ola Rafael Abrão tudo bem com vç? pelo que voçe perguntou Na dualidade do homem do séc. XVII entre corpo e alma, conflitos de valorização da vida terrena e ao mesmo tempo proteção da alma para sua salvação divina por conta dos movimentos de Contra Reforma, sempre vi na literatura o Cultismo representando a face religiosa e o Conceptismo como uma linguagem da face racionalista e mundana, mais 'cientifica', mais próxima aos valores do homem antropocentrista do séc. XVI que agora tentava-se combater. Logo, isso sendo verdade, mesmo o s sermões barrocos do Pe. Antonio Vieira tendo sendo argumentativo, com a intenção de convencer o leitor, não é um pouco estranho e controverso serem considerados conceptivos? Digo, não é só porque são textos religiosos que não poderiam ser conceptivos, mas também pelas intenções do padre em seus textos (remissão dos pecados). E como se não bastasse, pelo que eu sei, o padre ainda fazia críticas ao cultismo. É isso que eu não compreendo. O cultismo não representa o lado religioso dessa dualidade? Em outras palavras, o padre é famoso pelo uso de uma linguagem que não representava propriamente os valores religiosos ou eu estou errado nessa atribuição de valores e posicionamentos para o cultismo e o conceptismo?
entao vamos la .
Espero que isto te ajude:
O barroco tem características que o definem dos outros estilos por ter em si o pessimismo meio exacerbado, um desequilíbrio entra e a razão e a emoção, Dualidade, Contradição, Tendência à ilusão (fuga à realidade objetiva , subjetividade), tendência à alusão (descrição indireta) e predomínio de figuras como a metáfora, antítese, o paradoxo, hipérbole e hipérbato. Como estamos tratando do Barroco lírico devemos considerar as duas tendências básicas deste: o Cultismo e o Conceptismo. São diferentes entre si, mas podem existir num mesmo autor e numa mesma obra até.
O Cultismo consiste em uma hipertrofia de dimensões sensoriais em que o artista recorre exageradamente a metáforas, sinestesias, antíteses, trocadilhos, neologismos estranhos, enfim, a um descritivismo rebuscado tão rico quanto tortuoso.
Esta obra cultista é um Espetáculo para os dois sentidos que as vezes obscurece nosso entendimento (característica que é chamada de Hermetismo). O Conceptismo consiste na hipertrofia conceitual da obra. Preza mais a razão que os sentidos, com raciocínios engenhosos criados pelo autor num refinado jogo intelectual de paradoxos e sutilezas lógicas. Se o Cultismo como se observou é descritivo, nota-se que o Conceptismo por sua vez é analítico.
outro exemplo
O cultismo caracteriza-se pelo uso de linguagem rebuscada, culta, extravagante, repleta de jogos de palavras e do emprego abusivo de figuras de estilo, como a metáfora e a hipérbole. Veja um exemplo de poesia cultista:
Ao braço do Menino Jesus de Nossa Senhora das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram
O todo sem a parte não é todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo. (Gregório de Matos)
Já o conceptismo, que ocorre principalmente na prosa, é marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, nacionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. A organização da frase obedece a uma ordem rigorosa, com o intuito de convencer e ensinar. Veja um exemplo de prosa conceptista:
Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelhos e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister¹ luz, há mister espelho e há mister olhos. (Pe. Antônio Vieira).
