O clima nas redações não é dos melhores. 

Demissões, equipes reduzidas, velocidade da internet, cada vez menos aprofundamento e a busca por matérias rápidas, que viralizem nas redes. Seja por um tema polêmico, um título “caça click” ou uma imagem chocante.

O ponto é que: os veículos de notícias ainda não descobriram como transformar seu trabalho em algo rentável na era da internet. E isso nada tem a ver com os jornalistas, que se desdobram para fazer o que é exigido pela direção, ao mesmo tempo em que desejam ter espaço para aplicar novas ideias.

Mas, enquanto os veículos andam em círculos, para provar seu valor e voltar a atrair anúncios, as empresas passaram a produzir seu próprio conteúdo.

Ao invés de pagar para jornais e outros veículos da mídia para que seu conteúdo seja divulgado sob a forma de anúncio, as marcas começaram a fazer seu próprio conteúdo – e veiculação - para alcançar seu público alvo.

Ao invés de ter um intermediário para “vender”, as marcas passaram a ser veículos de seu próprio material.

 

Mecenas

Com um budget que pode ser trabalhado dentro de casa, e ferramentas cada vez mais acessíveis, as marcas passaram a criar conteúdos extensos, profundos e multiplataforma.

Michael Grimes até disse que esse movimento se parece com o que a família Medici fez na Itália no século XV. Só que ao invés de esculturas e afrescos, podemos ver um movimento editorial de qualidade e muito profissional, com liberdade de criação e recursos muito maiores do que os das redações.

Dois exemplos de marcas que estão fazendo história com o marketing de conteúdo são: GE e Marriott.

A GE já é uma marca conhecida, teoricamente não precisariam se esforçar tanto nesse tipo de comunicação. Mas eles produzem um material fantástico. São podcasts, séries online, revistas, e até as redes sociais, que são repletas de conteúdo e curiosidades. (Uma salva de palmas para o Snapchat, divertido e cheio de assunto interessante: @GeneralElectric)

A Marriott é uma rede de hotéis, e agora se autodenomina também uma empresa de mídia. Não é por menos, ano passado eles inauguraram um estúdio só para produzirem seus próprios conteúdos, que incluem: um curta ganhador de um Emmy (Two Bellmen), programas de TV, revistas de turismo e até experimentos com realidade virtual.

 

Mas, o certo não é fazer textos rápidos? O que o público quer?

Talvez essa seja a chave fundamental de tudo o que está sendo dito aqui.

Qualquer leitor tem muito mais chance de se identificar com um material completo, extenso, aprofundado, com pesquisa e entrevistas, dados confiáveis e uma narrativa interessante.

Claro que listas e textos de leitura rápida também têm seu espaço, mas ninguém se “sustenta” só com esse tipo de informação.

O próprio Buzzfeed analisou seus textos e verificou que os conteúdos mais longos e mais completos têm muito mais compartilhamento do que os posts mais simples.

Vemos uma inversão de papéis: as redações fazem materiais superficiais e empresas criam conteúdo aprofundado.

Sorte nossa do leitor, que começa a perceber onde pode procurar a informação.

Você conhece outra marca que está sendo bem sucedida na produção de conteúdo? Deixa aqui nos comentários que eu quero ver! :)