É permitido nas normas da língua portuguesa, usar a preposição "de" no lugar pronome relativo "que"? Por exemplo: — João, o que está fazendo?!
João responde:
— o que eu faço não é da sua conta!
Nesta frase: " o que eu faço não é da sua conta!", "o que" poderia ser substituído pelo "de"? — De eu faço não é da sua conta!
Esse tipo substituição é permitida? Eu vejo várias pessoas substuindo o que pelo de, inclusive para conectar uma oração na outra.
Não, pois são palavras bem diferentes.
O DE é uma preposição, que serve para acrescentar um complemento a um verbo, entre outras coisas.
O QUE serve como pronome, ou seja, uma palavra que faz referência a algo que já se falou ou não se quer falar de forma aberta.
Como as duas palavras não têm a mesma função, uma não substitui a outra.
Não, pois o de é uma preposição
Boscovi,
De fato, a preposição “de” no lugar de “o que” [o - pronome demonstrativo = aquilo; que - pronome relativo], no exemplo por você citado (“De eu faço não é da sua conta!” / “O que eu faço não é da sua conta!”), não faz sentido, não tem lógica.
Se a função, papel ou finalidade da preposição é ligar duas outras palavras entre si, estabelecendo entre elas diversas relações (posse, conteúdo, assunto, causa, finalidade, instrumento, lugar, origem, matéria, etc.), o que pressupõe a existência de um sintagma antecedente e outro consequente (casa de Pedro, copo de vidro), no caso em análise, essa relação não existe. A construção está manca: falta-lhe o termo antecedente (regente ou regido na relação de subordinação ou dependência).
O emprego usual, corrente, correto, padrão é “o que eu faço”, conforme exemplos a seguir:
MAS ATENÇÃO! Nos exemplos abaixo, colhidos na Internet, o emprego da preposição de + eu faço está correto, pois existe um antecedente, que exige a preposição "de", a qual faz a ligação dele com o consequente:
VEJA BEM: Há construções clássicas no português, abonadas por gramáticos e dicionaristas, em que se verifica alternância entre a preposição “de” e o “que”, conforme exemplos abaixo, mas em que não se enquadra o caso por você mencionado.
1. TER DE = TER QUE (Ter necessidade, obrigação ou dever de)
Modernamente, tem-se usado o sintagma ter que + infinitivo, no qual esse que tem valor como que prepositivo, em lugar do castiço ter de + infinitivo.
2. NÃO TER NADA QUE VER = NÃO TER NADA A VER (Não existir relação ou semelhança entre duas pessoas ou duas coisas):
3. TER A = TER QUE:
Não, em português, não é correto substituir o pronome relativo "que" pela preposição "de".
Usamos "que" como pronome relativo para introduzir uma oração subordinada adjetiva, que complementa ou caracteriza um substantivo da oração principal. Já a preposição "de" tem outras funções, como indicar posse, origem, causa, entre outras, e não pode ser usada como pronome relativo.
Por exemplo, na frase: "O livro que eu comprei é muito interessante", "que" introduz a oração subordinada adjetiva "eu comprei", que complementa o substantivo "livro" da oração principal.
Substituir "que" por "de" nesse caso não faz sentido gramaticalmente: "O livro de eu comprei é muito interessante."
Boscovi, não faz sentido essa substituição.
Espero tê-lo ajudado. At.te, tutor Miguel Augusto Ribeiro.
Em resumo, para o uso correto e formal da língua, não se deve substituir "o que" por "de" como você descreveu. A forma correta é manter o pronome relativo "que" para introduzir orações relativas explicativas ou especificativas.
Olá Boscovi! No exemplo dado por você não é possível a troca do que pelo de.
Tal troca ainda existe em frases como: tenho de lavar o carro - indicando obrigação - e tenho que lavar o carro - indicando apenas algo para fazer.