Diversos pesquisadores preocupados com o ensino de Matemática ao longo dos anos tem se preocupado com definir o que se considera um problema. Ao ingressar no mestrado acadêmico em Educação Matemática da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP) passei a refletir mais profundamente sobre o que entendo por problema. Em linhas gerais, um problema em Matemática pode ser considerado como aquilo que não sei fazer mas estou interessado em fazer. Filosófico, não? Mas é isso mesmo. Diversos professores tem erroneamente afirmado que trabalham com seus estudantes a partir da metodologia de Resolução de Problemas. Ora, se estamos concebendo o problema como algo que não sabemos fazer mas temos interesse em fazer, certamente esses professores não estão trabalhando com a metodologia de Resolução de Problemas, uma vez que pouco despertam o interesse de seus estudantes ao ensinar Matemática. Na verdade, esses professores trabalham a partir do paradigma do exercício estudado por Cotton (1998). Esse autor percebeu que a aula de matemática é basicamente dividida em dois momentos: No primeiro o professor volta-se ao quadro, com pouco ou nenhum diálogo com os alunos e apresenta algumas ideias e técnicas matemáticas. Em seguida, os alunos trabalham com exercícios seleccionados, geralmente trabalhando conteúdos que acabaram de ver serem apresentados pelo professor, necessitando tão somente da aplicação de uma fórmula para a resolução. Nesse caso, muitas vezes não há a justificação da relevância dos exercícios e há o reforço da premissa central do paradigma do exercício: a ideia de que para cada questão em matemática existe uma, e somente uma, resposta correta. O que viemos pesquisando e desenvolvendo em escolas paulistas a partir do Grupo de Trabalho e Estudos em Resolução de Problemas (GTERP) é bastante diferente. Buscamos ensinar Matemática através da Resolução de Problemas. As aulas são iniciadas a partir de problemas que gerem interesse no aluno e que permitam ao estudante compreender a necessidade e relevância do que se está estudando. Muitos ainda são os desafios a serem enfrentados no ensino de Matemática no país, e é a motivação e satisfação dos estudantes após cada aula o que tem nos motivado a cada dia mais pensar em novos problemas e situações para trabalhar com nossos alunos. Um grande abraço, foco nos estudos de final de ano, galera.
