Keynes e as crises econômicas
Por: André B.
12 de Janeiro de 2019

Keynes e as crises econômicas

O governo deveria ajudar as pessoas no tempos de crise ou devemos deixar o mercado se reajustar? Esse foi o grande debate do século XX

Economia Macroeconomia Introdução à Economia

TEORIA KEYNESIANA DESEMPREGO E DO GOVERNO EM TEMPOS DE CRISE

André Luiz Godoy Bueno¹ (UFPR) Ciências Socias (História do Pensamento Econômico)

Professor: Igor Zanoni (UFPR)

Resumo: Este trabalho pretende abordar de maneira simples a teoria geral keynesiana. Analisar o desemprego, seus tipos, suas causas e as medidas que devem ser tomadas segundo a ótica formulada pelo economista britânico, analisando desde a quebra da hegemonia da teoria econômica clássica – a lei de Jean Baptiste-Say – a pretensão da ideia do desemprego até a questão dos gastos dos governos – a política fiscal – como a solução para a crise. E por fim a crítica do economista austríaco Hayek a este modelo, reativando o debate entre os clássicos e Keynes que continua pertinente até os dias de hoje. Palavras Chaves: Desemprego, Crise, Demanda Agregada, Economia Clássica, Políticas Monetárias.

1 INTRODUÇÃO Keynes, foi um célebre economista do século XX, nascido em Cambridge na Inglaterra, é um dos mais importantes pensadores da teoria política econômica, com suas obras que abordam o desemprego, consumo, pleno emprego, papel do governo, moeda e entre outros temas. Sua analise perante o modelo atuante em sua época era crítica. Ele rejeitava a ideia que no livre mercado a “mão invisível” em tempos de crise pudesse salvar o país desta situação e gerar o pleno emprego, então ele se empenhou a fazer um trabalho inovador que tentava diagnosticar as causas do desemprego e flutuações de preços para evita-los.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 APRESENTAÇÃO A inefícácia da solução da economia clássica assolavam os países que mais sofreram com a crise de 1929 (Estados Unidos e Inglaterra) Keynes começou a trabalhar a ideia da teoria geral que abordaria o caráter macroeconômico da situação vigente que contrapõe a ideia principal da teoria clássica dominante no pensamento econômico. Outra ideia inovadora da teoria geral de Keynes era o papel do governo na economia, na questão dos gastos públicos como elemento fundamental para economia em crise, este tomaria um papel importante na economia capitalista, incentivando-a e estimulando-a através dos gastos públicos, mas ele também sugere outras soluções caso esta (gastos públicos) não seja a mais viável como investimentos do governo, ou redução de impostos para estimular a demanda agregada a consumir. Este ponto é importante a demanda em tempos de crises é baixa e é necessário estimula-la segundo Keynes, para que a economia se controle novamente – se diferindo mais uma vez da economia clássica que rejeitava a ideia do estado interferindo na economia – ele diz “o consumo – para repetir o óbvio – é o único fim e objetivo da atividade econômica” (KEYNES.2007.p.94) em outras palavras sem consumo, sem economia ativa. Keynes criticava outra ideia da clássica o equilíbrio no orçamento fiscal, segundo o economista inglês isto agravaria mais ainda as recessões. A austeridade ao gasto público em tempos de crises era irresponsável, pois em tempos de crise o governo deveria se preocupar com o desemprego e não em manter um política que agrava mais o desemprego. Outro fator analisado por Keynes foi a questão da moeda, segundo ele é preferível que a taxa de juros permaneça baixa, e é de suma importância que esta política monetária seja mantida nesse processo, o autor fala da preferência pela liquidez, pois esta se mantém melhor com a taxa de juro mais baixa.

Em seu livro a teoria geral do emprego, da moeda e do juros ele cita um exemplo: “a baixa taxa de juros a longo prazo na Grã-Bretanha [...] movimentos mais amplos realizaram-se por meio de uma série de saltos descontínuos, à medida que a função de liquidez do público, que se acostumara às sucessivas reduções, ficou apta a responder a certos novos incetivos do noticiário ou da política das autoridades” (KEYNES.2007.p.163). Pois quanto mais alta a taxa de juros em consequência disso caí os investimentos, diminuindo as rendas e o consumo, de forma que interfere numa política de pleno emprego de maneira copiosa. Com esta teoria revolucionária Keynes, com o intento de mudar a visão vigente e com uma atividade macroeconômica mais ativa. Na política fortemente influênciada pelo economista britânico o New Deal de Roosevelt implantada nos Estados Unidos entre 1933 e 1937 para fugir da crise econômica de 1929 e também a politica do New Economics de Kennedy, teve forte influência de John Maynard Keynes. Suas teorias são discutidas até os dias de hoje e suas constribuições deixou escolas importantes de economia. Além da “teoria geral do emprego, do juro e da moeda” de 1936, Keynes deixou mais duas outras obras como “a treatise on money” 1930 e “as consequências econômicas da paz” do ano de 1919.

2.2 CRÍTICA A JEAN-BAPTISTE SAY Antes da ideia principal do texto pretendo analisar a teoria vigente da economia pré-crise de 1929 que fazia parte da economia clássica e é resumida na famosa frase nunca escrita por Jean-Baptiste Say, foi atribuída pelos seus estudiosos e ficou como melhor definição de sua teoria economica que consiste em que “a oferta cria sua própria demanda” e assim, caso ocorra uma crise, segundo a lei de Say, com passar do tempo a economia se equilibraria gerando o pleno-emprego como havia antes da crise. Para Keynes a situação era diferente: “Desde o tempo de Say e de Ricardo os economistas clássicos tem ensinado que a oferta cria a sua própria procura; isto significa de modo expressivo, mas não claramente definido, que o total dos custos de produção deve ser gasto por completo, direta ou indiretamente, na compra do produto” (KEYNES.2007.p.34) Em tempos de crise, isto é inviável, segundo Keynes não se deve cruzar os braços esperando a solução do mercado perante um crise que não mostrava solução através do mercado livre. Segundo Keynes era preciso intervir na economia, pois a oferta não estava gerando a sua própria demanda. E como critico do equilíbrio no orçamento fiscal em tempos de crise. Keynes era veemente a favor desta intervenção tão contrária a posição dos economistas clássicos, que fere exatamente esta lei de Say, segundo este último o mercado se auto regularia até o estabelecimento do pleno emprego, Keynes como cético a isto, achava que o governo deveria se preocupar com a questão do desemprego não com o equilíbrio da política fiscal.

2.3 DESEMPREGO E GASTO GOVERNAMENTAL A ideia de Keynes que pretendo discutir é a questão do emprego, ao contrário do pensamentos dos clássicos, a economia poderia funcionar em equilíbrio com altas taxas de desemprego segundo Keynes, pois a questão de que a oferta agregada está em equilíbrio com a demanda agregada, em outras palavras o total de procura por um produto é igual a oferta, o problema não era este e sim o desemprego. Durante a crise de 1929, havia desemprego porque a demanda agregada estava fraca, pois havia produtos com preços baixos mas não havia compradores, e também os preços dos salários baixou e não resolveu o problema dos desempregos. Segundo o autor britânico havia 3 situações de desempregos, a friccional, a voluntária e a involuntária esta ultima negada pelos economistas clássicos, que Keynes define em sua teoria geral. O desemprego friccional que é o desemprego temporário, por exemplo: um trabalhador de uma industria se demite para trabalhar em outra, talvez por burocracias ou por qualquer motivo aleatório este fica desempregado por algum tempo. E o desemprego voluntário como define Keynes"em razão da recusa ou incapacidade de determinada unidade de mão-de-obra em aceitar uma remuneração equivalente a sua produtividade marginal, em decorrência da legislação ou dos costumes sociais” (KEYNES.2007.p.25). Além disso ocorre outros casos um exemplo de um fator do desemprego voluntário básico: é rejeitar a trabalhar por um salário que determinado alguém acha que é muito abaixo do que ele realmente valeria. Mas sua analise de maior importância é o desemprego involuntário.

O desemprego involuntário, ele define como uma forma revolucionária ao ver a questão do desemprego, a escola clássica apenas reconhecia como desemprego o desemprego friccional e voluntário Keynes através da teoria geral define o desemprego involuntário, neste as pessoas ficam presas ao desemprego com as empresas procurando menos mão de obra o desemprego não vira uma escolha, uma definição de Keynes sobre este tipo de desemprego é que: “no caso de uma ligeira elevação dos preços dos bens de consumo de assalariados relativamente aos salários nominais, tanto a oferta agregada disposta a trabalhar pelo salário nominal corrente quanto a procura agregada da mesma ao dito são maiores que o volume de emprego existente” (KEYNES.2007.p.32) Segundo Keynes governo deveria intervir nesta questão do desemprego involuntário – mesmo os trabalhadores se submetendo a menores salários é difícil conseguir emprego em uma economia em crise – que acontece veemente em tempos de crise, rompendo com a ideia da teoria clássica, fazia se necessário investimentos do governo para guiar a crise corrente. A política fiscal (política de gastos do governo) era dada como Keynes como uma solução para a crise, pois não poderia forçar os empresários a produzir mais pois a sua capacidade de produção estava ociosa e a produção da demanda deveria ser efetiva por este motivo da capacidade da produção ociosa. Retornando a política de equilíbrio de orçamento fiscal pouco contribuia para a questão de desemprego na qual Keynes faz seu estudo, era necessário, gastar e fazer investimentos para que a renda nacional se igualasse com a demanda agregada e com um pleno emprego estável. Um política peculiar sugerida por Keynes é quando há uma insuficiência na demanda, utilizando-se investimento público o estado deve promover trabalhos, obras sem lógica, para que pessoas desempregadas tenham afazeres. Uma dessas era cavar e fechar buracos, como um emprego temporário para que estes tenham renda para estimular a questão da demanda agregada, política impensável para os clássicos. Estes gastos são de suma importância para um país em crise com um desemprego relativamente grande, pois quando aumenta o emprego aumenta também a renda agregada assim levando o país para o fenômeno do pleno emprego. Segundo Keynes os gastos na economia em tempos de recessão terá retorno maior do que o valor gasto, pois se o governo fizer investimentos, mesmo que seja obras ilógicas como citadas acima, empregos serão criados, assim estes gastarão mais, assim aumentando a demanda criando esse circulo virtuoso, até que a economia se estabeleça novamente. Esta teoria aclamada por muitos, nem sempre foi bem aceita pela maioria dos economistas, muitos criticaram estas teorias.

2.4 CRÍTICA A KEYNES – HAYEK E FRIEDMAN Um dos críticos das políticas keynesianas era o premio nobel de economia Friedrich August Hayek, de seguimento clássico da economia o austríaco afirmava que esta política keynesiava para sair da depressão era "pão para hoje e fome para amanhã" pois estas medidas são piores e não rentáveis, distorcendo a produção e gerando um problema pior posteriormente. Hayek achava que a crise era causada pelo próprio estado deformando o mercado real e sua intervenção para sair da crise acarretaria numa crise maior. Segundo Hayek: “as políticas de estabilização monetária num contexto de diminuição dos preços originado por um aumento geral da produtividade estão condenadas a produzir uma grave descoordenação intertemporal entre as decisões dos investidores e os consumidores que, mais cedo ou mais tarde, haverá de transformar-se numa recessão econômica.” ¹ (HAYEK.1996) Hayek se demonstrava pessimista perante as “soluções” keynesianas, além de agredir a questão da liberdade, esta questão que fora mais trabalhada pelo economista Milton Friedman Friedman – economista liberal da escola de Chicago – o estado era o que havia causado a crise de 1929, coloca-lo para resolver o problema, agravaria num problema pior e a única solução para crise, segundo Milton Friedman era a volta da economia clássica. Como também achava Hayek. 

3. CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS A teoria keynesiana teve sucesso em sua prática perante as críticas que lhe foram atribuídas e posteriormente a crise, nascera o estado de bem-estar social (Welfare State) – fortemente influenciada pelo keynesianismo – que predominou durante os anos 50, 60 até os 70. As teorias intervencionistas e o estado como provedor do bem estar perdurou a até a volta do liberalismo como neoliberalismo de Margareth Thatcher na inglaterra e Ronald Reagan nos Estados Unidos. As idéias de Hayek e Friedman após a década de 70 eram as que regiam o mundo capitalista, voltando com o ideal clássico que Keynes tanto combatera em tempos de crise. Em 2008 aconteceu uma outra crise no mercado financeiro, muitos atribuem a culpa ao neoliberalismo e outros como seguidores do neoliberalismo atribuem a intervenção do estado. Eles dizem que o estado não era liberal coisa nenhuma, muitos alegam que havia uma intervenção forte do estado e que esta diretamente ligada com a crise.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Perante os resultados da economia keynesiana no período de recessão vemos que suas políticas não são inexpressivas, muito pelo contrário, contribuíram de forma direta para fim da crise. Suas políticas intervencionistas foi o início daquilo chamado de social democracia nos países como Estados Unidos e Inglaterra. Keynes em alguns de seus escritos achava que a economia em tempos de crise deveria ser resgatada pelo estado mas em tempos de estabilidade o que deveria se exercer era a teoria clássica de economia, o livre mercado. Keynes aplicou a sua teoria apenas para tempos de crise, quem mais levou a ideia de estado interventor foram seus seguidores, os chamados keynesianos, minha consideração é a concordância com Keynes em tempos de crises fortes, onde o mercado não consegue dar conta da situação equilibrada o estado deveria agir, mas caso contrário – se o governo continuasse – concordaria com Hayek, o livre mercado é o tipo mais ideal segundo minha concepção para um sistema econômico para criação de riqueza, uma economia livre é fundamental para todos os cidadãos, pois estes teriam mais liberdades, e menos intervenções em suas vidas e escolhas pessoais e econômicas. O mercado é o maior produtor de bens e serviços, o estado não deveria se meter onde ele não tem tanta competência, muitos menos regular de forma equivocada e burocratizar o sistema econômico. A crise querendo ou não tem um pouco do dedo do estado, este por sua vez força o mercado a trabalhar acima da realidade do mercado, muitas intervenções foram feitas antes da crise de 1929, com as expansões do crédito em 1924 comandada pelo Fed entorpeceu a economia americana, esta expansão foi chama por Benjamin Anderson de "o início do New Deal". Hayek, este brilhante economista não foi o meu tema neste trabalho mas sua teoria econômica para mim é mais consistente, neste debate intitulado muitas vezes em “debate do século” Keynes tem razão em determinadas coisas, mas como um teoria permanente de sociedade, – mesmo tendo consciência que este não era o objetivo de Keynes – em minha constatação as teorias da escola de Chicago e austríaca, explicam melhor os fatores e são mais eficientes na questão econômica em determinados assuntos.

 

REFERÊNCIAS KEYNES, John Maynard. A teoria do emprego, do juro e da moeda. Tradição Mario R. da Cruz – 1° Edição. São Paulo : Atlas, 2007 CONCEIÇÃO, Daniel Negreiros. Keynes e a Refutação a Lei de Say. Brasília. Volume 2, nº 2, 2012 . pgs 223 – 231. www.assecor.org.br/rbpo

HAYEK, Friedrich August. El equilibrio intertemporal de los precios y los movimientos en el valor del dinero: in Nacionalismo monetario y estabilidad international. 1996. Unión Editorial y Ediciones Aosta, Madrid. (traduzido a frase citada de Hayek pelo instituto Mises Brasil)

DILORENZO, Thomas. As raízes da crise imobiliária. Instituto Mises Brasil, 2008. Disponível em : http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=124

OREIRO, José Luis, MISSIO, Fabrício J. Equilíbrio com pleno emprego e equilíbrio com desemprego em um contexto de preços e salários flexíveis: o debate entre Keynes e os (neo) clássicos. Curitiba, UFPR.2006.

FRIEDMAN, Milton. Capitalismo e Liberdade. 2° Edição. Nova Cultural. São Paulo.1985. N

ERY, Pedro Fernando Ferreira de Almeida. Uma resenha teórica sobre o desemprego involuntário in: Economia e Desenvolvimento, Recife (PE), v. 11, nº 2, 2012

SOTO, Jesus Huerta.A Escola Austríaca - Tradução de: André Azevedo Alves - São Paulo : Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010. 100p.

BENJAMIM, Anderson, Economics and the Public Welfare (Nova York: D. Van Nostrand, (1949) frase citada em artigo do Mises Brasil disponivel: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=376

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