E agora, Engenheiro?
Por: Diego B.
19 de Junho de 2020

E agora, Engenheiro?

Engenharia

Esse artigo é baseado em uma palestra que ministro para futuros profissionais de engenharia civil e em alguns trechos das aulas para os alunos de graduação. Abordarei assuntos para serem refletidos sobre os motivos de cursar uma graduação de Engenharia Civil e o que esperar para o recém formado. Boa leitura!

Acredito que uma das primeiras e principais perguntas que o próprio aluno deveria se fazer é:

Qual o motivo de eu estar cursando Engenharia?

Parece uma pergunta simples, mas ao se fazer o questionamento, a pessoa é levada a refletir do porque ela está investindo recursos (tempo e dinheiro, principalmente) em uma jornada tão desconhecida. Sim desconhecida, pois a Engenharia Civil sofre grande impacto com os vai-e-vens de nossa economia politiqueira!

Na maioria dos casos os alunos não conseguem responder de prontidão para essa simples pergunta. Aos poucos vão soltando: sou bom em matemática (essa sempre ganha), meu pai/mãe é engenheiro(a), meu pai/mãe queria ter feito uma graduação...e por aí vai. Como nota-se, dificilmente sai um "É A MINHA VOCAÇÃO".

Isso nos leva à um primeiro grande problema:

A maioria dos brasileiros não tem preparo algum para escolher uma carreira ou pelo menos pensar se deve ingressar em uma faculdade ou fazer um curso técnico

Esse é um assunto tão complexo que penso em escrever outro artigo com a ajuda de minha esposa Neuropsicóloga que escolheu a carreira com 11 anos! Fico impressionado até hoje.

Bom, mesmo sem saber direito o motivo de estar sentado num banco universitário, os alunos estão ali, firme e forte, aos trancos e barrancos. Admiro essa parte, principalmente de quem é de origem humilde e que batalha para melhorar suas condições de vida.

Outro ponto é o que espera o recém formado: o mercado de trabalho! Sinceramente, acho injusto a maneira como as universidades preparam o aluno para a atuação profissional. Todo o conteúdo técnico (no caso da Engenharia Civil) é ministrado, os alunos são aprovados nas disciplinas e então são despejados no mercado com pouquíssimo preparo sobre NEGÓCIOS!

Esse é um assunto muito delicado, pois acabou virando até motivo de zombaria: Engenheiro Civil motorista de aplicativo! Não há nenhum problema em ser motorista de aplicativo, sendo formado ou não. É uma forma muito honesta de se ganhar o pão de cada dia. Isso mostra apenas o reflexo de um mercado de trabalho para engenheiros civis totalmente saturado.

O que acontece é que a universidade não prepara o futuro profissional para o mercado de trabalho. Coisas como gestão do negócio, habilidades socioemocionais, finanças pessoais e empresariais são pouco debatidas no ambiente universitário. Assim como no ensino fundamental e médio não são abordados temas como a escolha da carreira, por exemplo.

Então, é muito comum eu ver profissionais recém formados reclamando que não estão recebendo o piso da categoria (POLÊMICA! Assunto para outro artigo) que estão descontentes com a profissão, que não sabem se continuarão na área. Como podemos conferir nesta notícia da CNI. Um pouco antiga, mas ainda condizente com a atualidade.

Apenas 42% dos engenheiros brasileiros atuam na área em que se formam

 

Importante destacar aqui que não estou dizendo que o ensino está certo ou errado, se as universidades estão errando ou acertando. Estou fazendo uma constatação da realidade.

Não adianta nada também expor tudo isso e ser conivente com a situação. Para tentar "acordar" meus pupilos, eu sempre apresento situações reais do dia-a-dia da profissão com os desafios inerentes e também com os desafios de lidar com algum tipo de chefia ou subordinado. Tento também, estimular o desenvolvimento de habilidades socioemocionais que serão muito úteis na vida desses futuros engenheiros. Isso também é um assunto que é estimulado por todas as unidades da Kroton.

Por último, explicarei sobre o título que pode ter 2 interpretações, assim como as situações vivenciadas pelos engenheiros:

  1. A primeira interpretação remete à uma pergunta que é feita pela sociedade e está ligada ao dever moral e a vocação do engenheiro que é de resolver problemas. E agora Engenheiro? Como vamos resolver esse bloco de fundação fora do eixo?
  2. A outra interpretação é referente à um questionamento que TODOS os profissionais deveriam se fazer e tem relação ao preparo de cada um. E agora, Engenheiro? Será que estou pronto para isso?

Uma coisa é certa: o engenheiro nunca para de se aperfeiçoar. A graduação é o primeiro passo para uma longa e desafiadora jornada, mas que é muito recompensadora. Não em termos financeiros apenas, mas pelo fato de resolução de problemas, de impactar positivamente na vida das pessoas, de fazer diferente.

Espero que essas palavras, talvez um pouco confusas, façam com que os engenheiros e demais profissionais e estudantes possam refletir sobre a sua atuação no mundo.

Grande abraço e até o próximo artigo.

Diego Rafael Bieger

Engenheiro Civil e Professor Universitário

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