NTELIGÊNCIA EMOCIONAL: Habilidade de Gerenciar Emoções
Muito se fala hoje em dia em Inteligência Emocional, existem sites com testes que tentam provar superficialmente que as pessoas são inteligentes emocionalmente, inclusive existem alguns artigos publicados elencando listas de habilidades que provam que o indivíduo tem Inteligência Emocional. Ledo engano!
Não é tão fácil assim, mesmo porque depende, também, da nossa personalidade e de como fomos criados, como essa personalidade foi construída, qual o tipo de cultura familiar tivemos, como foram os afetos na infância.
Sabendo que herdamos parte da nossa personalidade dos pais - porcentagens herdadas do pai e da mãe - e essa é construída ao longo da vida, devemos saber que a forma como lidamos com as emoções tem a ver com essa personalidade: se fomos criados com pais muito rigorosos e pouco afetivos, no aspecto positivo, aprendemos a nos defender do que nos afeta de forma negativa na vida, e, aprendemos a nos desviar daqueles que nos amam. Essas pessoas são chamadas de frias, portanto, lidam bem com frustrações. Será?
Muitas vezes aqueles que são chamados de frios são pessoas que criaram uma persona, uma aparência rígida para lidar com a dor, o que prova que essas pessoas não têm Inteligência Emocional, ao contrário do que se pensa. A frieza é a defesa de uma pessoa extremamente sensível que prefere se fechar no seu mundo para não lidar com as frustrações, ou até mesmo, não consegue retribuir o amor de outrem porque não aprendeu.
Ter inteligência emocional é reconhecer as próprias emoções e a dos outros, ter resiliência, portanto saber lidar com as intempéries da vida e retomá-la após os conflitos, é não negar as emoções, mas saber para que servem.
As emoções servem para que nos adaptemos ao ambiente, para que possamos fazer parte da sociedade e para que possamos nos defender dos perigos e preservar a espécie. Inclusive para tomarmos decisões assertivas lidando de forma saldável com a economia, ou seja, com a nossa saúde financeira.
Se Inteligência Emocional é a capacidade de lidar com as nossas emoções e com as dos outros, portanto é saber lidar com as emoções positivas e negativas e entender quais os seus objetivos.
Desta forma, as emoções negativas, que são aquelas que geralmente os seres humanos repelem, são as mais importantes, porque preservou a nossa espécie desde o nosso primórdio até os dias atuais.
A emoção do medo, por exemplo serve para nos livrar dos perigos que afetam a nossa integridade física e mental, assim como a ansiedade que é o medo triplicado. A ansiedade nos torna alerta para que possamos lidar da melhor forma com os conflitos do dia a dia. Destarte, ao sentirmos ansiedade antes de ir àquela entrevista de emprego ou quando marcamos um encontro às cegas é porque o nosso cérebro está nos alertando para nos prepararmos da melhor forma, seja para garantir um bom emprego ou para que o nosso encontro se torne um namoro. Isso é preservação da espécie!
A raiva serve para atingirmos objetivos: Imagine se nossos antepassados homo Sapiens não tivessem raiva dos animais que precisavam caçar para comer? Passariam fome e a espécie não mais existiria.
E na tomada de território para abrigar a tribo? E na defesa do grupo contra intrusos? A raiva deve ser canalizada da forma correta, para que possamos traçar metas e atingir os nossos objetivos, assim como os nossos antepassados.
A angústia sinaliza que algo não está bem e precisa ser mudado, portanto nos tira da zona de conforto.
O que os seres humanos precisam saber é lidar com essas emoções, pois quando não sabemos elas se tornam um fardo e podem até virar um transtorno psíquico. É claro que em alguns casos os transtornos são causados por instabilidade química no cérebro, mas nesse caso, especificamente, existe uma probabilidade genética, o que eu posso falar em outro artigo.
As emoções positivas também servem para a preservação da espécie. A emoção do amor, por exemplo serve para os cuidados das mães com o bebê e para unir os casais, pois gera confiança. O amor, além de preservar e unir a espécie, faz com que as pessoas que convivem juntas em sociedade tenham confiança mútua e isso é muito importante para a manutenção do Estado e da economia de um país.
Somos seres gregários, portanto precisamos das emoções para nos adaptarmos à sociedade. Sem elas não tomamos decisões, não preservamos a espécie, não cuidamos dos nossos filhos e não constituímos relações saudáveis e estáveis, seja com os nossos amigos e parentes, no trabalho ou no Estado.
Portanto, ter inteligência emocional é reconhecer como as emoções agem na nossa vida e nas circunstâncias mais importantes da nossa trajetória. Sentir a emoção é imprescindível para isso. Destarte, não podemos negá-las: as emoções devem ser gerenciadas e não evitadas.
Para mais informações e mentoria entre em contato comigo aqui pela plataforma.
Neurocientista e filósofa
Katia Santana