Contabilidade internacional – Ensaio sobre sua conceituação.
A contabilidade internacional é um ramo da contabilidade geral que estuda as diferenças entre os países quanto ao reconhecimento, mensuração e evidenciação das variações patrimoniais das entidades. Ela deve proporcionar o entendimento do impacto dessas diferenças e os ajustes necessários à análise econômico-financeira e a decisão de investimentos.
Confunde-se com o estudo das normas internacionais de contabilidade emitidas pelo IASB e a adesão que o Brasil fez recentemente no processo de harmonização e convergência, tornando nossa contabilidade atual com maior foco financeiro e societário através da emissão de pronunciamentos contábeis.
Porém, cada país tem suas próprias normas derivadas de sua cultura e de seu sistema legal que impactam a contabilidade local. As diferenças são minimizadas com a adoção das normas internacionais, conhecidas mais como IFRS, mas não são eliminadas. O próprio processo de tradução dessas normas, originalmente em inglês, passa por análises frente ao arcabouço legal do país, notadamente as implicações fiscais.
Assim compreende-se que a expressão “contabilidade internacional” tem uma amplitude maior que o estudo das normas internacionais adotadas, pois compreende também o estudo das razões das diferenças, aspectos relacionados aos princípios contábeis, o desenvolvimento da educação contábil, a interferência governamental, os riscos cambiais, a economia local e a inflação, bem como avaliar a desempenho das filiais ou subsidiárias.
A diversificação dos investimentos pelo mundo globalizado, onde o capital busca oportunidades de lucro, leva as empresas e investidores a diferentes países, encontrando em cada um, critérios divergentes de contabilização que alteram significativamente o patrimônio líquido, bem como os resultados dos negócios, considerando ainda as mudanças nas taxas de câmbio na conversão do capital em cada moeda corrente.
As práticas de contabilidade internacional se iniciaram pelos empreendimentos multinacionais buscando entender as diferenças nos critérios de contabilização dos fatos econômicos que afetam o patrimônio e a necessidade dos ajustes para reconciliar com as matrizes de origem dos investimentos.
Exemplificando, se num determinado país é vedado lançar como despesas ou custos os gastos pré-operacionais e no país de origem da empresa isso é permitido, há uma divergência nos resultados e no total do ativo da filial ou subsidiária. Identificado tal procedimento, cabe aos contadores apontar o efeito, auxiliando a tomada de decisão dos investidores.
Portanto o foco da contabilidade internacional é identificar essas diferenças entre os países e facilitar os ajustes patrimoniais que devem ser reportados.
Os países que adotaram as normas internacionais de contabilidade emitidas pelo IASB estão convergindo para que as demonstrações financeiras se tornem mais comparativas, porém deve-se lembrar que nos Estados Unidos existem as normas FASB, que ainda tem pequenas divergências com as normas do IASB, fruto da preocupação americana com a defesa dos investidores do mercado de capitais, enquanto as normas do IASB têm também grande preocupação com a defesa dos credores das empresas.
As diferenças não são conflitantes, pois em essência objetivam dar transparência, confiabilidade e comparabilidade adequada aos usuários das informações financeiras.
