
Apostila - Contabilidade Geral - Introdução

em 01 de Dezembro de 2015
Economia
A Economia
A economia é uma ciência social que se dedica ao estudo dos processos de produção, intercâmbio (troca) e consumo de bens e serviços. O vocábulo deriva do grego e significa “normas da casa”.
Por que estudar Economia?
Questões econômicas têm importância na vida de todos nós. Por exemplo: a probabilidade de se obter bom emprego depende, essencialmente, do ritmo de expansão da atividade produtiva no País — ou seja, da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (o PIB, cuja definição e forma de medida vamos estudar). Quando a produção aumenta, as empresas necessitam de mais operários, mais técnicos, mais funcionários administrativos, etc., o que incrementa a criação de novos postos de trabalho. O crescimento do PIB em geral aumenta também a demanda por serviços do governo, assim como a receita de impostos, o que facilitará a abertura de concursos para o preenchimento de posições no serviço público.
Entender melhor o que se passa na economia é, assim, um objetivo importante. É bom sabermos o que está por trás de uma conjuntura benéfica — empregos abundantes, ausência de inflação, redução na desigualdade e na pobreza, etc.
I - A economia como ciência:
A Economia é uma ciência social, e como todo ramo de conhecimento, tem sua história, com seus fundamentos, autores, e teorias e conceitos que a constituíram como ciência.
B) Mercantilismo: é o conjunto de práticas e ideias econômicas desenvolvidas na Europa na idade média. Na qual o objetivo central era a acumulação de riquezas por parte dos estados nacionais.
B) Quesnay e Quadro Econômico
Médico e economista francês, fundador e principal líder da fisiocracia, a primeira escola francesa de economia, considerada a primeira escola sistemática de economia política e oposta ao mercantilismo. Defendia que a agricultura era a principal fonte de riqueza para um país. Em 1759, publicou a obra Tableau Économique ( Quadro Econômico)
C) Os Clássicos:
Adam Smith foi um economista e filósofo escocês, nascido em 1723. É considerado como aquele que mais contribuiu para a moderna percepção da economia de livre mercado, o denominado liberalismo econômico. Segundo seu livro mais importante, “Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações”, a riqueza das nações e dos indivíduos em geral eram frutos de seus interesses próprios. Ou seja, a promoção do bem com seria determinada pela busca e concorrência dos indivíduos pelo seu próprio beneficio.
David Ricardo David Ricardo nasceu em Londres em 18 de Abril de 1772,
A principal questão levantada por Ricardo nessa obra trata da distribuição do produto gerado pelo trabalho na sociedade. Segundo Ricardo, a aplicação conjunta de trabalho, maquinaria e capital no processo produtivo gera um produto, o qual se divide entre as três classes da sociedade: proprietários de terra (sob a forma de renda da terra), trabalhadores assalariados (sob a forma de salários) e os arrendatários capitalistas (sob a forma de lucros do capital).
Karl Marx Economista, filósofo e socialista alemão, nasceu em Trier em 5 de Maio de 1818 e morreu em Londres a 14 de Março de 1883
Karl Marx trata em sua obra de uma análise do valor. De maneira sintética, o valor nasce do trabalho, pois Marx entende que é a partir do trabalho que as mercadorias surgem e adquire utilidade para a sociedade. Um bem, a marcadoria, apenas tem valor de troca se tiver utilidade. Em sua obra complexa, o autor de "O Capital" explica como as relações de trabalho, produção e circulação se processam e como chegamos à noção de riqueza.
Ainda, segundo Marx, o valor não era simplesmente o tempo que levou um individuo para fazer determinada mercadoria, mas sim o tempo médio, o que ele denominou de socialmente necessário, o que depende também do grau de
d) A escola Neoclássica
A escola neoclássica dominou o pensamento econômico até a década de 30 do século XX. Segundo a escola neoclássica, o preço de um bem ou serviço não representa o valor nele incorporado. O preço é determinado pelo equilíbrio entre oferta e demanda. Ou seja, a relação entre a quantidade disponível e a procura por determinado bem ou serviço. Como os recursos são escassos, os agentes econômicos buscam a melhor alocação de recursos e realizam escolhas racionais em seus investimentos e compras.
e) John Maynard Keynes – Economista Inglês, nasceu em 1883.
Sua principal obra, a Teoria Geral do Emprego,do Juro e da Moeda, revolucionou o pensamento econômico do século XX.
Keynes demonstrou que não existia um equilíbrio automático entre a oferta e a demanda agregada, como preconizava a economia neoclássica. Pode ocorrer uma subutilização ou capacidade ociosa na economia, o que determina o desemprego involuntário.
Keynes propôs intervenções estatais na economia com o objetivo de estimular o crescimento e baixar o desemprego. Para intervir, os estados deviam ampliar os investimentos, baixar as taxas de juros para estimular investimentos privados na esfera produtiva. O investimento estatal gera o um efeito multiplicador, o que amplia a demanda agregada.
A Revolução Keynesiana não influenciou somente a teoria econômica, mas se fez presente no âmbito das políticas econômicas nos países desenvolvidos no pós guerra.
II - A Macro e a Microeconomia:
Macroeconomia e microeconomia são as principais divisões da ciência econômica. A microeconomia é o ramo que estuda o comportamento dos agentes econômicos (unidades individuais) em relação ao mercado consumidor, empresas, donos dos recursos de produção. Chamada também por teoria dos preços, um exemplo de seu trabalho é o estudo das alterações do comportamento de empresas e pessoas em casos de oscilações de preços.
A macroeconomia estuda o desempenho global, ou seja, a economia como um todo. Produção de bens e serviços, taxas de inflação, taxas de desemprego, poupança, consumo, investimentos e governo. É a economia das cidades, nações, dos grandes sistemas econômicos. É ela que estuda e propõe soluções, por exemplo, para situações de desemprego em massa, ou grandes crises de um dado mercado.
III - Como podemos mensurar se a economia está crescendo e em que ritmo?
PIB ou Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território econômico de um país, independentemente da nacionalidade dos proprietários das unidades produtoras. O PIB pode ser mensurado de três formas :
Pela ótica da produção, o PIB corresponde à soma dos valores agregados líquidos, ou seja, o valor da produção dos bens e serviços descontados os insumos utilizados para determinado fim, dos setores primário, secundário e terciário da economia, mais os impostos indiretos, mais a depreciação do capital, menos os subsídios do governo
Pela ótica da renda, o PIB é calculado a partir das remunerações pagas dentro do território econômico de um país, sob a forma de salários, juros, aluguéis e lucros distribuídos; somam-se a isso os lucros não distribuídos, os impostos indiretos e a depreciação do capital e, finalmente, subtraem-se os subsídios.
Pela ótica do dispêndio, resulta da soma dos gastos em consumo das unidades familiares e do governo, mais as variações de estoques, menos as importações de mercadorias e serviços e mais as exportações. Sob essa ótica, o PIB é também denominado Despesa Interna Bruta.
O PIB de uma maneira geral é a forma de mensurar a riqueza de um país, apesar de ser um indicador muito questionado, ainda possui seu caráter de referência na economia de um território.
PIB per capta é o valor do PIB distribuído pelo total de habitantes de um determinado território.Por exemplo, o PIB per capto de um pais, é o PIB dividido pelo número de habitantes.
Tabela 1 - Crescimento do PIB, anual
Ano |
% |
1994 |
5,33436 |
1995 |
4,416832 |
1996 |
2,150499 |
1997 |
3,375298 |
1998 |
0,035346 |
1999 |
0,254078 |
2000 |
4,306187 |
2001 |
1,313119 |
2002 |
2,658094 |
2003 |
1,14662 |
2004 |
5,712292 |
2005 |
3,159674 |
2006 |
3,957035 |
2007 |
6,091411 |
2008 |
5,171598 |
2009 |
-0,32973 |
2010 |
7,533688 |
2011 |
2,732805 |
Fonte: Ministério da Fazenda
Tabela 2 - PIB per capta em dólares
Ano |
Total |
1990 |
5177,313 |
1991 |
5345,083 |
1992 |
5346,565 |
1993 |
5631,116 |
1994 |
5960,657 |
1995 |
6272,33 |
1996 |
6421,735 |
1997 |
6663,958 |
1998 |
6658,803 |
1999 |
6673,809 |
2000 |
7010,455 |
2001 |
7162,658 |
2002 |
7371,988 |
2003 |
7519,124 |
2004 |
8074,357 |
2005 |
8509,426 |
2006 |
9037,932 |
2007 |
9774,803 |
2008 |
10407,79 |
2009 |
10344,22 |
2010 |
11127,06 |
Gráfico I – PIB per capita em Dólar ( 1980 a 1910)
O PIB per capta foi por muito tempo utilizado como parâmetro de comparação para perceber a distribuição de renda e qualidade econômica de um território, hoje indicadores diferentes são utilizados, como o Índice de Gini que mede a distribuição de renda, o IDH que é o Índice de Desenvolvimento Humano, entre outros propostos.
O coeficiente de Gine mede o grau de desigualdade na distribuição da renda domiciliar per capita entre os indivíduos. O valor pode variar de zero, quando não há desigualdade (as rendas de todos os indivíduos têm o mesmo valor), até 1, quando a desigualdade é máxima (apenas um indivíduo detém toda a renda da sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula). Ou seja, quanto mais próximo de 1, maior é a desigualdade de renda.
Gráfico 2 – Desigualdade de Renda – Coeficiente de Gine (1976 a 2009)
IV - Setores da Economia e a Classificação das Empresas
A economia pode ser divida em setores:
Setor Primário: Engloba as atividades relacionadas à produção e comercialização de bens da natureza, como a agricultura, a pecuária, a silvicultura.
Setor Secundário: Engloba as atividades relacionadas aos bens industrializados, a transformação das matérias primas, como por exemplo: roupas, máquinas, automóveis, eletrônicos, e etc.
Setor Terciário: Engloba as atividades relacionadas ao comércio e a prestação de serviços.
As empresas podem ser classificadas:
a) por setor:
Exemplo: uma granja
- Secundário:
Exemplo: indústria automobilística
- Terciário:
Exemplo: Um Supermercado
b) pela forma jurídica:
c) pelo porte (tamanho):
Quadro I – Classificação das Empresas segundo o número de empregados
Porte da Empresa |
Números de Empregados |
|
Comércio e Serviços |
Indústria |
|
Micro Empreendedor Individual |
Até 2 |
Até 2 |
Microempresa |
Até 9 |
Até 19 |
Empresa de Pequeno porte |
10 a 49 |
20 a 99 |
Empresa de Médio porte |
50 a 99 |
100 a 499 |
Empresa de Grande porte |
100 ou mais |
500 ou mais |
Quadro II – Classificação das Empresas segundo a receita
Classificação |
Receita operacional bruta anual |
Microempresa |
Menor ou igual a R$ 2,4 milhões |
Pequena empresa |
Maior que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões |
Média empresa |
Maior que R$ 16 milhões e menor ou igual a R$ 90 milhões |
Média-grande empresa |
Maior que R$ 90 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões |
Grande empresa |
Maior que R$ 300 milhões |
O que é a inflação?
A inflação é o aumento contínuo de preços de bens, produtos e serviços em uma determinada região durante um período. Ao mesmo tempo em que os produtos se tornam mais caros, o poder de compra da moeda nacional diminui.
Por exemplo: em um país com inflação de 1% ao mês, um trabalhador compra uma cesta de produtos em determinado mês e paga R$ 100. No mês seguinte, para comprar a mesma cesta, ele vai precisar de R$ 101.
O Brasil conta com diferentes índices que medem a inflação. Os principais são o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, a inflação oficial que abrange as famílias com rendimentos mensais entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC, que abrange as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre 1 e 6 salários mínimos). Ambos são medidos pelo IBGE.
Há ainda o Índice Geral de Preços (IGP) calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Por meio do Quadro III é possível observar as altas taxas de inflação no período pós o Plano Cruzado, e anterior ao Plano Real. Em fevereiro de 1990, a taxa chegou a 71%, o que caracteriza uma hiperinflação. Nestas condições, a moeda perde a sua referência. Aqueles que possuíam conta bancária aplicavam o dinheiro em operações diárias, via open - market. Caso o dinheiro não fosse aplicado, o salário recebido no inicio do mês, poderia perder até metade do seu poder de compra, com taxas que chegaram até 46%, como em junho de 1994.
Quadro III – Série Histórica – taxas de Inflação - IPCA
Ano |
mês |
Taxa |
1986 |
2 |
14,98 |
1987 |
2 |
14,11 |
1988 |
2 |
17,65 |
1989 |
2 |
11,8 |
1990 |
2 |
71,68 |
1991 |
2 |
21,11 |
1992 |
2 |
24,79 |
1993 |
2 |
26,51 |
1994 |
1 |
42,19 |
1994 |
2 |
42,41 |
1994 |
3 |
44,83 |
1994 |
4 |
42,46 |
1994 |
5 |
40,95 |
1994 |
6 |
46,58 |
1994 |
7 |
24,71 |
Fonte: IPEADATA
Observe as taxas atuais e os diferentes índices. Lembrando que o IPCA – IBGE é o índice oficial. O IGPM – (FGV), normalmente é usado para o reajuste de aluguéis.
Quadro IV
|
jun/13 |
mai/13 |
Acumulado em |
||
2013 * |
2012 |
12 meses * |
|||
IPCA (IBGE) |
- |
0,37 |
2,88 |
5,84 |
6,50 |
INPC (IBGE) |
- |
0,35 |
3,02 |
6,20 |
6,95 |
IPCA-E (IBGE) |
0,38 |
0,46 |
3,45 |
5,78 |
6,67 |
IGP-DI (FGV) |
- |
0,32 |
1,08 |
8,10 |
6,20 |
Núcleo do IPC-DI (FGV) |
- |
0,41 |
2,45 |
4,81 |
5,24 |
IPA-DI |
- |
0,01 |
-0,18 |
9,13 |
6,07 |
IPC-DI |
- |
0,32 |
2,93 |
5,74 |
5,96 |
INCC-DI |
- |
2,25 |
4,82 |
7,12 |
7,56 |
IGP-M (FGV) |
0,75 |
0,00 |
1,74 |
7,82 |
6,31 |
IPA-M |
0,68 |
-0,30 |
0,59 |
8,63 |
6,10 |
IPC-M |
0,39 |
0,33 |
3,35 |
5,79 |
6,19 |
INCC-M |
1,96 |
1,24 |
5,61 |
7,23 |
7,88 |
IGP-10 (FGV) |
0,63 |
-0,09 |
1,66 |
7,42 |
6,17 |
IPA-10 |
0,43 |
-0,39 |
0,48 |
8,06 |
5,95 |
IPC-10 |
0,39 |
0,39 |
3,49 |
5,73 |
6,08 |
INCC-10 |
2,48 |
0,79 |
5,39 |
7,05 |
7,86 |
IPC (FIPE) |
- |
0,10 |
1,57 |
5,10 |
5,11 |
ICV (DIEESE) |
- |
0,61 |
3,63 |
6,41 |
6,87 |
Obs.: IGP-M 2ª prévia de jun/13 = 0,74% e IPC-FIPE 3ª quadrissemana de jun/13 = 0,30% |
Fonte : FGV, IBGE, FIPE, DIEESE. Elaboração: Valor Data. * Acumulado até o último mês indicado.