Uma definição de Filosofia (1)

Uma definição de Filosofia (1).

Filosofia, “Amor” (Philo / φίλος)” à “Sabedoria” (Sophia / σοφία), palavra grega cuja origem remonta, segundo alguns, à Pitágoras. É a definição básica da palavra e, por isso mesmo, insuficiente. É preciso indagá-la, meditá-la, examiná-la com carinho e atenção, pois tais são as práticas excelentes dos amantes.

De fato, se a Filosofia é o estudo e a ciência da Natureza e do Homem, a ideia do Amor denota o seu método exigido: é preciso o cuidado, a investigação detalhada – amiga e amante - a consagração de uma vida. A ciência praticada pelos filósofos e pelos pesquisadores é, assim, exercida para além do tempo e das circunstâncias. É a razão pela qual é preciso advertir aos estudantes que esse aprendizado não considera a hora e o dia: em todos os momentos, o amante do saber percebe ensinamentos e recebe lições enquanto os demais, desatentos, são conduzidos pelos fatos e pelo pretenso saber dos outros. O estudante de Filosofia, por sua vez, tem aquele dom da atenção amiga ao aprendizado posto que é atento, como o educando de Rousseau, ao “livro do mundo”. A atenção aos detalhes é o triunfo do saber.

Mas ao “Amor” (φίλος) da palavra Filosofia temos somada a ideia de Sabedoria. Santo Isidoro de Sevilha, nas Etimologias, e Nietzsche, no Nascimento da Filosofia na idade trágica dos gregos – estes filósofos tão distantes na santidade e rebeldia – alertaram que o termo Sabedoria encontra sua origem na palavra “Sabor”. É isso: a Sabedoria é o resultado de um sabor profundo encontrado na vida – justamente pelos apaixonados pelos detalhes. Este gosto nas coisas possibilita, semelhante ao chefe de cozinha, discernir com delícia os sabores, saber os compostos, as propriedades do Mundo.

Ora, não existe ciência alguma sem tais requisitos. Razão pela qual a definição de Filosofia, brevemente assinada aqui, é por excelência a atividade de estudo, amor e saber; e o filósofo é convocado, sobre todos os demais homens, a ser o amigo, o estudante e o mestre.