Olá Adilson!
Sem dúvida algumas podemos declarar que esse trecho que retirou do conto, pode sim, ser julgado como ironia! Se lermos mais uma vez a passagem completa para termos uma visão melhor:
"havia também a máscara de folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel."
Essa substituição do "vício" suprime-se a natureza do escravo de querer roubar para querer beber. Ou seja, assim o ladrão se torna uma pessoa "honesta". Esses dois pecados extintos são atos que não existem mais por um raciocínio imensamente cruel! Isso é altamente irônico, haver honestidade e sobriedade de um escravo com a máscara que lhe traz sede e o senhor que lhe dá vinténs para beber.
É sempre importante perceber quando ler Machado de Assis o papel do narrador! O narrador "te põe no bolso" e te engana fácil" Muito boa percepção em perceber a ironia! Machado de Assis é repleto de ironias e sutilezas de narrações e comparações.
Caso se interesse mais em outras obras dele mesmo onde ele é altamente irônico, leia "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "Quincas Borba" e um breve que chama "Ideias do Canário" (segue o link http://www.releituras.com/machadodeassis_canario.asp ). De outros atores que são irônicos você pode tentar "Cândido" de Voltaire, "Uma Modesta Proposta" de Jonathan Swift e "A Galinha" de Clarice Lispector.
Espero ter sido claro! Bons estudos e leituras!