Desenvolvimento da Arte Moderna no Brasil
em 19 de Julho de 2015
Praticamente podemos chamar de Arte Contemporânea as manifestações artísticas que acontecem atualmente, no presente momento. Entretanto, o marco inaugural da arte contemporânea no Brasil é comumente associado ao neoconcretismo que teve sua origem com a publicação do Manifesto Neoconcreto em março de 1959. O manifesto foi assinado por Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis, os quais apresentaram uma nova vanguarda na arte brasileira ao romperem com o movimento concreto que já tinha ganhado terreno no país desde o início da década de 1950.
Algumas características deste grupo são a superação da tela como suporte, o rompimento do espaço tradicional da obra de arte e o estabelecimento da interação entre o trabalho artístico e o espectador por meio de uma relação ativa entre ambos. Um exemplo "concreto" disto pode ser observado em Bichos de Lygia Clark, que são placas de metal polido articuladas por dobradiças e podem ser manipuladas pelo público, conferindo novas formas ao trabalho e induzindo ao espectador participante o papel de completar o sentido da obra por meio desta interação.
Ferreira Gullar é tido como o principal articulador teórico do grupo. Tanto ele quanto o crítico Mário Pedrosa já tinha neste período seus seguidores e uma certa capacidade de influenciar aqueles que se reuniam em torno deles. Foi Gullar que investigando a construção tridimensional de Lygia inventou a denominação não-objeto para se referir àquele trabalho que já não era nem pintura, nem escultura e muito menos relevo como tentou denominar Pedrosa. A descoberta do poeta foi comunicada oficialmente na mesa de jantar do apartamento de Lygia Clark. Esta residência foi um dos pontos de encontro do grupo e o lar de incontáveis conversas sobre as experiências do coletivo no âmbito da arte brasileira e contemporânea. Convencido de que a denominação criada ajudaria nas formulações das novas experiências do grupo, Ferreira Gullar mais tarde publicou a "Teoria do não-objeto".
Além de Lygia, outro artista deste grupo que ganhou notoriedade no circuito internacional foi Hélio Oiticica. Munido de uma capacidade singular de formular linhas de interpretação sobre o próprio trabalho, não se mostrou defasado em relação à produção americana e européia e se manteve em consonância com o discurso das vanguardas dos grandes centro artísticos. Sua obra intitulada Tropicália inspirou os tropicalistas e um de seus conhecidos parangolés também acabou sendo vestido por Caetano Veloso na década de sessenta. Outro trabalho bastante referenciado do artista é a bandeira Seja Marginal, seja Herói uma espécie de estandarte da marginália, também conhecida como cultura marginal que se proliferou para outras linguagens artísticas. Desde sua morte, sua família cuida de seu patrimônio o qual foi parcialmente destruído por um incêndio no ano de 2009.
Referências:
Flávio Rosa de Moura. OBRA EM CONSTRUÇÃO: A RECEPÇÃO DO NEOCONCRETISMO E A INVENÇÃO DA ARTE CONTEMPORÂNEA NO BRASIL. São Paulo, 2011. (Tese de Doutorado)
Originalmente publicado em:
http://laudanoartes.blogspot.com/2015/06/origem-da-arte-contemporanea-brasileira.html