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Nara há 1 ano
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Infinito pessoal em complemento de verbo

Hoje vi a seguinte frase:

O uso de fragmentos fósseis associados a modelos matemáticos possibilita aos cientistas realizarem reconstruções paleoclimáticas.

Mas algo me soou estranho. Ao mesmo tempo que reconheço o sujeito explícito de realizarem, vejo toda a 2a oração como complemento do verbo possibilitar [que possibilita (1) algo (2) a alguém], e tive a recomendação no trabalho de não flexionar o infinitivo nesses casos. Como faço para reconhecer cada caso? Encontro várias frases do tipo diariamente:

- Auxilie os estudantes a fazer/fazerem os experimentos.
- Incentive os atletas a se reunir/reunirem antes de cada partida.
- A iniciativa permite aos cidadãos escolher/escolherem a decisão mais adequada.

Agradeço desde já!

Professor Wellington N.
Respondeu há 1 ano
Contatar Wellington

A sua observação está correta, e essa é uma questão de gramática que gera frequentemente dúvidas. Na verdade, a flexão do infinitivo ("fazer" ou "fazerem", "reunir" ou "reunirem", "escolher" ou "escolherem") em frases como essas é uma das características da língua portuguesa que permite certa variação. A escolha entre o infinitivo pessoal (flexionado) e o infinitivo impessoal (não flexionado) depende do contexto e do estilo de escrita.

A regra básica é que o infinitivo pessoal (flexionado) deve ser usado quando o sujeito do verbo no infinitivo é explicitamente mencionado e diferente do sujeito da oração principal. No entanto, em muitos casos, o uso do infinitivo impessoal (não flexionado) também é aceitável e amplamente usado, especialmente em situações mais informais.

Vamos analisar suas frases de exemplo:

1. "Auxilie os estudantes a fazer/fazerem os experimentos."
   - Ambas as formas são corretas, mas "fazer" é mais formal, enquanto "fazerem" é menos formal e mais comum na linguagem falada.

2. "Incentive os atletas a se reunir/reunirem antes de cada partida."
   - Novamente, ambas as formas são aceitáveis. "Reunir" é mais formal, e "reunirem" é mais informal.

3. "A iniciativa permite aos cidadãos escolher/escolherem a decisão mais adequada."
   - Da mesma forma, ambas as formas são corretas, com "escolher" sendo mais formal e "escolherem" mais informal.

Portanto, a escolha entre o infinitivo pessoal e o infinitivo impessoal depende do contexto e do nível de formalidade que você deseja manter na sua escrita. Em contextos mais formais, é preferível usar o infinitivo pessoal, enquanto em contextos informais, o infinitivo impessoal é mais comum. Em qualquer caso, ambas as formas são gramaticalmente corretas.

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Professor Miguel R.
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Respondeu há 1 ano
Contatar Miguel Augusto

Nara, é uma das questões mais polêmicas do português, única - juntamente com dois dialetos e o galego - que possui tal recurso, uma riqueza de nossa língua. Veja:

1. O uso de fragmentos fósseis associados a modelos matemáticos possibilita aos cientistas realizarem reconstruções paleoclimáticas. - "o infinitivo é flexionado quando pode ser substituído por um tempo finito (indicativo ou subjuntivo, em geral)": possibilita que eles realizem. (Manual Estadão) 

2. Auxilie os estudantes a fazer os experimentos.
    Incentive os atletas a se reunir antes de cada partida. - "não se flexiona o infinitivo com preposição que funcione como complemento de substantivo, adjetivo ou do próprio verbo principal:

O pai convenceu os filhos a voltar cedo. /

Continuamos dispostos a comprar a casa. /

Remédios ruins de tomar. /

As emissoras conquistaram o direito de transmitir todos os jogos de vôlei. /

Eram exercícios fáceis de resolver." (Manual Estadão) 

3. A iniciativa permite aos cidadãos escolherem a decisão mais adequada. - infinitivo flexionado: sujeitos diferentes e suj. infinitivo expresso, que equivale a um tempo finito: permite que eles escolham.

Leia mais: https://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/estilos/infinitivo-flexionado 

Espero tê-la ajudado. At.te, tutor Miguel Augusto Ribeiro. 

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Professor José G.
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Respondeu há 1 ano
Contatar José Macílio

Caríssima Nara,

Sobre o infinitivo pessoal (flexionado) e o impessoal (não flexionado), veja o que diz Luiz A. P. Victoria, em Fala e Escreve Corretamente a tua Língua:

...

EMPREGO IDIOMÁTICO DO INFINITIVO

...

O infinitivo pessoal é um idiomatismo.

...

Se todas as línguas modernas possuem infinitivo impessoal, entretanto, só o português e o galego (falado na província espanhola de Galiza) possuem infinitivo flexionável.

...

Exemplos:

  • Convidei-o a se retirar.
  • Convidei-te a te retirares.
  • Convidei-vos a vos retirardes.
  • Convidei-os a se retirarem.

...

Por infinitivo impessoal compreende-se o infinitivo invariável, o qual não admite flexões.

...

Exemplos:

  • Mandei organizar um programa.
  • Mandaste organizar um programa.
  • Mandamos organizar um programa.
  • Mandaram organizar um programa.

...

(O verbo organizar manteve-se invariável.)

...

O emprego da forma pessoal do infinitivo sempre apresentou, entretanto, muitas dificuldades. Nos melhores escritores, encontramos, por vezes, esse tempo empregado do modo mais disparatado.

...

Como conduzir-nos, então, neste emaranhado, que é o cipoal formado pelo infinitivo?

...

Diz-nos a razão que, se o assunto é controverso, devemos procurar colocar-nos ao lado da maioria.

...

Sendo assim, e, para errarmos menos, sigamos a regra de Soares Barbosa, que, conquanto não solucione todos os casos, tem o mérito de atender aos mais prementes.

 ...

Regra de Soares Barbosa:

...

a) Deve-se empregar o infinitivo pessoal toda a vez que o sujeito do verbo principal e o do infinitivo forem diferentes;

...

b) Quando, porém, o sujeito do verbo principal e o do infinitivo for o mesmo, o verbo ficará no infinitivo impessoal.

...

Exemplos:

  • Eles estavam a cantar a duas vozes (os sujeitos são os mesmos, logo emprega-se o infinitivo impessoal).
  • Vós vistes as pedras rolarem da montanha (vistes e rolarem têm sujeitos diferentes).
  • Os meninos fingiam estudar (o sujeito idêntico para os dois verbos).
  • Vimos as nuvens toldarem os céus (vimos e toldar têm sujeitos diferentes).

...

A regra de Soares Barbosa não resolve todos os casos. Daí, o haverem sido formuladas outras normas que vieram completar a regra conhecida. Eis as principais:

...

1ª - Depois dos verbos deixar, fazer, mandar, ouvir, sentir e ver, deve usar-se de preferência o infinitivo impessoal.

...

Exemplos:

  • Eles deixaram correr as lágrimas.
  • Senti-os chegar de mansinho.
  • Mandei-os prosseguir

...

2ª - Quando o infinitivo preceder o verbo regente e estiver regido de preposição, é, geralmente, pessoal, embora o sujeito seja o mesmo.

...

Exemplos:

  • Para estudarmos, devemos estar com o espírito despreocupado.
  • Para cumprirmos nossos deveres, devemos primeiramente conhecê-los.

...

3ª - Depois de um verbo no gerúndio, emprega-se o infinitivo impessoal.

...

Exemplos:

  • Devendo partir de madrugada, deveis preparar tudo de véspera.
  • Havendo de prestar exames, tratai de preparar-vos.

...

É preciso atentar ainda para a advertência que nos faz Hildebrando A. de André, em Gramática Ilustrada, acerca do SUJEITO ORACIONAL:

...

Nem sempre o sujeito é uma pessoa (nome ou pronome); às vezes trata-se de um fato expresso por uma oração reduzida de infinitivo, ou desdobrada e introduzida por conjunção integrante. A concordância do verbo será uma só: 3ª pessoa. Chamam-se unipessoais os verbos que pedem sujeito oracional: convém, ocorre, acontece, apraz, agrada, parece, consta, etc.

...

E cita o seguinte exemplo:

...

  • Cabe aos mestres ensinar a língua pátria.

...

Qual o sujeito de "cabe"?

...

Perguntemos "o quê", antes do verbo: "o que cabe?"

...

Resposta: "ensinar a língua pátria" (sujeito representado por oração de infinitivo).

...

Com cuidado, agora, examinem-se estes outros exemplos, procurando o sujeito dos verbos sublinhados:

...

  • Não adianta ficar aí impassível.
  • São textos que convêm estudar.
  • Muitos problemas ainda resta solucionar.
  • Faltou-me apenas resolver cinco questões.
  • Não adianta discutir tantos assuntos de uma só vez.

...

Nota: Frequentemente o objeto do infinitivo se antepõe ao verbo unipessoal e, às vezes, além dessa anteposição, vem repetido (pleonástico).

...

Exemplos:

  • Os direitos alheios cabe-me defender. (O sujeito de "cabe-me" é "defender os direitos alheios".)
  • Os direitos alheios, cabe-me defendê-los.

...

Neste último exemplo, "los" é objeto direto pleonástico.

...

Em qualquer hipótese, "cabe" deve permanecer na 3ª pessoa do singular, pois seu sujeito não é "os direitos alheios", mas a oração “defender os direitos alheios".

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Professora Eduarda S.
Respondeu há 1 ano
Contatar Eduarda
A sua observação é válida, e a questão de flexionar ou não o infinitivo em construções com verbos no infinitivo (como "realizarem", "fazerem", "reunirem" e "escolherem") pode ser sutil e depender do contexto. A flexão do infinitivo (usar o "eles" explícito ou implícito) é uma questão de estilo e pode variar conforme as preferências do escritor ou as normas do português utilizadas em diferentes regiões ou contextos. A língua portuguesa permite ambas as formas, e ambas são consideradas gramaticalmente corretas. No seu exemplo: "O uso de fragmentos fósseis associados a modelos matemáticos possibilita aos cientistas realizarem reconstruções paleoclimáticas." A flexão "realizarem" é aceitável, e a frase está correta do ponto de vista gramatical. No entanto, se você preferir seguir a recomendação de evitar a flexão do infinitivo em seu trabalho, você pode reescrever a frase da seguinte forma: "O uso de fragmentos fósseis associados a modelos matemáticos possibilita aos cientistas realizar reconstruções paleoclimáticas." Ambas as formas são compreensíveis e corretas. A escolha entre usar ou não a flexão do infinitivo pode depender do estilo pessoal do escritor, das normas da instituição em que você está escrevendo ou do contexto específico em que a frase é utilizada. O importante é manter a consistência na escolha ao longo de um texto ou documento.

Um professor já respondeu

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