QUÍMICA DOS PERFUMES NO ENSINO MÉDIO

De modo a estreitar os laços entre ciência e cultura geral, é vital que os docentes adotem práticas pedagógicas mais dinâmicas capazes de envolver os alunos na abordagem dos conteúdos. 


Um dos caminhos preferidos é o da contextualização, ou seja, a escolha de temas cotidianos que sirvam como pano de fundo para o ensino dos saberes escolares. 


No artigo, foco desta apresentação, é feita uma discussão sobre a química presente nos perfumes com o propósito de levar para os alunos uma visão contextualizada dessa área do conhecimento, demonstrando a sua aplicabilidade no cotidiano e sua utilidade socioeconômica. Os primeiros perfumes surgiram há mais ou menos 800 mil anos, provenientes da oferenda de fumaça originada da queima de madeira e de folhas secas nos atos religiosos. 


Esta prática foi incorporada nos diversos cultos, na crença de que a fumaça com cheiro adocicado levaria as preces dos fiéis até os deuses. 


Daí o termo ‘perfume’ originar-se das palavras latinas per (que significa (origem de) e fumare (fumaça)). (DIAS & SANTOS, 1996).


Segundo estudiosos, o seu uso de forma particular provavelmente aconteceu entre os egípcios.


Há cerca de mil anos, os árabes aprimoraram a técnica de extração de perfumes, principalmente a partir de flores maceradas.


Com o surgimento do Cristianismo, a utilização de perfume de forma particular foi extinta, uma vez que estava associado a rituais pagãos. 


Os árabes, no entanto, continuaram a perpetuar seu uso, uma vez que a religião praticada por eles não impunha as mesmas restrições.


A busca de especiarias pelos mercadores nas Índias contribuiu com o retorno da perfumaria para o Ocidente.


Mas foi através das Cruzadas que a perfumaria ocidental se aprimorou, uma vez que os cruzados trouxeram todo o conhecimento relacionado às técnicas orientais de produção de perfumes.


No final do século XIII, Paris se torna a capital mundial do perfume. 


As águas de colônia clássicas tiveram sua origem na cidade de Colônia, na Alemanha há menos de 200 anos.

Composição química das fragrâncias

Qualquer fragrância é constituída por óleos essenciais que receberam esse nome porque continham a essência, ou seja, aquilo que confere à planta ou ao animal seu odor característico. 


Os óleos essenciais são compostos por uma mistura complexa de hidrocarbonetos, álcoois e compostos carbonílicos, geralmente pertencentes a um grupo de produtos naturais chamados terpenos.


Segundo Dias & Silva (1996), os químicos já identificaram cerca de três mil óleos essenciais, sendo que cerca de 150 são importantes como ingredientes de perfumes. 


Mas para este fim, os óleos essenciais devem ser separados do resto da planta através da utilização de técnicas baseadas na diferença de solubilidade, temperatura de ebulição e volatilidade.


Exemplos: extração por solventes, destilação por arraste de vapor, entre outros.


Todos os componentes de um óleo essencial podem ser determinados através de técnicas modernas como cromatografia a gás, espectrometria de massa, ressonância magnética nuclear, espectroscopia de infravermelho, etc.


Contribuições da Química na Produção de Perfumes
Desenvolvimento e produção de compostos sintéticos que têm substituído cada vez mais os óleos essenciais naturais.


Síntese de novos compostos com aroma similar ao produto natural, porém com estruturas totalmente diferentes.


Garantia de preservação de certas espécies animais e vegetais que corriam o risco de extinção devido à busca desenfreada por óleos essenciais.


Barateamento no custo dos perfumes e essências, permitindo seu uso por uma fatia mais ampla da população.
O tema “Perfumes: uma Química Inesquecível” permite uma abordagem contextualizada e interdisciplinar que pode ser utilizada em todas as séries do Ensino Médio, conforme a visão do professor e o perfil da turma.


Além disso, estimula a aquisição de conhecimentos relacionados ao manuseio e utilização de substâncias; consumo de produtos industrializados; efeitos da química no meio ambiente; interpretação de informações químicas veiculadas e compreensão do papel da química e das tecnologias na sociedade.


Foram identificadas algumas formas de utilizar esta temática como pano de fundo para os conteúdos teóricos que compõem o programa de ensino de química nas escolas. 

Química Geral
Substâncias.
Misturas.
Métodos de Separação de Misturas.
Volatilidade.
Solubilidade.
Leis ponderais, etc. 

Físico Química
Soluções.
Concentrações.
Pressão máxima de vapor e temperatura de ebulição, etc.


Química Orgânica
Compostos orgânicos e suas propriedades.
Funções orgânicas.
Grupos funcionais, etc.


Nesse intuito, o artigo permite ao aluno situar-se no contexto histórico-social ao qual o conhecimento é produzido, demonstrando os costumes culturais vigentes, a necessidade do desenvolvimento de novas tecnologias para amenizar/sanar problemas enfrentados pela sociedade, o que evidencia a importância da ciência no cotidiano, contribuindo para a formação do cidadão.


Além disso, destaca o ramo da perfumaria, como um campo promissor para atuação profissional, uma vez que é uma atividade econômica em franca expansão no mercado nacional, podendo absorver mão de obra qualificada na área da química.