ARTETERAPIA E TECNOLOGIA
em 14 de Outubro de 2023
RESUMO
Peixes que utilizam a interface água-ar para respirar, como o tambaqui, torna-se vulnerável ao contato direto com poluentes, especialmente daqueles que permanecem na superfície da água, como o petróleo. Por meio da olfação, os peixes localizam seus parceiros, alimento e evitam predadores. Tambaquis expostos ao petróleo de Urucu tiveram o mecanismo de reconhecimento de predadores afetado e uma das razões pode ser o comprometimento estrutural do epitélio olfatório. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar os efeitos do petróleo produzido em Urucu na integridade do epitélio olfatório da espécie amazônica Colossoma macropomum. Para isso juvenis de tambaqui (n=6) foram expostos a diferentes tratamentos: água de poço, fração insolúvel do óleo cru, fração solúvel do óleo cru, fração solúvel do óleo mineral inerte, fração insolúvel do óleo mineral inerte durante 1 e 15 dias. O óleo mineral foi utilizado para verificar o efeito de uma camada de óleo sobre o epitélio olfatório. Em seguida foi estabelecido um protocolo de descalcificação para as rosetas olfatórias para possibilitar a obtenção de cortes e montagem de lâminas histológicas.
O experimento para a obtenção das amostras que foram avaliadas neste projeto foi realizado em 2009 pela equipe do Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular (LEEM) – INPA e a análise das amostras foram realizadas em 2011 através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica. Os peixes expostos por 1 dia apresentaram danos no epitélio olfatório, células necrosadas e em degeneração, vacúolos largos e rede de cílios e microvilos em degeneração. E o peixes expostos por 15 dias apresentaram epitélio olfatório mais solto, danos na superfície apical, rede de cílios e microvilos em degeneração, espaços amplos na espessura entre as células, vacúolos muito largos e continuidade da superfície epitelial em degeneração. Os resultados demonstraram que os danos causados no epitélio olfatório do tambaqui são dependentes do tempo de exposição, pois, quanto maior o tempo de exposição ao poluente, maiores são os danos causados na estrutura do epitélio olfatório do peixe, como foi observado nas análises das lâminas de peixes expostos por 1 e 15 dias. As principais diferenças entre um tratamento e outro é que nas lâminas de peixes expostos por 15 dias há espaços mais amplos na espessura das células e células frequentemente desordenadas, dando a aparência do epitélio olfatório mais solto, também foi observada hipertrofia das células.
Palavras-chaves: epitélio olfatório; tambaqui; petróleo; poluentes.