Vícios de linguagem
Por: Marilia M.
09 de Janeiro de 2020

Vícios de linguagem

Português

Vícios de linguagem

 

O que são vícios de linguagem?

Vícios de linguagem é o nome dado à ocorrência de desvios das normas estabelecidas pela gramática normativa, ortografia, concordância, regência e pronúncia da Língua Portuguesa. Ocorre, na maioria das vezes, por desconhecimento das regras ou por extrema aplicação de informalidade ao se falar ou escrever.

 

Tipos de vícios de linguagem

  • Pleonasmo: Extremamente comum, o pleonasmo consiste no uso de expressões de mesmo sentido, frequentemente lado a lado.

Exemplo: Acabei de entrar dentro de casa e vi que o cachorro havia destruído uma caixa de papelão.

A forma correta seria: Acabei de entrar em casa e vi que o cachorro havia destruído uma caixa de papelão.

 

  • Gerundismo: Aplicação excessiva de verbos, formando um conjunto de três formas verbais na estrutura de locução, sendo que a última forma apresenta-se conjugada no gerúndio. As locuções verbais admitem apenas dois verbos em sua formação.

Exemplo: Eu vou estar falando com o diretor para tentar resolver a situação.

A possível correção é: Eu vou falar com o diretor para tentar resolver a situação.

 

  • Ambiguidade (também conhecido como anfibologia): Expressões que causam possibilidade de dupla interpretação no contexto da frase.

Exemplo: Mariana e Renata estavam na escola. Ela esqueceu a blusa na sala de aula (Ela quem? Mariana ou Renata?).

Para corrigir a sentença, a melhor opção é determinar quem esqueceu a blusa: Mariana e Renata estavam na escola. Renata esqueceu a blusa na sala de aula.

 

  • Barbarismo: O barbarismo é um tipo de erro que pode acontecer em cinco níveis diferentes:

- Pronúncia: Aumento ou retirada de letras ao se pronunciar uma palavra.

Exemplo: Indentidade, no lugar de identidade.

- Ortografia: Escolha incorreta de letra ao se escrever uma palavra. Ocorre comumente nas aplicações de s, ss, c, ç, x, z, sc, g, j, m, n.

Exemplo: Ancioso, no lugar de ansioso.

- Flexão: Desvio ao mudar a forma do verbo nas conjugações de tempos, modos e pessoas verbais.

Exemplo: Se ela não pôr ordem na situação, logo o ambiente de trabalho ficará insustentável, no lugar de Se ela não puser ordem na situação, logo o ambiente de trabalho ficará insustentável.

- Acentuação: Uso de sinal de acentuação em palavras que não contêm acento gráfico, gerando assim desvio quanto à tonicidade.

Exemplo: Rúbrica, no lugar de rubrica.

- Semântica: Incorreção quanto ao significado da palavra. Ocorre com mais frequência em palavras parônimas (com som e grafias parecidas, mas com significados opostos).

Exemplo: Mandado, no lugar de mandato.

 

  • Solecismo: Acontece em três níveis diferentes:

- Colocação pronominal: Posicionamento incorreto dos pronomes diante do verbo.

Exemplo: Não deixarei-me levar pelos comentários maldosos.

Na ocorrência de advérbio de negação, o correto é que haja próclise (pronome posicionado antes do verbo), portanto, a versão correta é: Não me deixarei levar pelos comentários maldosos.

- Concordância: Erro ao se combinar sujeito e verbo.

Exemplo: A gente falamos com ele, mas não resolveu.

A gente, mesmo representando um grupo, está no formato singular, por isso, o verbo falar também deve ser conjugado no singular, dessa forma, temos: A gente falou com ele, mas não resolveu.

- Regência: Escolha incorreta quanto à preposição que acompanhará verbos transitivos indiretos.

Exemplo: Minha amiga e eu vamos no shopping todas as semanas.

O verbo ir, do qual se origina a forma conjugada vamos, rege preposição a, não em, por isso, a versão correta é: Minha amiga e eu vamos ao shopping todas as semanas.

 

  • Neologismo: Reatribuição de significado a palavras que já existem ou criação de palavras novas num idioma por conta de vocábulo que dê conta de expressar o que se deseja. Acontece nos níveis semântico, lexical e sintático.

- Nível semântico: Atribuição de novo significado a um vocábulo que já existe na língua.

Exemplo: A crise financeira está tão grave que é necessário fazer bicos para aumentar a renda.

- Nível lexical: Criação de nova palavra a fim de se expressar algo que o vocabulário existente não é suficiente para dizer.

Exemplo: É preciso ter cuidado com o uso do internetês em situações formais.

- Nível sintático: Ressignificação de estrutura sintática já existente.

Exemplo: Fiquei muito chateada com o bolo que levei (bolo: não comparecer a um compromisso marcado).

 

  • Arcaísmo: Opostamente ao neologismo, o arcaísmo é o fenômeno de se usar expressões que estão em desuso na língua, gerando, com isso, frases rebuscadas, muitas vezes de difícil compreensão.

Exemplo: Vosmecê deseja jantar comigo no próximo sábado?

Vosmecê foi o termo usado no lugar de você.

 

  • Cacofonia: Som desagradável ou inapropriado quando da pronúncia de palavras que estão lado a lado.

Exemplo: Eu não vi ela chegar ontem à noite.

A forma correta da oração acima é: Eu não a vi chegar ontem à noite. Vi ao lado de ela gera o som de viela.

A cacofonia pode ainda se apresentar na forma de:

- Eco: Repetição de rimas.

Exemplo: A menina certamente, alegremente e esperançosamente aguardava a resposta.

- Hiato: Repetição de vogais na mesma sentença.

Exemplo: Você sabe que eu não gosto de tartarugas, portanto, escolha: ou eu ou elas.

- Colisão: Repetição de consoantes na mesma sentença.

Exemplo: Pode parar de pedir por perdão, por favor?

 

  • Estrangeirismo: Incorporação de termos estrangeiros em detrimento das versões da língua nacional.

Exemplo: Ainda não recebi nenhum feedback com relação à minha avaliação.

O substantivo de origem inglesa feedback foi usado no lugar de retorno, resposta.

 

  • Plebeísmo: Uso de gírias, termos extremamente informais e até palavras de baixo calão.

Exemplo: Você é um mané mesmo.

 

Vícios de linguagem X Figuras de linguagem- Diferença

            Conforme vimos acima, os vícios de linguagem são erros, desvios das regras indicadas pela norma culta da Língua Portuguesa. Já as figuras de linguagem servem para criar efeitos diversos numa mesma sentença ou expressão, enfatizando, embelezando, exemplificando, suavizando, gerando sonoridade ou facilitando a compreensão da mensagem. As figuras de linguagem são recursos aplicados na fala ou na escrita a fim de acrescentar expressão ao que se quer dizer.

 

Como evitar os vícios de linguagem?

  • Reconhecimento do vício de linguagem: Para conseguir evitar um vício de linguagem, é imprescindível reconhecer na fala ou na escrita qual vício de linguagem se faz presente.
  • Estudo das formas de correção: Após o reconhecimento, é necessário pesquisar como se corrige o vício de linguagem apresentado.
  • Correção imediata: Ao reproduzir um vício de linguagem, seja na fala ou na escrita, devemos aplicar a correção imediata da sentença, habituando assim nosso cérebro à produção das versões corretas.
  • Leitura constante: Ler bons textos é um recurso que amplia o vocabulário e facilita a formação de frases sem erros e vícios.
  • Escrita regular: Se os vícios de linguagem manifestam-se na versão escrita da língua, será fundamental escrever textos regularmente como forma de treino. As etapas de revisão, correção e reescrita também são elementares para se obter resultados positivos.

 

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