Desenvolvimento da Arte Moderna no Brasil
Por: André O.
19 de Julho de 2015

Desenvolvimento da Arte Moderna no Brasil

Artes Plásticas Geral

Com a consolidação da Academia Imperial do Rio de Janeiro, alguns de nossos pintores foram estudar e se aperfeiçoar na França ou na ItáliaJosé Ferraz de Almeida Junior foi um destes pintores que se tornou acadêmico da escola francesa no mesmo período do advento da fotografia e das primeiras exposições impressionistas em Paris. Embora tenha críticos que sustentem que este artista desenvolveu trabalhos mais autênticos antes de sua viagem, as gerações posteriores o saudaram pela ruptura com os temas exaustivos de alegorias e assuntos bíblicos se tornando responsável, aqui no Brasil, por uma rebeldia artística anterior às vanguardas. A euforia que este causou entre seus contemporâneos se deu pelas temáticas regionais, caboclas e caipiras como aquela prenunciada por Monteiro Lobato na coletânea Urupês editada em 1914.

Entretanto, os exemplos mencionados não foram necessariamente as libertação artística nacional e independência literária brasileira. E em geral, os pintores brasileiros que passavam uma temporada no Velho Mundo retornavam de lá europeizados, trajados de indumentária acadêmica. Um pintor que fugiu à essa regra foi Eliseu Visconti, o qual embora tenha sido consagrado em vida graças à triunfos escolares e acadêmicos, se sentiu enojado com os ambientes conservadores das academias, não se conformando com seus êxitos ao desdenhar dos galardões oficiais e optar pela sua consciência artística. Conforme Mário Pedrosa, os precursores do movimento moderno brasileiro só perderam por não terem tido contato com este velho mestre, que aprendeu diretamente na escola neo-impressionista as técnicas da luz, se tornando o primeiro na pintura brasileira a tratar com maestria o perigoso tema da luz tropical.

O escritor Oswald de Andrade atribui à Lasar Segall a primeira exposição de Arte Moderna no Brasil em 1913. Já em 1917, Menotti Del Picchia, também escritor, publica Juca Mulato considerado a antítese do personagem Jeca Tatu de Lobato. Foi neste período que se identificou a necessidade de transformação do pensamento e a integração do Brasil em si mesmo entre os intelectuais do primeiro grupo modernista. Estes buscaram ensinamentos em mestres europeus que pouco conheciam sobre nosso meio, perdendo a chance de encontrar na obra viscontiana preciosas indicações para o futuro das nossas manifestações artísticas. Separado e isolado deste grupo, Eliseu Viconti ainda viveu vinte anos após a incursão moderna e só obteve reconhecimento integral depois de sua morte, quando não poderia mais contribuir com os talentosos artistas que participaram da famigerada Semana de 22.

O modernismo está totalmente ligado às grandes cidades, com o início da eletrificação destas, onde propiciou rua, bares e cafés iluminados à noite e promoveu um convívio que até então era inexistente. Neste ponto, São Paulo estava na frente do Rio de Janeiro segundo Mário de Andrade, sua atualidade comercial e industrialização estava em maior contato com as atualidades do mundo. Foi neste ambiente também que eclodiu, ainda no século vinte, os Museu de Arte de São Paulo e Museu de Arte Moderna criados na tensão dos debates polarizantes entre o figurativo e o abstrato. Idealizado pelo MAM, surgiu também a 1ª Bienal Internacional de São Paulo inaugurada em 1951, completado sua função de ligar a América Latina ao circuito internacional de arte e fazendo da bienal um mecanismo de promoção e consolidação da arte moderna e também do campo artístico internacional, assim como em Veneza.

 

 

Referências:

Mário Pedrosa. VISCONTI DIANTE DAS MODERNAS GERAÇÕES. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 1950 (Crítica).

Rita Alves Oliveira. BIENAL DE SÃO PAULO: IMPACTO NA CUTURA BRASILEIRA. São Paulo, 2001 (Artigo).

Rosângela Miranda Cherem. APARÊNCIA E APARIÇÃO, O JOGO DE TRANSTORNOS NUM RETRATO DE ALMEIDA JÚNIOR. Curitiba, 2009 (Artigo).

TV Cultura. SEMANA DE ARTE MODERNA. 2002 (Documentário).

 

Originalmente publicado em:

http://laudanoartes.blogspot.com/2015/05/desenvolvimento-da-arte-moderna-no.html

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