Figuras de linguagem. onde está a antítese???

Também não consigo enxergar antítese entre essas duas palavras que você mencionou. São duas palavras distintas - benção e consolida; sequer têm relação de oposição ou contrariedade.

Guto, provavelmente há erro no gabarito. Pelo que pesquisei, seria correta a letra B, comentada por um usuário: "A frase que mostra uma antítese, ou seja, uma oposição de significado, é a alternativa B:

B) "Sou ateu, mas me comporto como se Deus existisse."

Nesta frase, há uma oposição entre a crença declarada ("Sou ateu") e o comportamento ("me comporto como se Deus existisse"). Isso cria uma antítese, uma vez que a crença e o comportamento estão em contradição direta."

Espero tê-lo ajudado. At.te, tutor Miguel Augusto Ribeiro. 

Guto,

Ao que tudo indica, ocorreu um erro na formulação do gabarito. Não há outra explicação. Por mais esforço mental que se faça se consegue vislumbrar qualquer possibilidade de antítese. Caso contrário, estão querendo inventar a roda ou ver chifre em cabeça de cavalo.

A questão a que você se refere é a abaixo transcrita, que teria sido utilizada em prova de concurso da Prefeitura de São José dos Campos (SP), elaborada e aplicada pela FGV.

Assinale a frase que mostra uma antítese, ou seja, uma oposição de significado.

(A) O inferno está cheio de boas intenções ou desejos.

(B) Sou ateu, mas me comporto como se Deus existisse.

(C) O homem é aquilo que ele acredita.

(D) A bênção do pai consolida a casa dos filhos. 

(E) Tudo que pode ser dito, pode ser dito com clareza.

A antítese, como o próprio enunciado da questão define, é o contraste ou oposição entre duas palavras ou ideias. É a figura de linguagem que consiste no emprego de palavras ou expressões contrastantes, geralmente na mesma frase, a fim de fazer ambas sobressaírem: capitalismo e comunismo, credores e devedores, guerra e paz. A escravidão é a antítese da liberdade e o Diabo, a antítese de Deus. Não há no mundo alegria sem sobressalto, concórdia sem dissensão, descanso sem trabalho, riqueza sem miséria, dignidade sem perigo. Finalmente, não há gosto sem desgosto. Cada um leva consigo uma alma de covarde e uma de herói.

Veja (in Qconcursos), sobre a questão, o comentário de Isabel Vega, Mestra em Letras na UFRJ, Coordenadora e Professora Aposentada de Português do Colégio Pedro II-RJ, onde lecionou Português, Redação Oficial, Educação Artística e Literatura:

“A gente não pode dizer que existe aqui uma oposição entre pai e filhos. Existe a casa do pai e existe a casa do filho. Quando o filho sai de casa, ele cria uma casa dele. E é claro que a bênção do pai fortalece o filho nessa escolha. Então, não há nada em oposição aqui. Pai não se opõe a filho, porque são seres complementares. Não são seres em oposição. E o pai abençoar a casa de um filho é o que naturalmente se espera, para que o filho se sinta fortalecido, apoiado pelo pai. Portanto, não há nada de oposição. É uma decorrência natural. Os pais criam os filhos para os filhos terem suas casas, fazerem suas opções, e os pais abençoam os filhos. Não há nada em oposição. É uma decorrência natural.

 “Dizer que existe antítese em “A bênção do pai consolida a casa dos filhos” deixa a gente incrédulo, atônito, embasbacado. Que oposição existe em o pai abençoar a casa do filho? Por que o filho estaria em oposição ao pai? Qual a antítese que existe aqui? Qual é a oposição entre a casa do pai e a casa do filho? Vejo aqui uma relação de consequência, de decorrência, de complementaridade. Mas de oposição? De jeito nenhum, de forma alguma. Não faz o menor sentido. Não há como aceitar, nem com muito esforço mental, que pai e filho seja oposição, que haja aí uma antítese.”