Se pensarmos na relação entre os portugueses e a cultura indígena na época do descobrimento, acreditava-se que o povo indígena vivia de forma desordenada e indigna. Que tipo de visão está descrita nesta afirmação, levando em consideração o âmbito do olhar cultural europeu?
Este tipo de percepção europeia em relação ao modo de vida das populações não europeias, como ocorreu através do contato com os indígenas na América trata-se de uma visão etnocêntrica, ou no caso europeu, também chamado de "eurocentrismo", pois elege seu modo de vida como superior em relação a outras experiências culturais.
A visão descrita nesta afirmação reflete um tipo de etnocentrismo, ou seja, uma perspectiva que julga as culturas de outros povos a partir dos padrões e valores da própria cultura. No caso, a cultura europeia, particularmente a portuguesa, considerava-se superior e mais avançada, e, portanto, via a organização social dos povos indígenas como "desordenada" e "indigna", por não seguir os modelos de civilização, religião, leis e estrutura social que os europeus valorizavam.
Essa visão era comum durante o período colonial e é uma característica de uma mentalidade eurocêntrica, que considera que a civilização ocidental (no caso, portuguesa) representa o ápice do desenvolvimento humano e cultural. Os europeus frequentemente viam os povos indígenas como "selvagens" ou "primitivos" justamente por não adotarem as normas e instituições sociais europeias, como a propriedade privada, a hierarquia formalizada e as estruturas políticas centralizadas.
Esse tipo de pensamento também estava ligado ao conceito de "civilização" que os europeus impunham como padrão, considerando que as culturas indígenas, por viverem de formas mais ligadas à natureza e com uma organização social diferente, eram vistas como inferiores. Essas percepções estavam muitas vezes associadas a uma justificação moral para o domínio e a colonização, que eram apresentados como uma missão de "civilizar" os povos nativos.
Portanto, essa visão descreve uma postura etnocêntrica, onde a cultura indígena é avaliada de maneira negativa e preconceituosa, com base no que os europeus consideravam como “civilização” e "ordem".