Hoje falarei como pensei no arranjo da música “Estrada do sol” – Tom Jobim e Dolores Duran, no qual toco com o Duo Fryvan e a cantora Corina Magalhães.
https://www.youtube.com/watch?v=anMz3NMQep0
Primeiramente o arranjo deve respeitar a tonalidade mais adequada para o cantor(a) conseguir cantar com maior facilidade e assim estar dentro da sua tessitura que contém os seus melhores timbres. No caso a tonalidade escolhida foi a de Am, que acabou sendo muito bem-vinda para a idéia que tive dos baixos tocados pelo segundo violão.
Quando eu vou compor ou arranjar para dois violões eu penso como se cada violão fosse uma mão do pianista, para que assim um violão não atrapalhe o outro embolando o som ou fazendo coisas iguais.
Na introdução da música a harmonia mantem-se apenas no IIº e Vº (Dm e G7), então a idéia foi de mudar a afinação, do segundo violão, trocando a sexta corda mí para a nota ré a fim de dar maior peso aos baixos que se repetem durante quase toda a música e também de passar a afinação da quinta corda , originalmente lá, para a nota sol, já que ficaria muito difícil segurar o acorde soando e tocar o baixo pressionando a nota sol na quinta casa da sexta corda.
Para o primeiro violão a introdução foi feita sobre o motivo rítmico mais importante da música, que são as tercinas. Assim criei uma melodia com esta figuração rítmica, com as notas tocadas em terças, característica marcante dentro das composições do Duo Fryvan.
Na parte A da música o segundo violão permanece igual ao da introdução resolvendo no Iº (C7M) ao término da parte, porém adiciono a nota fá # (quarta aumentada) à este acorde, para dar uma sonoridade mais interessante.
Para esta parte o primeiro violão faz uma mistura entre a introdução e citação da melodia da música.
A ponte entre a parte A e B tem uma sequência harmônica de IIº - IIIº - IIº - Iº (Dm – Em – Dm – C7+) nesta parte o segundo violão mantém o mesmo “recheio”do acorde, enquanto o baixo vai caminhando, até que faço uma cadência deceptiva, no caso o Vº (G7) resolvendo no relativo menor VIº (Am9/G) e depois toca-se o Iº (C7+11) que dá um ar suspensivo.
O primeiro violão arpeja as notas da tríade nos dois primeiros acordes, porém nos dois últimos eu sobreponho os acordes, onde é tocado (Am sobre Dm) e (Em76b sobre o acorde C7+ 11).
Na parte B onde a harmonia original é uma progressão de IIº e Vº descendo cromaticamente (Fm79 – Bb713 – Em79 – A713 – Ebm79 – Ab713), o segundo violão passar a ter o papel de violão melódico, onde utilizo a escala hexafônica para dar um efeito de movimentação de acordo com o acorde do momento. Já para o primeiro violão os acordes são “jogados” a cada tempo e neste arranjo o quinto grau foi substituido pelo “sub V” (Fm79 – Fb79 – Em79 – E79 – Ebm79 – Eb79).
Caso tenham dúvidas sobre este arranjo em específico ou como arranjar e compor para dois violões, seguem abaixo os meus contatos.
Abraços!
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