Como ajudar meu filho a estudar piano em casa?
Por: Daniel P.
27 de Fevereiro de 2020

Como ajudar meu filho a estudar piano em casa?

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Há alguns anos, quando trabalhava em uma escola de música em Atlanta, dei aulas a uma aluna que irei chamá-la de Joaninha. Joaninha tinha 7 anos de idade e começou a fazer aulas de piano porque viu uma prima que morava em outra cidade tocar quando passava férias na casa dos tios. A mãe de Joaninha, que já havia tocado piano na infância ficou super entusiasmada com o desejo da filha e logo matriculou a filha para ter aulas na escola onde eu trabalhava e comprou um piano para a filha. 

Joaninha iniciou os estudos bem animada, mas logo no primeiro mês ela começou a demonstrar que as aulas estavam muito enfadonhas e uma dia me pediu para aprender uma música de um filme que ela gostava, fiz uma transcrição simplificada e ela aprendeu. Depois de aprender a música, Joaninha estudou comigo por 4 meses e depois parou. A mãe conversou comigo, claramente decepcionada, e explicou que a filha perdeu o entusiasmo depois que aprendeu a música que gostava, e como ela não queria mais estudar em casa, não continuaria com as aulas. Na época me senti culpado. Joaninha me dizia que tinha a "hora do piano" 2 vezes por semana, mas que estudava sozinha, o famoso "mandar a criança fazer a tarefa" e, talvez, com o incentivo e apoio dos pais nas sessões de estudo, Joaninha tivesse tido mais êxito. Lesson learned!

Soa familiar? Já ouvi esta mesma história de professores dos mais variados instrumentos, e até professores de outras disciplinas, alunos adultos que se arrependem de não terem continuado quando eram crianças, de pais que se frustraram e agora tentam arrumar um fim para o instrumento entulhado na sala, às vezes, um dos pais decide aprender a tocar e o piano por sorte acaba ganhando um final feliz.

Alguns dos pais já chegam dizendo que não entendem nada de música e que não sabem o que fazer para ajudar os filhos a treinar em casa e por isso, pais ou responsáveis são sempre bem vindos nas minhas aulas, principalmente no início. Eu geralmente peço a um dos responsáveis que fique nas três primeiras aulas, e sempre convido que retornem quando julgo necessário. Gosto de usar uma caderneta, ou caderno de brochura para fazer anotações para cada aluno, principalmente alunos crianças onde dou instruções do que deve ser estudado, por exemplo: escala de Dó Maior - mãos juntas em uma oitava repetir 5 vezes todos os dias, livro tal página 20 - tocar cada frase 5 vezes exagerando na dinâmica, consertar o dedilhado dos últimos compassos. Ainda dou sugestões quanto à postura e quanto aos objetivos que desejo atingir durante aquela semana, às vezes por escrito, outras em conversa com o responsável. É um trabalho em equipe, somos ao menos três, eu, o aluno e um dos responsáveis.

Divido as aulas em diferentes seções: relaxamento, aquecimento seguido de exercício técnico, repertório (número de peças varia), teoria e/ou história da música e despedida. Meu objetivo é fazer com que o aluno saia da aula sentindo que fez música, sentindo que está progredindo e realizando um bom trabalho, e motivado a aprender mais e a estudar em casa. Para tanto, é necessário que a última lembrança da aula seja uma lembrança prazerosa. Tendo isto em mente, ao final de cada aula eu tento incluir “favoritos”, peças estudadas que o aluno gosta de tocar, escolhas do próprio aluno, transcrições músicas de filme, vídeo game, etc., uma peça à quatro mãos ou alguma atividade de improvisação.

O estudo em casa pode seguir a mesma estrutura, em menor proporção. Para um aluno que está iniciando e, portanto, tendo aulas de 30 minutos, eu sugiro sessões de 10 a 15 minutos ao menos três vezes por semana. Ah, a aula não conta. Que tal iniciar respirando fundo três vezes? Aquecer com uma escala diferente a cada dia? Dividir as peças para os diferentes dias da semana para não tornar o estudo cansativo também é uma ótima ideia. Por vezes, só a companhia durante as sessões de estudo é suficiente, a criança se sente mais segura tendo alguém ao lado enquanto pratica o instrumento. E claro, elogios são sempre bem vindos. Assim que eu sinto que uma peça está indo bem eu incentivo o aluno a tocar para outras pessoas: avós, tios, amigos da escola, eu tenho observado que as pessoas estão sempre dispostas a ouvir música, ainda mais se for pra “babar” um pouco pelos sobrinhos ou netos.

Vale ressaltar que aprender um instrumento é por vezes bastante desafiador e não tem como ser uma experiência cem por cento lúdica e relaxante. Nem sempre conseguimos executar o que é proposto na primeira tentativa e a repetição faz parte do processo. Não conseguir tocar um trecho ou uma peça é normal, é por isso que desconstruímos as partes difíceis e as estudamos das mais variadas formas. É sempre mais fácil e confortável tocar o que já foi aprendido, contudo, aprender coisas novas é um desafio que pode ser bastante prazeroso e recompensador. 

Fica aqui uma tabela como sugestão para acompanhar o estudo, às vezes eu desenho uma tabela no caderno dos alunos para eles preencherem. O legal de ter impresso em uma folha separada, é poder fixar na geladeira ou em outro local que fique visível.

Obrigado por ler até aqui!

Bom estudo!

Daniel

Texto retirado de https://danielpadovanpiano.wordpress.com/2020/02/27/como-ajudar-meu-filho-a-estudar-em-casa/

 

R$ 75 / h
Daniel P.
Marília / SP
Daniel P.
5,0 (2 avaliações)
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Piano Erudito Técnicas de Piano Correpetição para cantores e instrumentistas
Mestrado: piano performance (Georgia State University)
Aulas de piano para todos os níveis e idades com professor qualificado e experiente
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