta política organizada da classe trabalhadora, se insere em um contexto do século XIX onde a Segunda Revolução Industrial (que começa lá por volta de 1820), havia ampliado de forma sem precedentes o acúmulo de capital na mão de poucas pessoas (aristocratas que haviam investido nesse ramo industrial e grandes burgueses que eram donos dessas indústrias), ao mesmo tempo em que, para possibilitar esse acúmulo de capital, a exploração do trabalho do proletariado chegava em níveis muito altos de precarização. Por exemplo, era muito comum que o trabalho infantil chegasse a taxas bastante altas, que os trabalhadores no geral tivessem jornadas entre 10 e 14 horas, sem qualquer direito trabalhista e com salários minúsculos, que mal davam para comer, como Marx diz em um textinho de 1864.

E aqui estamos falando apenas a nível de Europa - não se esqueça que, conforme entramos nas últimas décadas do século XIX, a presença dos impérios europeus nas colônias se torna mais forte e, com isso, temos os grandes genocídios coloniais na Ásia (China, Índia, por exemplo) e África (Namíbia e Congo etc.).

De qualquer forma, a situação da classe trabalhadora europeia constituiu um chão fértil para o desenvolvimento do socialismo científico, utópico etc. e foi nesse meio, em que inclusive podemos contar com a adesão popular em massa à Revolução Francesa de 1789 como um dos legados do processo revolucionário, que surge o anarquismo. Inclusive, é importante falar da revolução aqui porque o termo "anarquismo" nesse contexto, tinha um sentido negativo. No entanto, já no início do século XIX, temos um pensador chamado Pierre-Joseph Proudhon que se apropria da palavra "anarquismo" e a relaciona à luta pela emancipação humana, mas, ao mesmo tempo, sem perder o significado grego da palavra, que é "sem poder". Aqui, por "poder" entenda o Estado, balcão de negócios da burguesia.

Assim, qual era o projeto político anárquico?

De forma mais ou menos genérica, os anarquistas acreditavam que as pessoas são socialmente (ou seja, através da vivência em sociedade) conduzidas à bondade, quer dizer, se dependesse apenas delas, e não de poderes externos, poderíamos ver sociedades livres de fato, e é isso que os anarquistas trazem: a necessidade de liberdade social. Mas por quem a liberdade é arruinada? Por classes, grupos sociais que querem impor o controle do homem sobre o homem, seja através do Estado ou de outras ferramentas que permitam fazer isso, mas, nesse caso, falamos sobre o Estado burguês especificamente. Então o anarquismo não disputa as políticas institucionais (parlamento, câmara de deputados, senado etc.) por entender que a ação direta, ou seja, conhecendo a sociedade burguesa e entendendo como sair dela para então agir, é possível pautar outras possibilidades de luta, de auto-organização popular e individual, mas a ação deve ser consciente de que a pessoa que age está numa unidade social, ou seja, a sociedade, a classe trabalhadora. E essa ação não deve apenas se dar apenas nas ruas e sindicatos, mas também em casa, no amor, na religião etc.

Eu coloquei de forma bem genérica, mas o anarquismo possui várias vertentes diferentes: o anarcocomunismo (Errico Malatesta e Buenaventura Durruti), o anarcossindicalismo (Mikhail Bakunin), o mutualismo (Pierre-Joseph Proudhon), o anarco individualismo (Max Stirner), dentre outras.