PANORAMA SOCIAL - Afinal...
Por: Nelcimar C.
27 de Fevereiro de 2018

PANORAMA SOCIAL - Afinal...

Pobreza gera violência?

Sociologia Ensino Médio Vestibular ENEM Concurso Curso Superior A Distância Acompanhamento escolar

Salve, Salve Alunos, eu sou Nelcimar Cardoso seu professor particular e hoje vamos falar um pouco sobre uma questão levantada há muito tempo a respeito da sociedade, a final pobreza gera violência?

Na década de 1980, o conjunto habitacional Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, tinha se tornado conhecido como uma das localidades mais violentas do país. Os meios de comunicação, em sua maioria, referiam-se á população do local como “perigosa”, “bandida” e “sem escrúpulos”. Nessa mesma época, e nessa mesma localidade, a antropóloga Alba Zeluar deu início a uma pesquisa que resultaria em um dos livros mais influentes no campo dos estudos sobre violência urbana – A máquina e a revolta.

Após um intenso trabalho realizado por Zaluar na Cidade de Deus pode-se foram desvinculadas duas noções que, de acordo com o senso comum, são tidas como intimamente associadas: pobreza e violência. Essa associação, tão difundida entre muitas pessoas, desenha um círculo de encadeamentos lógicos: o individuo é violento porque é pobre, é pobre porque não tem acesso à educação, não tendo educação não sabe votar nem exigir seus direitos. Nesse círculo vicioso, a criminalidade aparece como uma consequência automática e praticamente inevitável.

Segundo Alba Zaluar afirma que:

“é preciso interromper esse encadeamento de ideias se quisermos realmente entender o problema da violência urbana, não apenas na Cidade de Deus, mas em qualquer outro contexto brasileiro.”

A pobreza não é um ingrediente óbvio da criminalidade. Se assim o fosse, todos os pobres seriam necessariamente criminosos, e todos os criminosos seriam pobres – o que esta longe de ser verdade, como comprovam os chamados crimes de colarinho branco, cometidos por cidadãos procedentes das classes médias e altas da sociedade.

Essa correlação casual pobreza-crime já havia sido contestada em 1978 por Edmundo Campos Coelho (1939-2001). O sociólogo mineiro chamava a atenção para o fato de os períodos de crise econômica, quando aumentam as taxas de crimes violentos. Para o autor, a associação a ser estudada era entre crime e impunidade penal. Ou seja, não punir o criminoso gera mais crime do que situações de carência ou desemprego. Significa que a sociedade esta sinalizando a alguns indivíduos que o crime vale a pena, compensa.

Ainda hoje  a logica que associa pobreza e criminalidade segue prevalecendo no imaginário social, tendo de ser continuamente recusada por vários cientistas sociais. Na grande maioria, os habitantes de lugares violentos e sangrentos – demonstram os pesquisadores – são trabalhadores honestos que repudiam a criminalidade e cujas aspirações são bastante semelhantes àquelas das camadas médias: ter uma casa confortável, oferecer uma boa educação para os filhos, ver a família progredir por meio de trabalho honrado. Se explicação para a violência não esta na pobreza, onde está?

Há sociedades muito pobres, como a indiana, em que os índices de criminalidade são baixíssimos, muito mais baixos do que numa nação rica como os Estados Unidos. A desigualdade, e não a pobreza, tende a resultar em violência no contexto da sociedade de consumo.

 No Brasil, o acesso ao consumo ampliou-se significativamente nas últimas décadas, mas está longe de incluir a todos. E mais: os pobres seguem tendo seus direitos civis muitas vezes desrespeitados. Seu acesso às instituições promotoras do bem-estar e da cidadania é significativamente mais restrito quando comparado com o das camadas médias e altas. Daí muita gente dizer que, no Brasil, alguns são mais cidadãos que outros. Para mudar esta realidade é necessário investimento pesado na educação dos jovens, leis mais rigorosas e que de fato sejam executadas de maneira eficiente, mas acima de tudo uma educação social e cultural nas famílias e comunidades do país.

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