Como ser mais competitivo sem perder as conquistas sociais
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Por: Diego D.
13 de Fevereiro de 2016

Como ser mais competitivo sem perder as conquistas sociais

Administração Empreendedorismo Geral Recursos Humanos Logística Investimentos

fonte: http://revistadaespm.espm.br/?p=3762

 

 

Confira a entrevista com o economista-chefe do Departamento de Práticas de Comércio e Competitividade Global do Banco Mundial, Mark Dutz.Combustível indispensável ao capitalismo contemporâneo, a inovação costuma ser erroneamente interpretada como a superação constante das fronteiras da tecnologia e do conhecimento. Na prática, porém, as economias e empresas podem obter enormes resultados com pequenos aprendizados conquistados dia após dia, quase sempre inspirados em boas práticas já disponíveis no mercado. O desafio é estar atento ao fluxo de informação que corre hoje no mundo e saber até onde se quer chegar.

“Essa noção de cadeia global de valor tem menos a ver com inovação de ponta, estando mais relacionada com especialização e desenvolvimento de capacidades que tornem o seu negócio mais competitivo”, sintetiza Dutz, que também chefia a seção para a América Latina e Caribe. Sediado em Brasília, Dutz é um profundo estudioso dos temas relacionados à globalização, especialmente nas economias emergentes.

Para o economista, quatro grandes forças impulsionam hoje a globalização: competitividade, abertura econômica e de ideias, conectividade e capacidades em atividades específicas ou áreas do conhecimento. O Brasil, segundo Dutz, preocupa, principalmente, nos dois primeiros elementos. “Nas regiões que se abriram mais ao comércio, esse fluxo de ideias e valores foi muito maior. O Brasil, que era um país fechado, fechou-se ainda mais nos últimos anos.”

Autor do livro Unleashing India’s innovation: toward sustainable and inclusive growth (Editora World Bank Publications, 2007), Dutz elogia o vibrante empreendedorismo indiano e sua capacidade de trazer soluções inovadoras a partir de ideias simples, impactando positivamente na imensa população carente daquele país. Para ele, há inúmeros sucessos na Índia que serviriam de exemplo para o Brasil. “O verdadeiro desafio é aprender de que maneira a economia pode ser estruturada visando à competitividade, sem perder os avanços sociais que o Brasil registrou nos últimos anos.”

Revista da ESPM — O senhor tem uma longa carreira relacionada ao estudo das economias emergentes. As turbulências da bolsa chinesa vêm preocupando os mercados globais, assim como Brasil e Rússia que, embora por motivos diferentes, estão se afundando em um processo recessivo. A exceção, neste momento, são a Índia e novos mercados emergentes da Ásia. Os Brics, como nova locomotiva econômica, põem em risco o crescimento global no cenário atual? Como o senhor vê a interface entre os Brics e os países em desenvolvimento num futuro próximo?

Dutz — Existem desafios e oportunidades para todos os países. De fato, os Brics são um “acronismo” de países muito distintos entre si, dentro de contextos muito diferentes. Todos os países que se beneficiaram do boom de commodities dos últimos anos estão se adaptando a uma nova fase de maneiras muito particulares. O Brasil, em especial, precisa buscar uma agenda que encontre maneiras adequadas de aumentar sua produtividade, garantindo os ganhos sociais obtidos nos últimos anos. O verdadeiro desafio do Brasil é o de encontrar soluções para criar mais e melhores empregos, de maneira sustentável para a economia do país.

Revista da ESPM — Mas a situação do mercado chinês preocupa no contexto global?

Dutz — É claro que a situação chinesa gera preocupação, assim como em todas as grandes economias. A diferença é que a China tornou-se um ator internacional gigante, com enorme demanda global por produtos e commodities. Por isso, qualquer mudança tem repercussão em todo o mundo. Mas é preciso enxergar o contexto. A China está saindo de um forte ciclo de crescimento por meio do investimento e precisa agora mudar esse modelo para o aumento do consumo interno. Isso impõe grandes desafios para os chineses, como também para todos os demais países. Há muitos ajustes necessários. É como no caso do Brasil, que precisa se ajustar às questões estruturais que não enfrentou na última década.

Revista da ESPM — Há uma década, acreditava-se que a migração da indústria para as economias emergentes era um processo inevitável e que os países ricos se concentrariam cada vez mais em serviços e desenvolvimento tecnológico. A retomada da indústria americana e a força industrial da Alemanha mostram que essa não é uma verdade absoluta. O que tende a mudar nas cadeias globais de valor nos próximos anos e qual a situação do Brasil nesse contexto?

Dutz — Na última década, as cadeias globais de valor foram muito impulsionadas por quatro grandes forças que orientaram o cenário econômico mundial: competitividade, abertura, conectividade e capacidades. Na competitividade, os negócios foram ajustados em função das pressões de mercado, com o objetivo de se obterem produtos melhores e cada vez mais baratos. Toda a cadeia de outsourcing e comércio global foi orientada nesse sentido. Na Alemanha, as empresas abraçaram a competitividade por uma questão de sobrevivência nos mercados em que atuam. No Brasil, isso não aconteceu devido ao ambiente de menor concorrência. Abertura, a segunda força, consiste na capacidade de países e mercados se abrirem para as ideias globais. Nas regiões mais abertas ao comércio, esse fluxo de ideias e valores foi muito maior. O Brasil, que era um país fechado, fechou-se ainda mais nos últimos anos, infelizmente.

Revista da ESPM — Qual o efeito das demais forças globais?

Dutz — A terceira é a conectividade. Nos últimos anos houve uma imensa redução de custos em transportes provocados pela revolução logística que sucedeu os enormes avanços na tecnologia da informação. Nesse ponto, o Brasil não fez os investimentos necessários em sua infraestrutura e tampouco criou os marcos regulatórios que permitissem uma redução significativa dos custos de internet e conectividade. Por fim, temos a questão-chave das capacidades. O mundo inteiro investiu em educação de qualidade, com objetivo de elevar a competitividade da sua força de trabalho. Embora o Brasil tenha avançado muito nesse quesito nos últimos dez anos, há ainda um longo caminho a percorrer. Em resumo, esses quatro fatores — competitividade, abertura, conectividade e capacidades — empurraram diversas partes do mundo para o aumento da produtividade e uma melhoria de posição dentro das cadeias globais de valor, tornando essas economias mais preparadas para as mudanças nos mercados mundiais, com mais especialização em determinados segmentos e capacidade de adaptação. Nesse sentido, a Alemanha se ajustou a esses fatores-chave e se saiu melhor, enquanto o Brasil não.

Revista da ESPM — Sua especialidade são os processos de inovação aplicados à sustentabilidade e inclusão social. Por que o Brasil tem tanta dificuldade para inovar? E como inovar pensando sempre na competitividade?

Dutz — As duas primeiras forças são as mais cruciais para o Brasil conseguir avançar em inovação, competitividade e abertura. Não é correto dizer que todos os empreendedores brasileiros precisam mudar de mentalidade. Nós podemos aprender muito com o sucesso de empresas como a Embraer e a Embrapa, que estão muito conectadas com as cadeias globais de valor. Mas o que faz o sucesso de uma empresa como a Embraer é a pressão da competição global, não apenas uma posição privilegiada dentro de um mercado doméstico fechado. É o caso de uma companhia que tirou proveito dessa vantagem inicial para entender o jogo competitivo global. Um dos problemas das políticas recentes de inovação no Brasil é que estiveram muito focadas em ciência e tecnologia, mas não em processos inovadores de comercialização nos mercados globais. Um ótimo caminho que o Brasil poderia seguir é a convergência entre políticas de inovação e de comércio. Que tipo de política comercial pode ajudar na inovação?

Revista da ESPM — E qual é o caminho para chegarmos a essa resposta?

Dutz — O país deveria observar mais as práticas de empresas brasileiras que já estão atuando bem no exterior e estimular a competição no seu mercado interno. A inovação comercial envolve menos risco, porque ela não consiste em investir muito para se reinventar a roda. O conceito está em aproveitar aquilo que já está dando certo, com um fluxo maior de informação. Ir aos lugares em que as iniciativas estão funcionando melhor e trazer esse conhecimento para o seu mercado. Essa noção de cadeia global de valor tem menos a ver com inovação de ponta e mais com a especialização e o desenvolvimento de capacidades que tornem o seu negócio mais competitivo.

Revista da ESPM — Nossa indústria está pouco conectada com seus pares em outros países?

Dutz — Há um erro na mentalidade brasileira em achar que o país deve fornecer as condições para que as empresas cumpram localmente todas as etapas da cadeia de produção, seja um automóvel ou um iPad, protegendo seu mercado doméstico da concorrência estrangeira. O conceito da cadeia global de valor é produzir um, dois ou três elos da cadeia de maneira muito competitiva, recorrendo a fornecedores mais eficientes em outras atividades no exterior. Dessa forma, a indústria brasileira poderia produzir muito mais, não para um mercado doméstico protegido apenas, mas para o mundo inteiro. Isso criaria mais empregos e de melhor qualidade. O que está em jogo com as cadeias globais de valor é a oportunidade de aprender com os melhores, trocar experiências e elevar a produtividade de sua economia. Para o trabalhador, é também uma oportunidade de aprender com as melhores práticas globais, qualificar suas habilidades e, com isso, ter mais oportunidades no mercado.

Revista da ESPM — O recente relatório Doing Business 2015 mostra uma realidade aterradora do Brasil: estamos na posição 120 em 189 países com mais facilidade para fazer negócios. Entre alguns destaques negativos estão 12 procedimentos para abrir uma empresa, ante a 4,8 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e uma carga tributária de 68,9% sobre o lucro, em relação a 41,3% da OCDE. O que é mais preocupante na lista de problemas brasileiros?

Dutz — Francamente, o que mais me chamou a atenção é que esses relatórios, até pouco tempo atrás, não tinham nenhum tipo de repercussão entre os formuladores de políticas no Brasil. O quadro que você está pintando não é apenas sobre o relatório de 2015, mas é o mesmo desde que o Banco Mundial começou a fazer esse levantamento. O que me deixa mais otimista é o fato de haver um interesse maior das autoridades em melhorar essa situação. O fato de haver hoje uma força-tarefa dentro do Ministério da Fazenda para cruzar todos esses estudos e simplificar processos é muito positivo. Esse relatório é apenas um indicador para os países de como uma série de regulações pode ser simplificada ou complicada para estimular ou frear a geração de mais negócios. Então, o saldo positivo é de que o governo brasileiro parece mais comprometido em simplificar processos para o benefício das empresas. Esse é um processo que, sem dúvida, deve partir das políticas nacionais, mas deve se estender para os níveis inferiores da administração nos estados e municípios. Melhorar sua posição no ranking significará, no futuro, um recado do Brasil de que o país está aberto aos negócios com o mundo e tem procurado melhorar as condições para que as empresas se estabeleçam no país. Esta é uma mensagem muito poderosa.

Revista da ESPM — O relatório aponta que alguns países da América Central e da América do Sul tomaram várias medidas para simplificar os procedimentos para as empresas. A região como um todo está muito atrasada em relação às demais regiões emergentes?

Dutz — Nas quatro áreas-chave sobre as quais falamos anteriormente, a América Latina, como região, ficou para trás. Ela não tomou as medidas para dinamizar sua economia com a mesma eficiência do Extremo Oriente, por exemplo. Quando se observam os padrões de comércio na América Latina versus o Leste Asiático, há diferenças cruciais. Ambas as regiões têm muito comércio regional, mas com enormes diferenças. Na Ásia, há muito mais comércio dentro das mesmas indústrias, como automóveis, por exemplo. Isso contribui para o aumento da produtividade dos fornecedores dentro de uma mesma cadeia, visando ao mercado exportador. Isso não ocorre na mesma intensidade na América Latina. Mais crítico ainda é como as empresas se posicionam nas cadeias globais. Um estudo recente de Augusto de La Torre, economista-chefe para América Latina e Caribe do Banco Mundial, e sua equipe mostra que as companhias do Leste Asiático estão estrategicamente colocadas bem no meio das cadeias de valor. No estágio intermediário entre os bens primários e o produto final. Isso potencializa um crescimento mais rápido, pois as empresas têm muito mais capacidade de melhoria de processos e de aprendizado tanto de quem compra quanto de quem vende no mercado. O Brasil e a maioria dos países latino-americanos, por outro lado, estão normalmente nos primeiros estágios da cadeia de produção, o que limita bastante a capacidade da região em melhorias de processos e ingresso em novos mercados. As empresas asiáticas, por conta disso, estão muito mais conectadas com os Estados Unidos e a União Europeia.

Revista da ESPM — Qual é a saída?

Dutz — O Brasil e os países latino-americanos devem se conectar mais aos países que estão na parte intermediária da cadeia para ter mais acesso aos mercados que estão na ponta da inovação e do desenvolvimento. Essa visão está, de fato, muito presente no novo plano nacional de exportações brasileiro e a uma abertura maior do país aos acordos de livre comércio. Da perspectiva das cadeias globais de valor, esses acordos são importantes para diminuir as distâncias de desenvolvimento tecnológico entre Estados Unidos, Canadá, Europa, América Latina e o Leste Asiático.

Revista da ESPM — A América Latina tem passado por ciclos sucessivos de políticas liberais, crises, políticas estatizantes, e crises novamente. Qual é o ponto de equilíbrio necessário para que a região consiga melhorar sua posição no mercado global?

Dutz — Essa é uma realidade, e eu acredito que parte da solução seja não enveredar para extremos. O problema é que, quando os países migram de políticas de Estado para políticas excessivamente liberalizantes, é difícil encontrar um ponto de equilíbrio. A questão principal da regulação dos mercados por si só é que ela não contempla as desigualdades de riqueza. Em vez de mudar tanto de lado, Brasil e outros países da América Latina devem abraçar aberturas de mercado que consigam, ao mesmo tempo, ampliar sua produtividade e contemplar suas desigualdades. O verdadeiro desafio é aprender de que maneira as economias podem ser estruturadas visando à competitividade, sem perder os avanços sociais que o Brasil, por exemplo, teve nos últimos anos. Há grandes avenidas que são liberais em sua essência, mas que podem trazer ganhos sociais importantes, dividindo a prosperidade.

Revista da ESPM — Existe uma relação muito forte entre inovação e alta tecnologia, mas muitas vezes a inovação consiste em trazer soluções simples para as populações mais carentes. O senhor escreveu recentemente um livro sobre inovação na Índia. Que lições podemos tirar da força criativa e empreendedora dos indianos?

Dutz — Existe um grande entusiasmo sobre o futuro em coisas como nanotecnologia ou avanços que irão mudar a maneira como vamos viver. Mas, em minha opinião, as tecnologias de ponta não deveriam estar no topo da agenda. Para mim, a agenda mais importante está no que chamo de cacth up innovation: como chegar até as tecnologias que já existem no mundo para melhorar a maneira de fazer as coisas hoje. No livro sobre a Índia, que traz uma mensagem importante para países como o Brasil, eu tentei mostrar de que maneira os países podem aprender com os seus melhores exemplos, e com os exemplos de outros lugares, em vez de se concentrarem na busca pela fronteira do conhecimento. A tecnologia de ponta envolve alto risco e investimento, enquanto a minha tese defende o compartilhamento de tecnologias de menor risco e custo, com retornos enormes para a economia e a sociedade. Historicamente, a Índia sofreu com uma imensa dispersão de produtividade, mas se você observar 10% das empresas mais eficientes, elas conseguiram um nível de produtividade cinco vezes maior, muitas vezes baseado em exemplos que vieram do exterior. Se você consegue difundir esse conhecimento para as demais empresas, isso é uma mensagem muito poderosa para o conjunto da economia.

Revista da ESPM — A inovação está muito mais ao alcance da maioria das empresas do que se imagina, então?

Dutz — Em outras palavras, esse movimento faz com que as empresas consigam produzir mais com aquilo que já têm dentro de casa, melhorando a produtividade e qualificação dos seus trabalhadores. Isso contribui para o aumento do consumo e, por consequência, reduz o desemprego. A inovação pode significar mais oportunidades para as camadas mais pobres da população.  As populações mais excluídas normalmente não geram interesse comercial para uma série de serviços, como, por exemplo, inovações que poderiam tratar de várias doenças. Mas se você pratica um processo de inovação que chegue até ela, está criando um mercado que antes não existia. E o governo, nesse sentido, tem um papel muito importante, como estimular o desenvolvimento de maneira inclusiva, tendo como principal objetivo a oferta de mais e melhores empregos. O desafio está em criar canais de distribuição cada vez melhores, com produtos mais acessíveis, chegando a um número cada vez maior de pessoas.

Revista da ESPM — A China, por sua vez, é criticada pela dificuldade em apoiar startups e empresas mais inovadoras. Esse cenário está mudando?

Dutz — Índia e China são países muito complexos. A China foi muito bem-sucedida nessa ideia de catch up innovation: adotar tecnologias que já existiam para novas soluções. Muitas pessoas veem isso de maneira pejorativa como “cópias”, mas não há nada errado em copiar uma ideia e adaptá-la a uma necessidade local. A Índia foi muito bem-sucedida em observar as necessidades da maioria da população em sua política de inovação, mas, no fim das contas, a questão está na geração de empregos e maior qualificação, como o exemplo chinês. Esses dois países evoluíram muito na questão do empreendedorismo.

Revista da ESPM — Como o Brasil pode transformar suas potencialidades no setor primário, como agricultura, mineração e petróleo e fonte de inovação, beneficiando toda a cadeia industrial e tendo em vista aumentar a participação do país nas cadeias globais de valor?

Dutz — Se o Brasil conseguir criar um ambiente capaz de converter sua lucratividade em uma maneira mais competitiva para atender às necessidades dos consumidores globais, trocando mais ideias e experiências com mercados ao redor do mundo, verá que existe um potencial enorme de crescimento para o país. O Brasil tem uma série de vantagens naturais, na agricultura e na mineração. O desafio está em elevar sua posição nas cadeias globais de valor, dentro dessas áreas. Existem oportunidades enormes, como oferecer uma carne bovina com selo zero por cento de desmatamento, por exemplo. Há muito o que conquistar em padrões mais elevados de qualidade e branding [construção de marca], em vez de apenas vender commodities. Mas, novamente, para que esse tipo de empreendedorismo floresça, é preciso que as empresas estejam abertas para competir em mercados globais, abertas a novas ideias e não dependentes a um mercado doméstico protegido.

Diego D.
Diego D.
Limeira / SP
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