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em 08 de Agosto de 2017
“Não há na terra criatura que seja, nem de longe, tão aterradora como um homem verdadeiramente justo.”
“Por que são sempre os inocentes a sofrer mais, quando vocês, os grandes senhores, jogam o seu jogo dos tronos?” MARTIN, Georges: “A Guerra dos Tronos”.
Desde os primórdios da história, o homem tem olhado para o céu à procura de respostas. O homem tem se debatido entre o divino e o profano, muitas vezes sentindo-se órfão, até os dias de hoje.
No momento em que os homens foram expulsos do paraíso, Deus decidiu pelo afastamento, perdeu sua identidade de Pai-Criador, sua serventia foi questionada, decidiu pelo seu silêncio e isolamento, consequentemente, sua morte perante os homens. Os homens foram condenados à liberdade sem escolha. Começamos nosso longo percurso na constituição de um estado de natureza, onde se instaura o medo que nunca mais largará os homens. Uma das formas de sair do império do medo foi estabelecer o contrato social, como forma de organizar-se e enfrentar o desconhecido. Conseguimos estabelecer a sociedade civil, norteada pela lei como forma de organizar nossos costumes e hábitos.
A possibilidade de conhecer o porvir não é desejável nem para o indivíduo nem para a humanidade. Se pudéssemos apresentar para um homem o dia de sua morte, esta não o surpreenderia, e assim voltaríamos ao famoso mito de Sísifo, no qual anunciam sua finitude com o envio da morte em pessoa para buscá-lo, mas este a seduz e engana a morte, o que acarreta grande discussão no Olimpo sobre a serventia dos deuses frente à imortalidade dos homens.
No Gênese, Jeová Deus plantou um jardim no Éden, no oriente, e ali colocou o homem que modelara. Jeová Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal (ou “a árvore do conhecimento de todas as coisas”). Um rio saía do Éden para regar o jardim e de lá se dividia formando quatro braços. (…) Jeová Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden para cultivar e o guardar. E Jeová Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás que morrer”. Finalmente, deve-se notar que uma das características da mitologia levantina aqui representada é a do homem criado para ser escravo ou servo de Deus¹. Nasce nesta passagem o surgimento do medo do homem, no sentido da punição.
Jorge Lorenzo Valenzuela Montecinos
Professor da ESPM-SP, Doutor pela Universidade de Paris em História Social.
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