Clarinete.
em 06 de Setembro de 2020
Os sons da família Madeiras apresentam uma natureza mais macia, mais íntima, com relação aos Metais. A razão da nomenclatura Madeiras é porque estes instrumentos musicais eram construídos basicamente de madeira, apesar de, com o passar do tempo, alguns sofrerem modificações com relação ao material construtivo empregado. Desta maneira, a flauta e o flautim, antes elaborados de madeira, passaram a ser construídos de metal (até a prata é usada!). O Saxofone, feito de metal, utiliza palheta simples de madeira, o que o configura e o classifica na família das Madeiras.
A Clarineta, tradicionalmente é feita de uma madeira densa, escura e muito resistente, chamada ébano (Mpingo, em idioma de origem africano). Mas, por escassez desta madeira ou por barateamento, vem sendo fabricada com ebonite e outros materiais sintéticos.
Vemos, pois, que além do tradicionalismo na classificação dos membros desta família, prevalece o padrão do som produzido, que emana do íntimo das madeiras, com timbre de lenha e resina.
No Jazz, as Madeiras são enormemente empregadas, criando climas de profunda poesia, através de seus sons ricos, suaves, íntimos e líricos.
A combinação inteligente de diferentes instrumentos de Madeiras - e o Jazz desfila sensíveis e competentes arranjadores neste mister - propicia-nos melodias agradabilíssimas e harmoniosas.
As Madeiras se apresentam.
FLAUTA
Membro da família das Madeiras (v. Quadro Sinótico).
A Flauta é um dos mais antigos instrumentos musicais. Há referências da Flauta de Pã no antigo Egito e Grécia, havendo testemunhos da Flauta transversal em monumentos egípcios, há mais de seis mil anos!
Este jurássico instrumento musical, fez o seu tímido debutar por volta do ano de 1565, porém, com o formato de Flauta transversa, assumiu definitivamente a sua posição em orquestras em meados do século XVII. A Flauta não possui palheta para produzir som, sendo chamada de instrumento de embocadura livre. Baseia-se no princípio de, soprando-se através de um orifício oval na extremidade de um tubo, a vibração do ar no interior do mesmo, sonoriza-se. Entende-se isto, na prática, ao soprarmos de través no gargalo de uma garrafa. Comprimentos diferentes de tubo, tamanhos diferentes de garrafas, sons diferentes.
Necessário se faz a identificação dos diversos tipos de Flauta.
Flauta tocada no sentido vertical.
São as primeiras Flautas empregadas nas orquestras. A Flauta Doce, Bloch ou Recorder (nome em Inglês) é um tipo de Flauta Vertical, também chamada Flauta de Bico. É um tubo aberto, com bocal tipo bico, orifícios controladores das notas musicais e discreta campânula. A Flauta Doce apresenta os seguintes tipos:
Baixo em Fá.
São fabricadas com madeira de ótima qualidade, porém estão sendo popularizadas em materiais sintéticos.
A Flauta de Pã, também é um tipo de Flauta Vertical. Compõe-se de uma seqüência de tubos (pente), com tamanhos progressivamente escalonados. A seqüência de sopros na seqüência de tubos resulta na produção de sons cromáticos.
Flauta Transversa, Transversal, Travessa, Oblíqua ou de Sopro Lateral.
A Flauta Transversa é facilmente localizada ou identificada em uma orquestra, pois o seu executante a segura para o lado, enquanto sopra.
Essencialmente, compõe-se de um tubo metálico retilíneo, fechado em uma extremidade e aberto na outra. Próxima à extremidade fechada, há uma abertura oval (embocadura), onde o flautista sopra de maneira passante. Possui treze chaves ao longo do tubo, guarnecidas de feltro ou camurça, a fim de vedar perfeitamente os orifícios.
O músico, ao tocar a Flauta Transversa, utiliza-se de todos os dedos de ambas as mãos, excetuando-se o polegar da mão direita, que é usado para a sustentação do instrumento.
Os tipos de Flauta Transversa são:
Flautim ou Piccollo, em Dó. É uma flauta miniaturizada, com um comprimento praticamente metade da Flauta normal. Como a extensão de escala do Flautim alcança uma oitava acima da Flauta normal, a sua partitura é escrita uma oitava abaixo do seu som real, a fim de evitar-se um exagero de linhas complementares superiores, no pentagrama.
Flauta Contralto ou Alto em Sol. Este tipo de Flauta Transversa apresenta uma extensão de quatro notas acima da Flauta comum.
Flauta em Dó (figura ao lado). É o tipo normal ou comum da Flauta Transversa. Define o instrumento.
Flauta Baixo em Dó. Extensão de uma oitava abaixo da Flauta comum. Apresenta o tamanho mais avantajado das Flautas, tendo o seu tubo uma volta (dobra) em formato de bengala na extremidade aberta, para melhor adequar suas dimensões.
Na foto, em ordem crescente de seus tamanhos, destacamos: Flautim (Piccollo), Flauta Alto, Flauta em Dó (comum) e Flauta Baixo.
Encontramos no Jazz raras aparições de Flauta Doce, Flauta de Pan, ou ainda, Flauta de Bambu, que é um tipo de Flauta Transversa confeccionada com bambu, como os Pífaros ou Pífanos, padrão medieval.
Com relação à Flauta Transversa, a discografia jazzística deste instrumento musical é mais vasta, registrando grandes e famosos flautistas.
Observação interessante: a flauta era antigamente denominada Aulo e Aulete o flautista. Aulética seria, então, a arte de tocar o aulo ou a flauta.
Nas grandes formações orquestrais, nos combos ou no lirismo dos solos, a Flauta Transversa no Jazz colabora com grande expressividade e poesia, na tradução de memoráveis standards melódicos.
Sugerimos comprovar nossa assertiva, através do sopro elegante e preciso de Hubert Laws, Sam Most, Herbie Man, entre outros talentos.
Irão gostar!
SAXOFONE
Membro da família das Madeiras (v. Quadro Sinótico).
Desenho de alguns membros da família dos Saxofones: Sopranino (A), Soprano (B), Contralto ou Alto (C), Tenor (D), Barítono (E) e Baixo (F).
O Saxofone foi inventado nas imediações de 1840 por Adolphe Sax, músico e construtor de instrumentos musicais belga.
Embora o seu corpo seja metálico, a sua boquilha é confeccionada de ébano, madeira escura e resistente. Porém, já são encontrados Saxofones com boquilhas feitas em metal ou material sintético, por razões já explicadas.
Possui uma palheta simples, elaborada com uma cana (bambu) especial que produz um timbre que o caracteriza como um instrumento da família das Madeiras.
O Saxofone reina na instrumentação musical segundo os tipos:
Saxofone Sopranino em Mi bemol;
Saxofone Soprano em Si bemol (figura a direita), podendo ser reto: assemelha-se a uma Clarineta cônica / metálica; ou curvo: como o formato dos demais Saxofones (V. Saxello);
Saxofone Contralto ou Alto em Mi bemol (figura abaixo, a esquerda);
Saxofone Tenor em Si bemol (figura abaixo, a direita);
Saxofone Barítono em Mi bemol;
Saxofone Baixo em Si bemol
Saxofone Contra-Baixo em Mi bemol, de ocorrência raríssima, que segundo informações de entendidos, só existem dezessete espécimes no mundo!
E, por incrível que possa aparecer, há um tipo mais grave da família do sax: é o saxofone subcontrabaixo, conforme foto acima. Maiores informações, vide o endereço.
Costuma-se abreviar a palavra Saxofone, para facilitação oral ou escrita, empregando-se o termo Sax. Assim, comumente, vamos encontrar as expressões Sax Soprano, Sax Alto, Sax Tenor, e assim por diante, o que é logicamente correto.
Há, ainda, tipos estranhíssimos de saxofones, chamados de "membros esotéricos" da família, como por exemplo:
Saxello: é o saxofone soprano curvo, com a campânula aberta como um sino, ficando, mediante esta conformidade, com tamanho reduzidíssimo. Foi utilizado pelo saxofonista Benny Maupin, em gravação com Herbie Hancock, no ano de 1970, o que o tornou mais conhecido. Uma das maiores autoridades, na execução deste extravagante tipo de instrumento musical, é o saxofonista e clarinetista Bob Wilber.
Slide Saxophone: tipo particularíssimo do saxofone soprano em Si bemol, de difícil execução, tendo sido lançado por Snub Mosley por volta de 1920.
Stritch: tipo de Saxofone Alto, modificado pelo saxofonista Rahsaan Roland Kirk.
Manzello: Tipo de Saxello, também com adaptações e modificações, efetuadas por Rahsaan Roland Kirk.
Flexafone: Tipo de Saxofone, idealizado por Roland Kirk, cujas características ainda não pudemos completar.
C-Melody Sax: tipo de Saxofone Tenor em Dó, usado nas décadas dos anos 20 e 30. Possui uma sonoridade intermediária, entre os Saxofones Alto e Tenor. Atualmente, em desuso, é disputado como relíquia pelos colecionadores.
Encontramos, também, para alguns tipos acima, Saxofones cuja afinações alternam-se em Fá e Dó.
Morfologicamente, os Saxofones são constituídos de um tubo metálico cônico, com extensão e calibre de acordo com o tipo assumido. O Saxofone Sopranino é reto, o Saxofone Soprano pode ser reto (modelo mais comum) ou curvo, em forma de cachimbo (modelo mais raro - v. Saxello). Todos os outros tipos, acompanham o formato curvo.
Os Saxofones apresentam vinte orifícios laterais, guarnecidos com chaves e respectivas sapatilhas (idênticas às da Flauta).
Para qualquer tipo de Saxofone, a extensão normal é de duas oitavas e uma quinta justa, sendo que as suas partituras são escritas na Clave de Sol.
Trata-se de um instrumento musical de grande flexibilidade e timbre peculiar, velado, íntimo e sensual. A modernidade de seu mecanismo permite a execução de fraseados com a agilidade desejada, escalas e arpejos velozes, sem no entanto prescindir de sua clareza e de seu lirismo.
O Jazz adotou este instrumento musical como uma de suas vozes mais importantes. A partir de, aproximadamente, 1920 até os nossos dias atuais, a sua presença veio aumentando e aperfeiçoando-se cada vez mais nas harmonias jazzísticas.
Alguns tipos de Saxofone são mais utilizados, outros menos, mas, de uma maneira geral, é um instrumento musical que mais se identifica com a filosofia do Jazz.
Os poucos nomes que vamos apresentar aplaudindo, neste final de espaço gráfico, é uma pequena amostra de uma tremenda legião de talentosos músicos deste instrumento. Procuramos trazer, na Seção Galeria, outros nomes de grandes saxofonistas, homenageando-os pelo seus trabalhos jazzísticos.
Com muita admiração, iluminamos os nomes de Coleman Hawkins, Paul Gonsalves, Bud Tate, Sonny Rollins, Gerry Mulligan, Serge Chaloff, Harry Carney, Charlie Parker, Johnny Hodges e muitos outros...
Vamos ouvi-los!
CLARINETA
Membro da família das Madeiras (v. Quadro Sinótico).
Descendente da antiga Charamela, a Clarineta foi efetivamente "inventada" em 1690 por Johann Denner, que aplicou os aperfeiçoamentos conhecidos na época. De lá para cá, várias modificações foram acrescentadas ao instrumento, até atingir a configuração atual, como nós a conhecemos. A sua introdução nas orquestras parece datar de 1710 ou 1720.
A Clarineta é feita de um tubo cilíndrico (reto), tradicionalmente de ébano, madeira preta, dura e de grande resistência. Atualmente, por escassez desta madeira nobre e por barateamento, fabricam-se Clarinetas de ebonite e de outros produtos sintéticos.
Este instrumento musical, utiliza uma palheta simples (também chamada de palheta batente), similar às dos Saxofones. Trata-se de uma talisca de uma cana especial (bambu), tornada delgada e flexível em uma das pontas. É instalada na boquilha do instrumento, em uma abertura em forma de fenda, sendo presa através de uma braçadeira com parafusos.
Ao soprar-se, a palheta vibra, fazendo também vibrar harmonicamente a coluna de ar no interior do tubo, produzindo som.
As chaves com sapatilhas da Clarineta são idênticas às do Saxofone.
Na extremidade oposta à boquilha, há uma discreta campânula reta do mesmo material do tubo, com exceção aos dois tipos de Clarinetas mais graves, cujas campânulas são metálicas, em forma de cachimbo.
As partituras para a Clarineta são escritas na Clave de Sol.
É um instrumento musical bastante ágil, com um timbre rico e belo, variável de acordo com os registros. Assim, o registro grave, que é chamado de chalumeau, fornece um timbre grave e sério. Já o registro forte propicia um timbre frio e ameaçador. O registro piano é tépido e claro. O registro médio é tipicamente suave. O registro agudo é brilhante e penetrante e, por fim, o registro sobre-agudo é de som chilreante, próprio para efeitos especiais.
A seguir, vamos enumerar os tipos de Clarinetas conhecidos.
Clarineta em Mi bemol ou Requinta (Figura A). É uma pequena Clarineta, com som agudo e estridente. Trata-se de um instrumento transpositor.
Clarineta em Si bemol (Figura B). É o tipo de Clarineta mais usual, normal. É o tipo que define a Clarineta. Também, é um instrumento transpositor, pois para este tipo de Clarineta, as notas são escritas um tom acima da nota que ela realmente toca. Por exemplo, para soar a nota Dó, deve-se escrever a nota Ré.
Clarineta em Lá. É também um instrumento transpositor, porém as partituras devem ser escritas uma terça menor (três semitons) acima do que elas realmente soam. Por exemplo, para soar a nota Lá, deve-se escrever a nota Dó.
Clarineta em Dó (figura C). Apenas este tipo de Clarineta não é transpositor, isto é, reproduzem o mesmo som das notas escritas.
Clarineta Baixo em Si bemol ou Clarone. É também um instrumento transpositor e soa uma oitava abaixo da Clarineta normal. É uma Clarineta grande, de som grave e potente. Possui um bocal metálico e curvo, para facilitar à execução. A campânula, também metálica, é encurvada em forma de cachimbo. Serve-se de um pequeno pé de apoio ao solo, chamado espigão, aliviando o peso da mesma.
Clarineta Contrabaixo em Si bemol. Tipo de Clarineta raramente usada, também transpositora. Soa uma oitava abaixo da Clarineta Baixo (Clarone) e duas oitavas abaixo da Clarineta normal.
Clarineta Contrabaixo em Mi bemol. Instrumento pouquíssimo conhecido. Os seus adeptos a chamam "Rei da família das Clarinetas".
Clarineta Baixo em Si Bemol ou Clarone e Clarineta em Si Bemol
No Jazz, grandes nomes emprestaram os seus talentos a este belíssimo instrumento musical. A Clarineta já foi empunhada por notáveis músicos, no passado e no presente, valorizando todas as qualidades deste instrumento. Com muito prazer, apresentamos os nomes de Benny Goodman, Art Shaw, Pee Wee-Russell, Buddy De Franco, entre outros astros. Cada um no seu estilo próprio, mas cada um dando o seu recado, através deste belo instrumento.
Vamos conferir?
OBOÉ
Membro da família das Madeiras (v. Quadro Sinótico).
Para quem gosta um pouco de História, conta-se que os Cruzados, em suas andanças por Constantinopla, Jerusalém e outras plagas orientais, tomaram conhecimento de um estranho instrumento musical. Este esquisito instrumento oriental era já usado, há muito tempo, pelos sarracenos em suas atividades artísticas, culturais e religiosas. Claro que os Cruzados o trouxeram em seu retorno à Europa, tanto pela curiosidade de suas formas, quanto pelos efeitos sonoros que muito os agradou.
Com o passar do tempo, este instrumento musical sofreu modificações e melhoramentos. Assim também com o seu nome, que até chegar a Oboé, passou por Hocboy e Hoboy.
Já difundido, começou a fazer parte das orquestras nos meados do século XVII.
Atualmente, o corpo do Oboé é constituído por um tubo cônico de madeira e, a melhor escolhida tem sido o ébano , sendo que alguns casos, o cedro.
É um instrumento musical de palhetas duplas. O que isto quer dizer?
Uma fina tira de cana especial (bambu), previamente "de molho" em água, é dobrada em dois, dividindo-a pela metade em seu comprimento. Logo após, é colocada com a sua parte livre (não a dobra) em torno da extremidade de um pequeno e delgado tubo metálico (também chamado "staple"), onde são amarradas firmemente com um cordel fino. Sobre este amarrio, costuma-se passar um fixador, que pode ser um esmalte incolor para unhas. A parte extrema , oposta ao amarrio, terá a sua dobra aparada com uma pequena tesoura, ficando as extremidades livres e justapostas. Caracterizam-se, assim, as palhetas duplas.
Este tubo metálico, já com as palhetas em uma das extremidades, é encaixado pela sua extremidade livre em um pequeno tubo de cortiça, o qual, por sua vez, é encaixado no bocal do instrumento.
Montagem difícil? Os oboístas dizem que não!
Evidentemente, os executantes de Oboé possuem uma "coleção" de palhetas já montadas, prontas para o uso.
A extremidade da palheta dupla é colocada entre os lábios do artista, que, através de um sopro contínuo, fá-las vibrar, reverberando o ar no interior do tubo e produzindo o som.
Exemplificando na prática, as palhetas duplas funcionam da mesma forma quando as bordas de uma folha de papel dobrada vibram, quando sopradas entre os dedos.
O Oboé apresenta um sistema de chaves e sapatilhas peculiares, denominado sistema conservatório. Segundo os especialistas, é o Oboé um instrumento musical em transição, isto é, em processo de desenvolvimento, havendo oportunidades e tentativas de melhorá-lo, cada vez mais.
A Extensão do Oboé compreende duas oitavas justas e uma sexta maior, sendo que as suas partituras são escritas na Clave de Sol.
Assim como na Flauta, a escala do Oboé divide-se em quatro registros: grave, médio, agudo e sobre-agudo.
O timbre do Oboé é nasalado, denso e melancólico, mas pode assumir uma característica alegre e saltitante.
No Jazz, a sua participação é circunstancial e pouco comum.
CORNE INGLÊS
Membro da família das Madeiras (v. Quadro Sinótico).