01) Assinale o que for correto em relação aos sermões do Padre Antônio Vieira.
Alguns sermões têm o compromisso ideológico de denunciar a tirania dos colonizadores, combater a influência da Reforma Protestante, criticar os padres que não realizavam a contento a ação de catequizar.
O Sermão da Sexagésima é exemplo do pastoralismo típico do barroco. Trata-se de processo estilístico marcado pelo uso de vocábulos eruditos, trocadilhos, perífrases, jogos de palavras e sintaxe sinuosa associado ao procedimento do inutilia truncat.
A Bíblia era fonte constante onde padre Antônio Vieira buscava passagens e citações a fim de desenvolver suas argumentações. É por isso que o Sermão da Sexagésima tem por base a conhecida parábola do semeador.
Alguns sermões refletem a dualidade temática que caracterizou o Barroco, pois mostram o conflito entre espírito e corpo. O orador exaltava longamente as qualidades morais e espirituais. Em momentos de descontração, o autor fazia elogios ao amor sensual e à vida terrena.
O Sermão da Sexagésima retoma a parábola bíblica do semeador, em que Cristo compara o ato de semear ao ato de pregar. Isso porque tanto a semeadura quanto a pregação são trabalhos que não dão retorno rápido e fácil. Vieira critica a forma como os padres pregavam, e os culpa pelo fato de a pregação não surtir efeito.
02) Leia os textos abaixo e responda à questão 2:
Texto 1
“ O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento distingue muito bem S. Basílio Magno: (....) Não são só ladrões,diz o Santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que vão se banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes, furtam e enforcam.”(...) (sermão do Bom Ladrão, Padre Antônio Vieira, 1655)
Texto 2
(...)Roubei dos playba o destaque na cena
Num é à toa que até os cara hoje é meu fã
E as mina clara, privilegiada
Pra roubar o lugar da minha quer tirar o sutiã
Eu que só queria uma bicicleta, mano
Hoje posso comprar à vista o carro do ano
Dei voadora na cultura branca, corda no pescoço
Eles passam e eu rasgo o pano
Não sou querido entre a nata de apropriadores culturais, ó que onda!
É que pra cada discurso que eles fazem é uma vida salva pelo Djonga
Se eu me tornei herói, imagine o que foi pra mim, frustração
Máquina, máquina de fazer rap bom. (canção Ladrão,Djonga, 2019)
Os dois textos, embora distantes no tempo, fazem um elogio ao ato de roubar e defendem a prática do ilícito.
No texto 1, Vieira ao mencionar os ladrões, chama a atenção dos ladrões que encomendam exércitos, legiões, roubam províncias, ou seja, o dano é maior. Já no texto 2, o rapper Djonga utiliza o verbo “roubar” de outra forma: aqui ele “rouba” no sentido conotativo, uma vez que suas canções passam a fazer sucesso, sendo ele um músico que veio da periferia que passa a ser ouvido em relação a músicos de classe social mais elevada.
Sendo Djonga um rapper que veio da periferia, representa justamente a classe social que mais sofria ataques do rei em relação a crimes praticados nos tempos de Vieira, sendo o Sermão do Bom Ladrão um exemplo de ataque direto principalmente aos poderosos da época.
No barroco, Vieira tornou-se conhecido por elaborar sermões de alto teor crítico como o sermão do Bom Ladrão, e continuou pregando livremente sem que nenhum dano lhe acontecesse.
Vieira raramente faz uso de citações e alusões a personalidades importantes da história em seus sermões.
03) Leia os trechos e responda à questão 3:
“[...] Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia, e como fosse trazido à sua presença um pirata que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém, ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim.
- Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. [...] Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades e interpretar as significações, a uns e outros definiu com o mesmo nome: Se o Rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata, o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.[...]”
“O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres.”
(Sermão do Bom Ladrão. Padre Antonio Vieira.)
O excerto acima pertence ao Sermão do Bom Ladrão, do padre Antônio Vieira. Nesse texto, o autor faz uma crítica à justiça desigual para pobres e ricos.
Vivendo em meio a perseguições político-religiosas, Vieira desafiou a hipocrisia humana, a Companhia de Jesus e a própria Inquisição.
Na época de Vieira, o sermão era um dos principais meios de comunicação e de doutrinamento dos cristãos da Europa e do Novo Mundo.
Apesar do sermão ser um dos principais meios de comunicação, Vieira ficou pouco conhecido e seus sermões pouco atingiram o público.
O estilo de Vieira é baseado na espiritualidade, improvisação, não há nada de lógico na estrutura de seus sermões.
Uma pequena observação caro aluno:
Coloque as questões ou dúvidas em suas categorias, pois a mesma que vou agora lhe responder não é de Biologia. Ou seja, facilite nosso trabalho, para que possamos lhe ajudar de forma mais eficiente.
Questão número 1:
O1+04+16
Questão número 2:
02+04
Questão número 3:
01+02+04