Leia a descrição que Claude Lévi-Strauss fez do modo de vida adotado pelas populações indígenas da Região Sul do Brasil, quando da ocupação capitalista dessa parte do território nacional, e assinale o que for correto:
De sua experiência efêmera de civilização, os indígenas só conservaram as roupas brasileiras, o machado, a faca e a agulha de costura. Quanto ao resto, foi um fracasso. Haviam lhes construído casas, e eles viviam do lado de fora. Esforçaram-se para fixá-los nas aldeias, e eles permaneciam nômades. As camas, quebraram-nas para fazer lenha e dormiam diretamente no chão. Os rebanhos de vacas mandadas pelo governo vagavam ao léu, já que os indígenas rejeitavam com nojo a sua carne e o seu leite. Os pilões de madeira, movidos mecanicamente pelo encher e esvaziar alternados de um recipiente preso a um braço de alavanca (dispositivo frequente no Brasil, onde é conhecido pelo nome de “monjolo”, e que os portugueses talvez tenham importado do Oriente), apodreciam, inutilizados, mantendo-se a prática generalizada de moagem a mão.
LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 144
África vive (...) prisioneira de um passado inventado por outros.
COUTO, Mia. “Um retrato sem moldura”. In: HERNANDÉZ, Leila. A África na sala de aula. São Paulo: Selo Negro, 2005. p. 11.
A frase se justifica porque:
A humanidade cessa nas fronteiras da tribo, do grupo linguístico, às vezes mesmo da aldeia; a tal ponto, que um grande número de populações ditas primitivas se autodesigna com um nome que significa “os homens” (ou às vezes – digamo-lo com mais discrição? – os “bons”, os ‘‘excelentes’’, “os completos”), Implicando assim que as outras tribos, grupos ou aldeias não participam das virtudes ou mesmo da natureza humana, mas são, quando muito, compostos de “maus”, “malvados”, “macacos da terra” ou de “ovos de piolho”.
LÉVI-STRAUSS, C. “Raça e história”. In: Antropologia estrutural dois. São Paulo: Tempo Brasileiro, 1989. p. 334.
Nesse trecho, o antropólogo Claude Lévi-Strauss descreve a reação de estranhamento que é comum às sociedades humanas quando defrontadas com a diversidade cultural. Tal reação pode ser definida como uma tendência: