Sim, a partir da Antropologia, todas as práticas culturais são consideradas legítimas. Não existe cultura "superior" ou "inferior", diferentemente do que nos ensina o senso comum, não existe hierarquia quando se trata de cultura.
Por esse motivo, a resposta da segunda pergunta é não. Não há padrões universais que devem ser seguidos, visto que a universalidade é uma construção social. As pessoas estão inseridas e compartilham de culturas distintas e todas devem ser valorizadas.
A questão sobre se todas as práticas culturais devem ser consideradas igualmente legítimas e se existem padrões universais que todos os indivíduos devem seguir envolve uma reflexão complexa sobre a diversidade cultural, relativismo cultural e direitos humanos.
De acordo com a teoria do relativismo cultural, não cabe a uma cultura julgar a outra a partir de seus próprios padrões de valores e práticas. Cada cultura tem seu próprio sistema de normas, valores, crenças e práticas, e todas essas formas culturais devem ser entendidas dentro de seu próprio contexto e não por um olhar externo que impõe normas de outra cultura. Portanto, sob a ótica do relativismo cultural, as práticas culturais são legítimas dentro de seus próprios contextos.
Contudo, essa abordagem também tem suas limitações, especialmente quando algumas práticas culturais entram em conflito com princípios universais, como os direitos humanos. Em alguns casos, práticas culturais que envolvem discriminação, opressão, ou violência podem ser vistas como ilegítimas, mesmo que sejam parte de tradições culturais. Por exemplo, práticas como tráfico de pessoas, trabalho infantil, ou mutilação genital feminina podem ser defendidas dentro de certos contextos culturais, mas muitas vezes são condenadas por padrões internacionais, com base em princípios de direitos humanos.
Em relação à existência de padrões universais, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), adotada pela ONU em 1948, propõe um conjunto de normas e direitos fundamentais que se aplicam a todos os seres humanos, independentemente de sua cultura, religião ou etnia. Esses direitos incluem a liberdade de expressão, o direito à educação, o direito à vida e à segurança, a proibição da tortura, entre outros. A ideia central é que, apesar das diferenças culturais, existem princípios éticos universais que protegem a dignidade humana e devem ser respeitados em qualquer cultura.
Portanto, enquanto o relativismo cultural defende a aceitação das práticas culturais locais, o universalismo defendido pelos direitos humanos sugere que há certos padrões e direitos fundamentais que todos os indivíduos devem seguir e que são independentes de contextos culturais específicos.
Não podemos afirmar de maneira absoluta que todas as práticas culturais sejam igualmente legítimas em todos os contextos. Muitas práticas culturais são legítimas dentro de seus próprios contextos e devem ser respeitadas, mas é necessário também ter em mente que existem princípios universais, como os direitos humanos, que devem ser protegidos, independentemente das diferenças culturais. Por isso, o desafio está em equilibrar o respeito pela diversidade cultural com a proteção de direitos universais e a promoção da dignidade humana.