Em 2014, o balanço de pagamentos do Brasil registrou saldo positivo de US$ 10,8 bilhões, que é a diferença entre os recursos que entraram e saíram no país ao longo do ano, revertendo o sinal negativo de 2013, no montante de US$ 5,9 bilhões.
Nos últimos vinte anos (1995-2014), o Brasil somente apresentou déficit em suas transações externas em cinco vezes, sendo quatro delas entre 1997 e 2000, além do já referido ano de 2013.
Depois de 2006, o Brasil passou a registrar superávits muito elevados nas contas externas, formados graças ao desempenho das nossas exportações e da massiva entrada de capital em busca de oportunidades de investimentos no país, além dos recursos atraídos pelos elevadíssimos rendimentos das aplicações financeiras. Foram esses saldos acumulados ao longo dos anos que propiciaram a formação de resevas externas de US$ 374,1 bilhões com que contamos atualmente, sem as quais o país já teria soçobrado nas intempéries que marcam o comportamento da economia mundial nos últimos sete anos.
Desde 2012, todavia, o balanço de pagamentos brasileiro vem passando por um processo acelerado de deterioração nos seus resultados, fruto não da perda de atração de capital para investir no pais e sim do encolhimento até a reversão de positivo para negativo do saldo da balança de comercial e do grande alargamento do déficit na conta de serviços.
Saldo de 2014
O saldo positivo do balanço de pagamentos externos resultou da entrada de US$101,78 bilhões de recursos da conta de capital (já somados aos erros e omissões), que registra grosso modo as operações de crédito e os fluxos decorrentes de investimentos do país com o resto do mundo e a saída líquida de US$ 90,95 bilhões na conta de transações correntes, em que são contabilizados os fluxos de recursos decorrentes das vendas e compras de bens e serviços com exterior e dos fluxos de pagamento de juros e lucros.
Na comparação entre 2013 e 2014, a conta de transações correntes ampliou o seu déficit, mas o incremento da entrada líquida de recursos na conta de capital mais do que compensou a piora na conta de transações correntes, em quantidade suficiente para passar de uma situação de déficit no balanço de pagamentos para obter o resultado positivo em 2014 (ver Tabela). Em termos práticos, ampliamos a quantidade de poupança financeira e real do exterior para cobrir as nossas necessidades de importação de bens e serviços.