Bom dia!
No trecho abaixo, o correto seria como está ou seria "que se pode"?
"Na música, existe uma forma de som que se refere aos outros sons que se podem escutar quando o compositor cria silêncios."
Obrigado desde já pela atenção!
Alex, está correto. Veja:
Equivale a "... aos sons que podem ser escutados".
Seu exemplo está na voz passiva sintética, com "se" - partícula apassivadora - e verbo transitivo direto na terceira pessoa do plural para concordar o sujeito paciente - sons; já o meu está na voz passiva analítica, com verbo "ser" e verbo no particípio.
Note que, em uma locução verbal, somente o verbo auxiliar varia, concorda com o sujeito; já o principal fica no infinitivo:
Elas pretendem estudar francês.
As línguas que se podiam escolher eram o francês e o inglês.
Espero tê-lo ajudado. At.te, tutor Miguel Augusto Ribeiro.
Caro Alex,
Conforme veremos a seguir, ambas as formas são aceitáveis, podendo, a critério do falante ou usuário da língua, ser usada uma ou outra concordância indiferentemente, sem que incorra em solecismo: sons que se podem escutar ou sons que se pode escutar.
Veja o que diz a filóloga Maria Tereza de Queiroz Piacentini em Não Tropece na Língua, Editora Bonijuris, pág. 83:
VOZ PASSIVA COM VERBO AUXILIAR E INFINITIVO [VERBO AUXILIAR + SE + VERBO PRINCIPAL NO INFINITIVO, FORMANDO LOCUÇÃO VERBAL]
Quando se utiliza uma locução verbal na voz passiva com um verbo (principal) transitivo direto no infinitivo, pode-se empregar o auxiliar [dever, poder, estar] tanto no singular quanto no plural:
É certo que todas essas frases podem ser desdobradas na voz passiva analítica. Por exemplo: Os fatos devem ser analisados, carnes e frios podem ser comprados, poderiam ser dadas condições... Esse desdobramento mostra que há um sujeito no plural com o qual deveria concordar o verbo.
Contudo, também se pode entender que o sujeito é o infinitivo, como se fosse assim o enunciado: analisar os fatos se deve; impor limites ao coração não se pode... Isso explicaria a aceitabilidade da construção no singular, aliás muito mais usada, por soar melhor.
A maior parte dos livros de gramática foge dessa particularidade. Domingos Paschoal Cegalla, no entanto, ao tratar da concordância do verbo passivo, diz textualmente: "Nas locuções verbais formadas com os verbos auxiliares poder, dever e costumar, a língua permite usar o verbo auxiliar no plural ou no singular, indiferentemente". (Novíssima Gramática da Língua Portuguesa e Minigramática da Língua Portuguesa.)
Quando não se tem locução verbal na voz passiva, o verbo apassivado pelo pronome "se" deve concordar sempre com o sujeito que, no caso, está sempre expresso.
Exemplos:
Os verbos acima são transitivos diretos (Como regra geral, só verbos transitivos diretos podem ser apassivados). Se o verbo, no entanto, for transitivo indireto (= seguido de preposição), ficará na 3ª pessoa do singular, pois o "se", aí, não será pronome apassivador, mas indeterminante do sujeito.
Exemplos:
MAS MUITA ATENÇÃO PARA A ADVERTÊNCIA ABAIXO QUE FAZ O GRAMÁTICO HILDEBRANDO A. DE ANDRÉ, EM SUA “GRAMÁTICA ILUSTRADA”, ACERCA DO SUJEITO ORACIONAL, CASO EM QUE O VERBO DEVE SER UTILIZADO SEMPRE NA 3ª PESSOA DO SINGULAR.
Nem sempre o sujeito é uma pessoa (nome ou pronome); às vezes trata-se de um fato expresso por uma oração reduzida de infinitivo, ou desdobrada e introduzida por conjunção integrante. A concordância do verbo – chamado unipessoal - será uma só: 3ª pessoa.
Chamam-se unipessoais os verbos que pedem sujeito oracional. Exemplos de tais verbos: convém, ocorre, acontece, apraz, agrada, parece, consta, é necessário, é bom, é urgente.
Examinem-se, inicialmente, estes dois períodos:
Qual o sujeito de "cabe" e de "apraz"?
Perguntemos "o quê", antes do verbo: "o que cabe?”, “o que apraz?"...
Resposta: "ensinar a língua pátria” (sujeito representado por oração de infinitivo e "que tenhas ficado contente" (sujeito representado por oração substantiva integrante).
Com cuidado, agora, examinem-se estes outros exemplos, procurando o sujeito dos verbos sublinhados:
Nota: Frequentemente o objeto do infinitivo se antepõe ao verbo unipessoal e, às vezes, além dessa anteposição, vem repetido (pleonástico).
Exemplos:
Em qualquer hipótese, "cabe" deve permanecer na 3ª pessoa do singular, pois seu sujeito não é "os direitos alheios", mas a oração "defender os direitos alheios".
É isso.
Está correto! O verbo está se relacionando com 'sons'.