
Você já foi calado hoje?

em 16 de Março de 2025
O autor da obra em tela retrata com muita profundidade o papel que a mulher tem (ou deveria ter...) na sociedade.
Trata-se de um poema em versos livres, porém com incrível e apurada organização lógica, em estrofes que variam de dois a quatro versos.
De autoria do renomado poeta romântico francês, Victor Hugo, a expressão poética agora analisada busca resumir em palavras o valor social que a mulher deve deve ter. Pois, é sabido que a mulher muito sofreu para alcançar o espaço que hoje ela tem e que isso só foi possível com muita luta e resignação.
Permeada pelo o que parece ser uma comparação crítica entre o homem e a mulher, a obra literária em estudo traz em seu bojo um sem número de paradoxos e antíteses - que não se opõem, mas, pelo contrário, aproximam o homem e a mulher. Isso pode ser observado no trecho a seguir:
"(...) O homem é o cérebro.
A mulher, o coração.
O cérebro produz luz; o coração, o amor.
A luz fecunda; o amor ressuscita (...)"
Opondo ideias - cérebro x coração; glória x virtude; pensar x sonhar; Terra x Céu - o eu-lírico tenta mostrar seus ideais de, o que poder-se-ia denominar (na falta de um termo mais adequado) "igualdade dos diferentes".
Não se trata de afirmar que a mulher é - ou deva ser - "igual" ao seu sexo oposto. O eu-poemático mostra, por assim dizer, que cada um dos sexos tem seu lugar na sociedade. Não um lugar que exalte um e humilhe o outro ou vice-versa. Mas um lugar merecido a cada um pela sua importância e função - não esteótipo - no mei sócio-político e familiar.
O poema nos remete ainda à questão do tratamento que vem sendo dado à mulher desde os primórdios até então. Este aspecto abrange o que chamar-se-ia de "fábula do sexo frágil" e o perigo da "mulher fatal". Veja:
"(...) O homem é forte pela razão.
A mulher é invencível pela lágrima.
A razão convence; a lágrima comove (...)"
Outro ponto fundamental para essa discussão a que nos propomos é o da aplicação desta obra à vida cotidiana: Será que, na prática do dia-a-dia este poema funciona? Presume-se que não. Pois, muitos caminhos há de se percorrer para se chegar ao ideal almejado por Victor Hugo.
Para terminar este arremedo de análise de tal poema tão complexo, podemos nos deter um pouco nos dois últimos versos que constituem, por certo, o epicentro da obra:
"(...) Enfim, o homem está colocado onde termina a Terra.
A mulher, onde começa o Céu."
O autor, com esse trecho, conseguiu sintetizar o verdadeiro lugar da mulher no contexto social: nem abaixo, nem acima do homem, mas ao seu lado, crescendo juntos através da compreensão e do diálogo e da capacidade de se evoluir dentro de seus sábios mistérios.