Oi Thais! Como vai?
Achei sua pergunta excelente.
Como você mesma mencionou, o Brasil é um país ainda muito conservador e machista, além de ser muito mediado pelos debates religiosos. Essas características acabam por atrasar o debate sobre o direito ao aborto. Ano passado, chegou a começar a entrar em trâmite o debate sobre a legalização do aborto, a pedido da ministra Rosa Weber (agora aposentada); entretanto, o processo foi arquivado (por um ministro).
O direito ao aborto, de fato é uma medida que busca trazer proteção e dignidade à vida das mulheres; entretanto, o mesmo é visto enquanto uma afronta à ideologia religiosa. É preciso frisar, ainda, que mesmo em países europeus que houve a legalização do procedimento, muitas mulheres ainda se sentiam inseguras a realizá-lo, por conta das cicatrizes deixadas pelo conservadorismo no meio social.
Deixo como sugestão de materiais complementares sobre o tema dois itens:
1) Esse texto, que fala sobre a legalização do aborto em Portugal: https://passapalavra.info/2020/09/134119/
2) O vídeo da Débora Diniz em prol da legalização do aborto, em uma audiência no STF: https://www.youtube.com/watch?v=kuzNoNoYrTg
No que precisar, estou aqui!
Um abraço,
Juliana Antunes
Cientista Social (UFG). Mestranda em Ciências Sociais (UERJ).
Olá Thais.
Existe a pauta, porém a cada eleição o congresso se apresenta mais conservador e as discussões progressistas são barradas.
O seu raciocínio está bem amplo, demonstrando que é algo sobre o qual você reflete bastante, porém a sua pergunta é quase uma adivinhação... Para conseguir a aprovação do aborto legal (o feminino, pois os pais são permitidos escolherem se querem exercer a paternidade ou não e quase nunca escolhem exercer) precisamos eleger a maioria dos candidatos mais alinhados a essa pauta progressista, mas o Brasil vem num processo de retroceder...
Olá! Entre em contato e terei prazer em te auxiliar com essa e outras questões!
A questão da legalização do aborto no Brasil é um tema profundamente complexo, que envolve dimensões jurídicas, sociais, políticas e éticas. A discussão sobre a ampliação do direito ao aborto, visando permitir a sua prática a partir da vontade própria da mulher, reflete a tensão existente entre os valores conservadores predominantes e a demanda por direitos reprodutivos mais amplos. Vamos abordar essa temática a partir de uma perspectiva jurídica, analisando os prós e contras dessa proposta, assim como as possíveis implicações e o contexto legislativo brasileiro.
Atualmente, a legislação brasileira sobre aborto é restritiva. O Código Penal, em seu artigo 124, tipifica o aborto como crime, salvo nas seguintes situações:
Dessa forma, a prática do aborto no Brasil está legalmente autorizada apenas em circunstâncias específicas, e a ampliação desse direito, para que ocorra por vontade própria da mulher, exigiria uma mudança legislativa significativa.
A mudança na legislação, permitindo a legalização do aborto por vontade própria, dependeria de uma série de fatores:
Enquanto o Brasil enfrenta resistência, muitos países europeus, como a França e a Suécia, oferecem modelos mais liberais que permitem à mulher a decisão sobre a interrupção da gravidez. Esses modelos se baseiam em princípios de autonomia e direitos reprodutivos, reconhecendo a capacidade das mulheres de decidir sobre seus próprios corpos.
A possibilidade de uma mudança legislativa em relação ao aborto requer uma análise detalhada das implicações sociais e legais:
O debate sobre a legalização do aborto no Brasil é um reflexo das complexas interações entre cultura, religião, política e direitos humanos. Embora haja um caminho a percorrer, a pressão por direitos reprodutivos mais amplos e a mudança de atitudes em relação ao corpo feminino e à maternidade são indicativos de que a sociedade pode, gradualmente, se mover em direção a uma maior aceitação da autonomia feminina.
A situação das mulheres, especialmente as de baixa renda e em situações vulneráveis, deve ser central na discussão. O reconhecimento de que as condições socioeconômicas influenciam diretamente a capacidade de uma mulher de cuidar de uma criança é crucial. A ampliação do acesso a serviços de saúde reprodutiva, incluindo a legalização do aborto, pode ser um passo importante em direção a uma sociedade mais justa e igualitária.