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Marly perguntou há 3 meses em Português

Qual a figura de linguiagem?

Bom dia

Se frase está assim: O motorista, ele não estava atento.

Poderia estar assim: O motorista não estava atento.

A pergunta é: por que todo mundo  usa a vírgula e o "ele"?

Português
4 respostas
Professor José G.
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Respondeu há 3 meses
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Olá, Marly!

A sua observação é muito pertinente e demonstra bom senso crítico em relação à linguagem. Prestar atenção em como as pessoas falam e escrevem, questionar e buscar alternativas mais eficientes são atitudes muito importantes e necessárias para o aprimoramento da linguagem e a independência linguística.

Sabemos que a linguagem é dinâmica e está em constante evolução. Não queremos ignorar isso. Mas é preciso ter em mente que até para infringir as regras gramaticais é preciso conhecê-las. Caso contrário, é pura ignorância.

Respondendo à sua pergunta, tem-se verificado a banalização do uso dessa estrutura (recurso que deve ser usado como exceção, e não como regra). Isso ocorre porque as pessoas se deixam levar ou influenciar facilmente pela onda do modismo, e passam a copiar ou repetir, feito papagaio, o que os outros estão inventando, fazendo ou dizendo, sem uma mínima análise crítica (o chamado ‘maria vai com as outras’).

Por comodismo ou desconhecimento, deixam-se levar ao sabor do vento, tendem a seguir a maioria, sem examinar ou procurar se inteirar se a forma utilizada é a mais adequada. Em razão disso, algumas construções se tornam populares e acabam sendo usadas por muitas pessoas, mesmo que não sejam as mais eficientes ou corretas do ponto de vista gramatical.

Assim foi com o famigerado “a nível de”, utilizado até em situações em que não existia hierarquia (a nível de atacado, a nível de coleta); assim é com o gerundismo (uso vicioso do gerúndio, junto do verbo estar, como estarei comunicando, estaremos publicando, por: comunicaremos, publicaremos); assim tem sido com o ondismo (fenômeno de associar o pronome "onde" a situações que não indicam valor circunstancial de lugar: “Sou grata a meus pais, onde [em lugar do “que”] sempre me ajudaram). E por aí vai.

Obviamente que a chave está em encontrar um equilíbrio entre aceitar influências externas e manter a própria identidade e capacidade de julgamento.

Estrutura como “O motorista, ele não estava atento” é utilizada para enfatizar o sujeito da frase. Ao repetir o sujeito, a intenção pode ser dar mais destaque à informação. Mas não pode ser empregada a torto e a direito, sempre em todo e qualquer caso. (Veja, no final, situações em que o uso da estrutura é aceitável, adequada ou necessária.)

Na fala cotidiana, tem se tornado comum usar construções redundantes para garantir que a mensagem seja compreendida claramente. A repetição pode ajudar a evitar ambiguidades, especialmente em conversas rápidas ou informais.

Essa forma é frequente em diálogos coloquiais e em algumas regiões ou dialetos do português.

Algumas construções redundantes podem ser influenciadas por traduções literais de outras línguas, como o inglês, nas quais as estruturas similares são comuns.

Em determinados contextos, a repetição do sujeito pode servir para reforçar a identidade do agente da ação, especialmente quando há várias pessoas envolvidas ou quando se quer evitar qualquer confusão, o que não é o caso no exemplo apresentado.

Gramaticalmente, a forma mais concisa e correta é evitar a redundância. A vírgula e o pronome "ele" na frase "O motorista, ele não estava atento" são, de fato, redundantes e podem ser retirados sem prejuízo para o sentido da frase.

Enquanto a construção redundante não é incorreta no contexto coloquial e pode ter um propósito comunicativo, em textos formais e escritos, a concisão e a clareza são preferidas. Portanto, é recomendável evitar essa redundância em contextos em que a precisão gramatical é importante.

Embora a forma "O motorista, ele não estava atento" não esteja incorreta, ela é menos eficiente do que "O motorista não estava atento". Na escrita formal, a segunda versão é preferida por ser mais direta e elegante. É sempre importante adaptar o estilo de escrita ao contexto e ao público-alvo para garantir que a mensagem seja transmitida de forma clara e eficaz.

Resumindo: A frase "O motorista não estava atento" é mais clara, objetiva e concisa, transmitindo a mesma informação de forma mais eficiente. A repetição do sujeito ("O motorista") e o uso da vírgula são desnecessários e podem até tornar a frase mais pesada.

 

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APÊNDICE

 

QUANDO A REPETIÇÃO REDUNDANTE DO SUJEITO PODE SER ADEQUADA OU NECESSÁRIA

         

A repetição redundante do sujeito pode ser adequada ou necessária em determinados contextos, principalmente na comunicação oral e em estilos literários específicos. A seguir, estão alguns exemplos de situações em que essa repetição é justificada:

1. Ênfase

Repetir o sujeito pode ser uma maneira de dar ênfase à mensagem, destacando o papel do sujeito na ação.

Exemplo:

  • Redundante: "O João, ele conseguiu terminar o projeto sozinho."
  • Justificativa: A repetição destaca que foi o João quem conseguiu terminar o projeto, sublinhando sua capacidade.

 

2. Clareza e Desambiguação

Quando há várias pessoas ou objetos mencionados anteriormente, repetir o sujeito ajuda a evitar ambiguidades, tornando claro quem ou o que está sendo referido.

Exemplo:

  • Redundante: "A Maria e a Ana chegaram cedo. A Maria, ela preparou o café."
  • Justificativa: A repetição deixa claro que é a Maria, e não a Ana, quem preparou o café.

 

3. Estilo Literário e Diálogo

Em textos literários, especialmente em diálogos, a repetição do sujeito pode capturar a naturalidade e o ritmo da fala cotidiana, além de caracterizar melhor os personagens.

Exemplo:

  • Diálogo: "O Pedro, ele sempre foi o mais corajoso da turma", disse João.
  • Justificativa: Reflete a maneira como as pessoas falam naturalmente, tornando o diálogo mais realista.

 

4. Reforço Didático

Em contextos educacionais, a repetição pode ajudar a reforçar a informação, garantindo que o ouvinte ou leitor compreenda e retenha o conteúdo.

Exemplo:

  • Professor explicando: "O sistema solar, ele é composto por oito planetas principais."
  • Justificativa: A repetição reforça a estrutura da frase e a importância do sujeito, ajudando na memorização.

 

5. Discurso Retórico

Em discursos e textos retóricos, a repetição do sujeito pode ser usada para criar um efeito de insistência e persuasão, enfatizando pontos chave.

Exemplo:

  • Discurso: "O nosso governo, ele vai trabalhar duro para melhorar a educação. O nosso governo, ele vai investir em saúde."
  • Justificativa: Reforça o compromisso do governo, criando um efeito de insistência que pode ser persuasivo.

 

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Professor Miguel R.
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Respondeu há 3 meses
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Marly, é uma forma de enfatizar o sujeito, substituindo-o por pronome pessoal - neste caso -, ou oblíquo, que faz referência a um termo anterior. Chama-se “anãfora” ou "termo anafõrico", que dá coesão ao período / texto. 

O motorista, ele não estava atento. - ele: termo anafórico; refere-s a "motorista".

Muito usado na língua oral, em contexto informal, assim como o objeto direto pleonástico / enfático / redundante:

O livro, leu ele (sic) / leu-o em um fim de semana. - o: pronome oblíquo anafórico; faz referência a “livro”. 

Leia mais: https://www.normaculta.com.br/pronomes-anaforicos-e-cataforicos/#:~:text=Termos%20anaf%C3%B3ricos&text=O%20pronome%20obl%C3%ADquo%20o%20%C3%A9,ao%20termo%20veterin%C3%A1ria%2C%20anteriormente%20apresentado. .

Espero tê-la ajudado. At.te, tutor Miguel Augusto Ribeiro. 

 

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Professor Felipe M.
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Respondeu há 2 meses
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Bom dia! A frase "O motorista não estava atento" está correta e mais concisa. A inclusão do pronome "ele" após a vírgula na frase "O motorista, ele não estava atento" é redundante e desnecessária. A vírgula antes do pronome "ele" não é gramaticalmente necessária, pois o pronome já está indicando que se refere ao motorista mencionado anteriormente. Muitas vezes, a redundância ocorre por hábito de fala ou escrita informal, mas do ponto de vista da gramática padrão, a versão sem o pronome "ele" é mais adequada.

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Professora Michelly O.
Respondeu há 2 meses
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A frase "O motorista, ele não estava atento" contém um uso redundante do pronome "ele" e uma vírgula desnecessária. A frase pode ser simplificada para "O motorista não estava atento" sem perder o sentido.

Aqui estão algumas razões pelas quais as pessoas frequentemente usam essa construção:

Enfase e Claridade: Às vezes, as pessoas usam o pronome "ele" para dar ênfase ou clareza, especialmente em conversas informais.

Influência da Fala: Na linguagem falada, é comum usar construções redundantes para dar mais fluidez ao discurso. Esse hábito pode se transferir para a escrita.

Costume: Muitas pessoas aprendem e repetem construções linguísticas que ouvem frequentemente, mesmo que não sejam gramaticalmente necessárias.

Falta de Conhecimento Gramatical: Nem todos têm um conhecimento aprofundado das regras gramaticais, o que leva ao uso de estruturas desnecessárias.

Na escrita formal, é preferível evitar essas redundâncias para tornar o texto mais conciso e claro.

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