O Príncipe foi escrito em 1513, mas foi publicado somente em 1531, cinco anos após a morte do autor. A obra é um manual ao governante, onde Maquiavel explica os métodos para que ele (o governante) permaneça no poder, sendo ao mesmo tempo amado e temido. Para Maquiavel, as duas maiores virtudes de um monarca são a coragem e a razão.
Maquiavel não teve a pretensão de ensinar um governante a ser bom ou mal, mas a agir politicamente no mundo das aparências. “Penso que é preciso ser príncipe para bem conhecer a natureza do povo, e povo para bem conhecer a natureza dos príncipes”, escreve o autor na dedicatória do Príncipe (MAQUIAVEL, 1997, p.20). Para ele, a questão da aparência é fundamental. As instituições políticas devem ser imortais e o governante deve deixar o seu traço para tornar-se eterno, assim como os grandes personagens históricos que ele cita ao longo de quase toda a sua obra.
Maquiavel não exige que se governe usando a mentira e o terror, ele apenas atenta para se definir uma virtude política para o príncipe. Acima de tudo, o Príncipe não deve ser um impostor. Escreve ele:
é preciso que o príncipe tenha o sentimento desses ecos despertados pelas suas palavras e seus atos. É preciso que ele permaneça livre em face mesmo de suas virtudes, O príncipe deve ter as qualidades que parece ter, e completa: deve permanecer senhor de si o bastante para exibir seus contrários quando isso é conveniente (MAQUIAVEL, 1997, p.99).
Para lutar contra este “inimigo” dentro do Estado, faz-se necessário o Exército. O Exército para Maquiavel desempenha um papel de destaque na formação e manutenção de um Estado, visto que é dele que emana a base que dá sustentação ao governo.
Desta forma, segundo suas palavras,um príncipe não deve ter outro objetivo nem outro pensamento, nem praticar arte alguma fora da guerra, pois é essa a arte que dá ao príncipe não só o poder político-militar dentro do seu próprio estado, como também autonomia na sua ação, porque não depende de mais ninguém além de si mesmo (MAQUIAVEL, 1997, p.92).
Mas para o autor, não é qualquer Exército que representa o poder político-militar, apenas o exército próprio é o que pode fazê-lo porque quando se depende de forças externas, tais como tropas mercenárias, auxiliares ou mistas para se proteger o estado, facilmente se arruína, uma vez que se oferece seu Estado a outros. Maquiavel tomou como exemplo os personagens históricos como Alexandre, Júlio Cesar e aconselha os príncipes que olhem sempre o passado para aprender suas lições.
Engana-se aquele que pensa que o objetivo de Maquiavel era somente orientar o Príncipe para que o mesmo se mantivesse no poder