Direitos Humanos
em 02 de Abril de 2019
As aulas de Brasil colonial possuem sempre a menção de autores clássicos como Sérgio Buarque de Hollanda, Gilberto Freyre e, as mais aprofundadas, Caio Prado Júnior e Raymundo Faoro - os quais produziram suas obras entre as décadas de 1930 e 1950. No entanto, o conteúdo destas está muito além do Brasil colônia, já que possuem como intenção encontrar as explicações da nossa História, sobretudo a identidade brasileira. "O que é ser brasileiro?"; "Por que o Brasil é, hoje, assim?" São algumas perguntas que estes autores procuraram responder e, claro, são muito criticados.
Tais autores produziram explicações que até hoje aparecem a todo momento não apenas nos livros de História, mas na boca dos políticos e nos noticiários. Sérgio Buarque de Hollanda ao falar do "homem cordial", em "Raízes do Brasil" (1936) - título que diz muito! - deu margem para o "jeitinho brasileiro" e a fama do nosso povo como acolhedor e simpático.
Gilberto Freyre, em "Casa grande e senzala" (1933), contribuiu com o mito da democracia racial no Brasil, ou seja, a ideia de que não existe racismo no Brasil. Algo muito visto recentemente com a resistência a política afirmativa das cotas raciais e em discursos de políticos de extrema direita, como o atual presidente Jair Bolsonaro. Tal afirmação que nega o racismo é desmentida por uma infinidade de dados e pesquisas sobre encarceramento, morte violenta, acesso a educação, desigualdade de renda e outras disparidades.
Também Raymundo Faoro, em seu livro "Os donos do poder" (1958), cunhou o termo patrimonialismo. Tal ideia de que o patrimônio público é apropriada por alguns (em geral políticos) para seu âmbito privado tem sido reforçada - às vezes justamente, outras não - em operações como a Lava Jato.
Foi um prazer conversar com vocês. Até a próxima!