Ando pensando muito sobre o “role” que as profissões de hoje terão em um futuro bem próximo. Médicos que só olham exames e radiografias. Advogados que recortam e colam sentenças complicadas e se repetem over and over again nos processos que se seguem. Nos motoristas, contadores, policiais, padeiros, professores. Sim professores. O que vamos ensinar para esses pequenos que terão o mundo? Os segredos deste mundo? O conhecimento destes segredos? O que restará para ser ensinado? Será que vamos ficar assim obsoletos? Sapatos gastos na beirada da porta? Lembrança de caminhos que não existem mais? Como ensinar a verdade, teorias, equações, histórias em um mundo onde Fake News se tornaram realidade? Em um mundo em que a verdade se tornou mero ponto de vista? Hoje ainda garantimos nossos trabalhos, pois ainda convivemos com concursos, vestibulares, provas, que sabemos não medem conhecimentos, medem respostas certas. Mas e amanhã? Em 10 anos? Quem sabe 20?Isso é o que sei fazer. Ensinar é o que me alimenta e me faz existir no mundo. Por isso fiquei pensando que preciso aprender a ensinar a querer aprender. Talvez o conteúdo só possa existir se eu ensinar para esse futuro que é preciso abrir o portal mágico do conhecimento, é preciso querer saber. O saber frutifica, prolifera e nunca termina. Eu preciso ensinar essa vontade de saber para os meus alunos. Caso contrário, teremos pessoas que sabem tudo, sem na verdade saberem. Conhecem tudo, sem conhecerem. Porque o conhecimento tem um pouco de inutilidade que preenche a vida, põe pimenta, incomoda, entristece e torna tudo pleno de sentido.
