Na frase "quero saber que céu é esse" por que a palavra QUE não pode ser classificada como uma conjunção integrante?
Roberto,
Esse assunto é delicado, sensível, polêmico, controverso. As linhas que separam a conjunção integrante "que" do pronome interrogativo "que" e, este, do pronome indefinido "que" são, conforme veremos no decorrer do texto, muito tênues. Ou seja, as características que os distinguem são muito sutis.
Segundo as gramáticas da língua portuguesa, o "que" em "quero saber que céu é esse" não é (como veremos na sequência) conjunção integrante, mas pronome interrogativo (em interrogações indiretas) que Celso Pedro Luft (Gramática Resumida, Editora Globo, 8ª ed. 1978), prefere chamar de pronome relativo sem [termo] antecedente.
Mas atenção: a classificação sintática das orações, pelo fato de o que ser pronome interrogativo, não sofre alteração: "que céu é esse" continua sendo oração subordinada substantiva objetiva direta (interrogativa indireta), exercendo a função de objeto direto da oração principal "Quero saber", tendo em vista que as orações subordinadas substantivas (desenvolvidas) podem ser introduzidas não só por conjunção integrante (que, se) mas também por pronome relativo sem antecedente = pronome interrogativo (que, quem, quanto, qual) ou por advérbio interrogativo (como, onde, quando).
Fernando Pestana, em sua Gramática para Concursos Públicos (Editora Método, 5ª ed., 2023), lembra um antigo e válido bizu que nos diz que, se conseguirmos substituir por isto ou isso uma oração iniciada pelo que ou pelo se, tais conectivos serão conjunções subordinativas integrantes. E cita os seguintes exemplos:
Mas chama a atenção para este detalhe importante: o “bizu do isto/isso” mencionado acima funciona 99% das vezes, mas cuidado para não confundir o “que” pronome interrogativo com o “que” conjunção integrante. Se der para fazer uma pergunta a partir do "que”, este será interrogativo, e não conjunção integrante. E apresenta os seguintes exemplos:
Nas frases interrogativas indiretas, os pronomes interrogativos vêm, normalmente, após os verbos querer, desejar saber, não saber, perguntar, indagar, ignorar, verificar, ver, responder...
“Quero saber (o) que devo fazer.” (Que devo fazer? - O artigo o antes de que é considerado expletivo. Alguns gramáticos entendem que faz parte da locução interrogativa "o que", tendo valor enfático ou de realce.)
Fernando Pestana adverte também que não se confunda o "que" interrogativo com o "que" indefinido:
No primeiro, o verbo indica desconhecimento, logo é um verbo que introduz uma oração interrogativa indireta. No segundo, o verbo indica conhecimento, logo não introduz uma oração interrogativa indireta. Cuidado!
A "oração subordinada interrogativa indireta" se enquadra na categoria das orações subordinadas substantivas. Esse tipo de oração substitui um substantivo na função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo ou aposto dentro da oração principal.
Por exemplo, na frase "Não sei se ele virá", a oração "se ele virá" é uma oração subordinada substantiva interrogativa indireta que funciona como objeto direto do verbo "saber". Outro exemplo seria "O professor perguntou quem havia faltado", em que "quem havia faltado" é uma oração subordinada substantiva interrogativa indireta que funciona como objeto direto do verbo "perguntar".
Diferente das orações subordinadas adjetivas, que têm função de adjetivo e qualificam um substantivo antecedente, e das adverbiais, que exercem função de advérbio e modificam o verbo da oração principal, as orações subordinadas substantivas têm a função de substantivo e são essenciais para a compreensão completa da oração principal.
EM RESUMO:
Na frase "Quero saber que céu é esse", o vocábulo "que" exerce a função de pronome interrogativo, introduzindo uma pergunta indireta. A oração subordinada interrogativa indireta (= oração subordinada substantiva objetiva direta) "que céu é esse" funciona como objeto direto do verbo "saber".
Os pronomes interrogativos são usados para formular perguntas diretas ou indiretas e podem ser acompanhados de substantivos ou usados de forma isolada (sem termo antecedente). No contexto da frase fornecida, "que" está introduzindo uma pergunta indireta.
No período "Quero saber que céu é esse", há duas orações. São elas:
1. Quero saber: Esta é a oração principal ou regente, pois é a que contém o verbo principal "querer", mas que depende da oração subordinada para completar seu sentido.
2. que céu é esse: Esta é uma oração subordinada substantiva objetiva direta, pois funciona como complemento (objeto direto) da oração principal "Quero saber".
Portanto, o período "Quero saber que céu é esse" contém uma oração principal (Quero saber) e uma oração subordinada substantiva objetiva direta (que céu é esse), introduzida pelo pronome interrogativo (numa interrogação indireta) que.
Roberto, veja:
Quero saber // que céu é esse. - que = conj. integrante; introduz a or. subord. subst. objetiva direta: quero saber o quê?; pode ser substituído por isto ou isso: quero saber isso.
Conjunção integrante: Quero que você seja feliz. Introduzem orações subordinadas substantivas.
Leia mais: https://www.todamateria.com.br/funcoes-do-que/ e https://www.normaculta.com.br/que-pronome-relativo-ou-conjuncao-integrante/#:~:text=Que%20%C3%A9%20uma%20conjun%C3%A7%C3%A3o%20integrante,substitu%C3%ADdo%20por%20isto%20ou%20isso. .
Espero tê-lo ajudado. At.te, tutor Miguel Augusto Ribeiro.
Oi Roberto! Em "Quero saber que céu é esse", o que desempenha o papel de pronome relativo, introduzindo uma oração subordina substantiva objetiva direta. Ele tem como função retomar o termo céu e introduzir a oração "céu é esse".
Assim: Quero saber = oração principal ( verbo + objeto direto)
que céu é esse = oração subordinada substantiva objetiva direta ( pronome relativo + sujeito + predicativo do sujeito)
Logo : Quero saber/ que céu ( o qual céu) é esse.
? Roberto, na dúvida tente trocar o quê por o qual......
Na frase: Já sabemos que você irá embora amanhã. Não é possível, a troca por o qual, a qual...
Porém em: As palavras que foram rigidamente proferidas causaram aborrecimentos. ? As palavras as quais foram proferidas causaram aborrecimentos.
Na frase "quero saber que céu é esse", a palavra "que" não pode ser classificada como uma conjunção integrante porque, nesse contexto, "que" funciona como um pronome interrogativo e não como uma conjunção integrante.
De forma mais detalhada, o pronome interrogativo "que" está sendo usado para introduzir uma pergunta indireta dentro da frase. A pergunta direta seria "Que céu é esse" A função do pronome interrogativo "que" é questionar ou especificar algo, neste caso, está perguntando sobre a identidade ou a qualidade do céu. Conjunções integrantes são usadas para introduzir orações subordinadas substantivas, que completam o sentido de verbos, nomes ou adjetivos. Por exemplo: "Quero saber se ele vem" ou "Eu sei que ele está aqui". Em orações subordinadas substantivas, as conjunções integrantes "que" ou "se" não têm função de questionamento, mas sim de introduzir uma oração que funciona como sujeito, objeto direto, complemento nominal, etc.
Visando isto, na frase "quero saber que céu é esse", "que" está introduzindo uma oração interrogativa indireta e atuando como pronome interrogativo, questionando sobre a identidade do "céu". Por isso, não pode ser classificado como uma conjunção integrante.
Na frase "quero saber que céu é esse", a palavra "que" não é classificada como conjunção integrante porque, nesta construção, ela introduz uma oração substantiva, que funciona como um predicativo do sujeito. Em outras palavras, "que céu é esse" é uma oração que está agindo como um complemento sobre o verbo "saber".
A conjunção integrante costuma ligar uma oração subordinada a uma oração principal, funcionando como um conectivo que introduz uma oração que pode ser o objeto do verbo. Por exemplo, em "Quero saber que você está feliz", "que" é uma conjunção integrante, porque introduz uma oração subordinada que complementa o verbo "saber".
Já na frase "quero saber que céu é esse", o "que" está qualificado como um pronome relativo, que está se referindo ao "céu". Portanto, a estrutura "que céu é esse" funciona como uma expressão mais de identificação do que uma conexão subordinada.
Nesse caso, podemos afirmar que "que" está introduzindo a oração de uma maneira diferente, servindo para especificar o sujeito "céu", e não como um complemento do verbo "saber" em si. É importante diferenciar o uso de "que" em suas diferentes funções dentro das orações!