Bom dia!
Deparei-me com uma questão gramatical ao trabalhar com algumas variáveis de texto num protótipo de videogame.
Preciso atribuir adjetivos (como sufixos) para diferentes objetos, como "Pá Enferrujada" ou "Caderno Rasgado e Costurado".
O problema aqui é que os objetos são variáveis aleatórias, então a palavra "Pá" poderia ser trocada por "Caderno", e vice-versa, o que faria os adjetivos concordarem com o gênero errado — "Caderno Enferrujada" e "Pá Rasgado e Costurado".
Normalmente bastaria utilizar "(a)" ao final dos adjetivos em questão, como em "Caderno\Pá Enferrujado(a)".
Acontece que esses objetos também podem estar em suas formas plurais "Pás" e "Cadernos". Portanto, os adjetivos continuariam apresentando um erro gramatical.
Pensei em utilizar "(a)(s)" ou "(a)(as)" ao final deles, como em "Enferrujado(a)(s)", "Enferrujado(a)(as)" ou "Enferrujado(s)(a)(as).
Não preciso dizer que essa estética não me agrada muito — principalmente a última — nem que prefiro a primeira por economia de letras.
Minhas dúvidas aqui são duas: Utilizar algo como "Enferrujado(a)(s)" seria gramaticamente aceitável? Existe alguma outra maneira de exibir essa diferênça de número e gênero?
Muito obrigada pela atenção, e tenham todos uma ótima semana!
PS: Infelizmente, utilizar a forma masculina\neutra não funcionaria bem nesse caso, pois os adjetivos são atribuidos a objetos em específico, e não grupos dos mesmos. Logo, ao se deparar com um par de botas, por exemplo, um usuário veria receberia o seguinte texto: "Botas macio e felpudo" ou "Botas macios e felpudos".
Zvezda, realmente está entre a cruz e a espada. Escolha a forma gráfica que comporte o feminino e o plural dos nomes, ainda que não seja a mais desejável esteticamente. Entre "não bonito" e inadequado, prefira o primeiro.
Boa sorte na programação / design / lançamento do jogo.
Espero tê-la ajudado. At.te, tutor Miguel Augusto Ribeiro.
Olá, Zvezda!
Seu questionamento provoca uma reflexão muito interessante. No entanto, acho que a questão apresentada não tem solução entre as possibilidades que você levantou. Vou tentar explicar o motivo.
A convenção utilizada em casos de variação na flexão de gênero e número, consistente em apresentar entre parênteses as desinências (a) ou (s), é uma solução para quando a indefinição paira sobre o termo principal. Por exemplo, quando se manda um ofício circular, usa-se a fórmula “Prezado(a) senhor(a)”, pois o termo principal (senhor) pode variar conforme o destinatário; e, uma vez que o termo principal varie, o acessório (prezado) também precisa variar.
Na situação que você apresentou, isso não acontece. Quando o termo principal varia (“pá”, “pás” ou “caderno”, “cadernos”, usando seus exemplos), sabemos indubitavelmente as flexões de gênero e número a serem adotadas. Assim, não considero correto usar a desinência entre parênteses. No meu entendimento, OU a dúvida atinge todos os termos – o principal e os acessórios – OU é incabível o recurso de apresentar entre parênteses as desinências variáveis.
O problema que você está enfrentando é que o software não está conseguindo reproduzir esse tipo de raciocínio humano, qual seja, promover a concordância dos termos acessórios com o principal. Isto, porém, não abre brecha para que o recurso se torne gramaticalmente correto. Entendo que a gramática (fenômeno cultural tipicamente humano) não pode se adequar às limitações tecnológicas, principalmente em áreas nas quais se tenta reproduzir o pensamento humano.
Com o desenvolvimento da Inteligência Artificial e do Machine Learning, muitos softwares têm obtido sucesso em reproduzir nuances da linguagem humana. Não sou perito nessa área, mas imagino que essas soluções tecnológicas ainda não sejam acessíveis de forma geral. Não obstante, acredito que esta é a saída.
Sei que meu ponto de vista é passível de discussão e discordância. Mesmo assim, quis contribuir com meu ponto de vista.
E quero parabenizar você por propiciar uma reflexão tão relevante.
Sei que não ajudei a solucionar o problema, mas espero ter contribuído para a discussão!
Sugiro enviar para tarefas.